Os Landmarks

LANDMARKS



O termo "Landmark" é encontrado em Provérbios 22:28: "Não remova o marco antigo que seus pais estabeleceram." Nos tempos antigos, era costume marcar os limites da terra por meio de pilares de pedra. A remoção destes pilares causaria muita confusão, pois os homens não teriam outro guia além desses para distinguir os limites de suas propriedades. Portanto, removê-los era considerado um crime hediondo. A lei judaica diz: "Não removerá o Landmark dos seus vizinhos, que eles antigamente estabeleceram em sua herança."

Portanto, os Landmarks são aquelas marcas peculiares pelas quais somos capazes de designar nossa herança. Eles definem o que está sendo passado para nós. No caso da maçonaria, eles são chamados de marcos da ordem. 

  Quais são os Landmarks da ordem? Quais são "essas marcas peculiares pelas quais somos capazes de designar nossa herança maçônica?"

Os Landmarks também são, por definição, intocáveis. "Os Landmarks são aqueles fundamentos da maçonaria sem qualquer um dos quais não seria mais maçonaria", disse o Ir⸫. Melvin M. Johnson, Ex-Grão-Mestre de Massachusetts em 1923.


Talvez o método mais seguro seja restringí-los aos costumes antigos e universais da ordem (Old Charges), que gradualmente cresceram em operação como regras de ação ou foram promulgados  há tanto tempo que não existe nenhum relato de sua origem.

Desta forma, Landmarks são usos e costumes, leis e regulamentos, universalmente reconhecidos, existentes desde os tempos imemoriais, considerados os fundamentais princípios da Ordem. Teve origem da palavra inglesa "land", que significa terra e "mark", marca. Antigamente, era a "marca-limite" de propriedade de terras (Landmark).

O problema é que os Landmarks foram compilados por vários irmãos em vários contextos e segundo visões filosóficas diferentes, resultando em listas diferentes, como por exemplo:

 

·    São somente 3 para Alexandre S. Bacon e Chetwood Crawley;

·    5 para Albert Pike, aceitos por Morivalde Calvet Fagundes e José Castellani;

·   6 para Jean Pierre Berthelon, para Carr e para a Grande Loja de Nova York, tomando por base os capítulos em que se dividem as Constituições de Anderson.

·   7 para Roscoe Pound e o cubano Carlos F. Betancourt, adotados pela Grande Loja da Virgínia;

·   8 para a Grande Loja de Massachusetts, repetindo a relação de Mackey, apenas diminuindo-lhe a numeração;

·   9 para J. G. Findel, aceitos pelo Rito Moderno;

·   10 para a Grande Loja de Nova Jersey;

·   12 para A. S. MacBride;

·   14 para Joaquim Gervásio de Figueiredo;

·   15 para John W. Simons adotados pela Grande Loja do Tennessee;

·   17 para Robert Morris;

·   19 para Luke A. Lockwood adotados pela Grande Loja de Connecticut;

·   20 para a Grande Loja Ocidental da Colômbia;

·    23 para a Grande Loja de Louisiana;

·   25 para Albert G. Mackey e Chalmers I. Paton, aceito pela maior parte da maçonaria Brasileira;

·   26 para a Grande Loja de Minnesota;

·    29 para Henri A. Lecerff;

·    31 para o Rev. George Oliver;

·    54 para H. G. Grant adotados pela Grande Loja de Kentucky.

e a lista segue........ 

Como vemos, fica difícil nos referirmos a uma lista definitiva de Landmarks imutáveis, o que dificulta a conciliação com a própria definição do termo Landmark. A verdade é que até 1858 nenhuma tentativa tinha sido feita  por qualquer escritor maçônico para escrever uma coletânia organizada de Landmarks. Naquele ano, Albert Mackey fez a primeira tentativa, quando publicou "A Fundação da Lei Maçônica" em uma revisão maçônica, onde ele estabeleceu vinte e cinco Landmarks. Posteriormente, publicou a lista em um livro intitulado “Text Book of Maçonic Jurisprudence”.  Talvez por serem uma primeira coletânea, estes vinte e cinco foram geralmente aceitos pelos maçons americanos da época e são hoje pelo Brasil.



