Toda a vez que lemos algo a respeito da Gnosis um conceito cujo significado literal é conhecimento ou quando ouvimos falar alguma coisa a respeito dela, geralmente associamos esse conceito àquele de "conhecimento oculto" e designamos pela palavra gnóstico tudo aquilo que é misterioso e por conseguinte oculto ao ser natural grosseiro.
Originalmente a Gnosis era, porém, a síntese da sabedoria primordial, a soma de todo o conhecimento, que dirigia a atenção diretamente para a vida primordial divina, uma verdadeira onda de vida humana divina não terrestre.
Os hierofantes da Gnosis eram e ainda são, os enviados do reino imutável, trazendo para a humanidade perdida a sabedoria divina e indicando a senda única para aqueles que, na qualidade de filhos perdidos, estão desejosos de retornar à patria original.
Essa Gnosis, tal como foi trazida pelos hierofantes-mensageiros, jamais foi escrita.
Ela foi transmitida oralmente, de instrutor a aluno.
Entretanto, nada deve fazer supor que essa transmissão verbal da Gnosis tenha sido, sem mais nada, completa. Havia um contato com o grupo e com o próprio candidato.
Em ambos os contatos era minuciosamente levada em conta a condição espiritual do interessado. Da Gnosis somente era revelado aquilo que era considerado útil
e necessário ao candidato.
Assim, pode-se afirmar com absoluta certeza que nas regiões dialéticas não existe pessoa alguma em quem a Gnosis se tenha revelado em sua totalidade.
Aquele que afirma conhecê-la, não a conhece; e aquele que a conhece, não fala.
Esta é uma lei dos mistérios universais, rigorosamente observada desde que
surgiu a ordem de natureza dialética.
Em consequência do seu egocentrismo e da sua consciência apartada do Espírito, o homem dialético tem a tendência caracterlstica de utilizar aquilo que
pode agarrar e assimilar, em qualquer nível que seja, para o fortalecimento do seu próprio estado.
Conseqüentemente, revelar a Gnosis a tais entidades não contribuiria para a sua salvação, mas sim para a sua definitiva perdição.
Por isso, a Gnosis jamais é revelada em sua plenitude, jamais é transmitida verbalmente em sua integridade, pois são inúmeros aqueles que muito depressa e facilmente assimilam-na mentalmente e, em consequência, ocasionam danos não só a si mesmos, como também a outrem.
Assim, podemos compreender que a revelação da Gnosis é um processo que se desenvolve na mesma medida em que o buscador avança na senda.
A lei dialética "primeiro saber para depois agir" só pode ser aplicada aqui de maneira muito limitada. Para estar em condições de possuir a Gnosis, para poder aproximar-se da noiva celeste, o buscador deve primeiramente agir.
Este agir torna-se então, a cada passo, um ato responsável e inteligente.
Este ato inteligente é observado cuidadosamente.
Os hierofantes jamais poderão ser enganados.
Uma ação pseudo-inteligente é pura especulação, na qual o eu, escondido num
canto, está à espreita; uma ação pseudo-inteligente não passa de uma 'pose, algo teatral, e tal ação é sempre desmascarada.
Como pode um homem, que se extenua na escuridão e na noite, agir inteligentemente e abrir assim o caminho para a Gnosis?
E para auxiliá-lo nesse sentido que os hierofantes têm vindo a nós.
Embora a Gnosis não seja revelada, no entanto fala-se e escrevese a respeito dela.
"Deus amou de tal forma o mundo, que enviou seu Filho unigênito a fim de que aqueles que nele cressem não perecessem, mas alcançassem a vida eterna."
Esse Filho da Luz está presente e trata-se agora de saber se percebeis algo a respeito d'Ele. Perceber algo d'Ele quer dizer: ser tocado por Ele. Ser tocado por Ele significa ter a possibilidade para uma ação inteligente. Isso é crer! Crer jamais significa aderir a um sistema.
A Gnosis vem até vós de acordo com a pureza da vossa intenção de ouvir e da ação espontânea que daí possa resultar.
Da parte da Tradição não é desperdiçada a minima parcela de energia.
Supondo que ouvis um instrutor desconhecido dizer: "O caminho que conduz à Luz é um caminho de saúde, de liberdade e de alegria". Admitamos que esta frase seja pronunciada no templo da