Eficiência e qualidade de vida.
Neste início de Ano-Novo, todas as pessoas começam a fazer suas propostas e seus projetos para o ano que se inicia. Em geral, todos querem buscar uma maior eficiência, querem fazer mais, querem fazer melhor. A verdade é que a nossa cultura, especialmente após a revolução industrial, preza muito por fazer muitas coisas, muito rápido e com poucos recursos. Se no campo comercial/industrial esse tipo de conduta é a chave do sucesso, no campo pessoal talvez não seja bem assim.
A verdade é que, com urbanização e a aceleração cotidiana, a real qualidade de vida das pessoas caiu. Nós não estamos aqui falando de uma pequena queda, mas de um aumento significativo, seja das doenças da mente, seja do número de suicídios. O aumento dos casos de depressão, TOC e outros transtornos de ansiedade são a prova de que algo em nossa maneira de viver não está certo. Se para um lado, num artigo tão pequeno, não ousamos dar a solução para a sociedade humana na atualidade, por outro, acreditamos que podemos levar luz a pelo menos um ponto que contribui com este problema.
Ser mais eficiente nos garante mais
recursos e mais tempo livre, isso em si seria muito bom. A questão é o que
fazemos com este tempo. Penso que movidos pelos estímulos consumistas da
sociedade, acabamos por empregar este tempo e estes recursos em busca de
mais "ALGO". Esta lacuna pode ser preenchida com muitas coisas, mais dinheiro,
mais status, mais reconhecimento, você escolhe.
Mas será que estamos escolhendo direito?
Por mais que realizar nos dê satisfação, de nada adianta se você nem mesmo tem tempo para usufruir e contemplar a sua realização. Hoje a correria da humanidade é tal que na maioria dos países desenvolvidos as famílias estão cada vez menores, com o número de filhos por mulher abaixo da taxa de reposição. O mais triste é que isso é feito em nome da falta de tempo e da necessidade de ter mais recursos (dinheiro). Assim, esta velocidade da vida atual está adoecendo não apenas as pessoas individualmente (depressão, obesidade etc.), mas a sociedade humana como um todo (diminuição de populações, violência etc...).
Outro sintoma claro deste desequilíbrio, foram as crises de relacionamento familiar que surgiram na pandemia. Questões que poderiam ser resolvidas na convivência normal, se viram concentradas pelo confinamento, pois vinham sendo simplesmente negadas ou esquecidas nas rotinas aceleradas.
Com a velocidade deste suposto progresso, estamos esquecendo do nosso lado espiritual (ou psicológico, se você preferir). Dedicamos a maior parte da nossa vida pelo material, pelo fugaz e depois não entendemos porque continuamos com uma sensação de insatisfação, de insegurança. Não compreendemos porque tantos problemas familiares e tantos conflitos sociais.
De forma alguma estamos aqui advogando pela ineficiência ou pela preguiça. Todavia, defendemos o equilíbrio. Parece-nos claro que nossa sociedade, em especial após a revolução industrial, pendeu demais para um lado e agora estamos necessitando retomar o centro ou pagaremos (se é que já não estamos pagando) com nossa saúde e nossas famílias.
Como já dissemos, não pretendemos solucionar a sociedade neste pequeno espaço, mas queremos
Será que eu quero mais jogar tênis com
meu filho ou atender mais três pacientes por semana e trocar de carro todo o
ano com este dinheiro?
Vou fazer hora extra no escritório ou
vou reservar um tempo para ler a bíblia (ou qualquer material edificante que você
escolha) e meditar sobre isso?
Estes
exemplos são completamente aleatórios, mas estou certo de que você pode
imaginar uma situação que se aplica a você.
Assim sendo, meu desejo de ano novo é que
você possa tomar resoluções que melhorem sua condição de vida não apenas no material,
mas no seu interior. Qualidade de vida não é nada supérfluo, é a SUA vida.
Assim, quando for planejar seu calendário ou preencher a sua lista de tarefas
para o ano lembre-se que contemplar e socializar são parte essencial da vida. Use os recursos da tecnologia a seu favor e não como forma de se estressar ainda mais.
Autor: Paulo Maurício M. Magalhães