“Os princípios fundamentais da antiga Maçonaria Operativa eram poucos e simples e não se chamavam Landmarks.”

Albert Pike 





Segundo alguns autores, para que uma regra ou norma seja considerada Landmark tem que reunir em si vários requisitos:

  • Antiguidade, isto é, deve existir desde um tempo imemorial. Por isso, se hoje as Autoridades maçônicas pudessem reunir-se e decretar juntas uma lei universal, esta não seria absolutamente um Landmark;
  • Espontaneidade e generalidade, isto é, o Landmark não tem autor conhecido, não se origina de nenhuma autoridade pessoal, só é Landmark todo uso universal, de origem desconhecida;
  • Invariabilidade e irrevogabilidade, isto é, todo Landmark é inalterável;
Ora, considerando-se esta visão, a adoção canônica de um conjunto de Landmarks sobre o outro seria naturalmente inválida, pois estaria dando à este ou aquele autor, a condição de "profeta" da maçonaria.

Com isso, os Landmarks constituem, na verdade, um problema de difícil aplicação, além disso  nenhuma relação de Landmarks chegou a ser publicada com unânime aceitação. Filosoficamente talvez se devesse usar os princípios das Old Charges ou os conceitos mais abertos das listas mais curtas. Na prática, deve-se seguir o conjunto adotado pela sua obediência, ficando o resto para fins de estudo e meditação


 “Evidentemente, o problema dos Landmarks continuará sem solução possível, e de nada irá adiantar a melhor definição ou a melhor compilação apresentada, porque sempre será um trabalho estabelecido sobre a areia. Como já tivemos oportunidade de dizer para nós, os Landmarks, e particularmente os de Mackey, que obtiveram o maior sucesso, representam, ou para melhor dizer, pretenderam representar dentro da Maçonaria o mesmo papel que as Falsas Decretais desempenharam, outrora, dentro da Igreja Católica.”

Nicola Aslan


Para os maçons que adotam os Landmarks, esta palavra tem o mesmo sentido que na Bíblia; isto é, expressa a ideia de um grande rochedo sagrado e inamovível.

Por outro lado, não devemos esquecer que os próprios artigos da “Constituição” de 1723, dita de Anderson, e muito especificamente o primeiro artigo, foram várias vezes alterados pela Grande Loja da Inglaterra. E mais do que isso, apesar da referência para a observação dos Landmarks, estes nunca foram definidos por aquela Grande Loja. Assim, em seu “Freemasons Guide and Compendium”, Bernard E. Jones escreve:


“Seria impossível, portanto, alguém dogmatizar em matéria em que a Grande Loja não fez qualquer pronunciamento, e em que os Maçons com experiência não podem concordar. 

O que, com muita prudência,  a Grande Loja de Inglaterra não quis definir, alguns autores trataram de fazê-lo."

Bernard E. Jones


Conclusão

Com este artigo não desejamos "derrubar" ou diminuir a importância dos Landmarks. Nossa instituição necessita de um conjunto de parâmetros para se guiar. Todavia, temos de lembrar de sermos sempre livres e de bons costumes, e para ser livre é necessário pensar livremente e, para tal, é necessário conhecer.
É necessário saber que não existe "A" coletânea de Landmarks. Saber que cada uma delas tem sua perspectiva única e que nenhum deles é definitivo ou "sagrado". 
Apesar de a palavra "Landmark" reportar algo perene, a verdade é que não se chegou a um consenso. Assim, cada um deve seguir aquela que sua obediência simbólica elegeu, seja uma das listas clássicas, seja uma elaborada pela própria obediência (como a Grande Loja de Minessota fez). 
Enfim, não existe uma lista sagrada cujo cumprimento exima nossa consciência de avaliar os valores envolvidos, decidir e arcar com as consequências; afinal somos Livres e de bons costumes.


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