Rito de York vs. Rito Inglês
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Tem sido afirmado que “um Rito na Maçonaria é uma coleção
de graduações ou graus sempre fundados nos três primeiros graus.” Esta
definição é totalmente enganosa, e constitui um grave erro chamar de “Rito
Americano”, o “Rito de York” conferido nos Estados Unidos.
Com a finalidade de adicionar “mais luz” ao assunto, podemos
afirmar que nos Estados Unidos existem dois Ritos Maçónicos conhecidos como
Rito de York e Rito Escocês Antigo e Aceito.
Ambos são nomes equivocados, se o nome do Rito se destina a
indicar o seu parentesco ou lugar de nascimento. O Rito de York não nasceu na
antiga cidade de York, nem o Rito Escocês Antigo e Aceito foi gerado na
Escócia.
O chamado Rito de York é o resultado de uma evolução na
Inglaterra do Craft Operativo de um Grau de 1717, para um sistema de seis ou
mais graus, conforme é praticado atualmente nos Estados Unidos, Canadá,
Inglaterra, Escócia e Irlanda. O Rito Escocês evoluiu do Rito de Perfeição de
25 graus, com a adição de mais oito em Charleston, Carolina do Sul em 1801,
onde o Supremo Conselho Matriz foi formado.
O que se entende pela palavra Rito? Um Rito é definido como
“Um costume de prática de um tipo formal; um procedimento formal de uma
observância religiosa ou solene”. Mas, tal procedimento religioso ou
observância solene deve ter um fim ou propósito definido. Ele deve ter uma
ideia objetivo. Uma ideia central que a cerimónia do processo se destina a
transmitir. A cerimónia pode ser breve ou volumosa, simples ou ornamentada, mas
a ideia central deve ser mantida e alcançada, como acontece no Rito do
Baptismo, no Rito de Casamento, no rito do Santíssimo Sacramento, etc.
A ideia central ou pivô em torno do qual todas as cerimónias
maçónicas ou Graus deve girar é a Perda, a Recuperação e a Interpretação da
Palavra de Mestre. Esta ideia objetivo deve ser o núcleo de um sistema de
Graus, e sem o que nenhum sistema de Graus pode ser chamado de Rito.
Qualquer série de Graus, embora intimamente ligados, que não
contenha a ideia central de Perda, Recuperação e Interpretação não pode ser
chamada de um Rito Maçónico. Esta é a ideia objetivo ou pivô do chamado Rito
de York. O número de Graus num rito é meramente eventual. Não importa se há
três ou 33 graus, desde que a ideia central, o fim de todo simbolismo maçónico
esteja presente.
A Perda e Recuperação, com uma Interpretação positiva, ou a
Perda e Recuperação, com uma Interpretação geral ou individual, é a própria
essência de um Rito.
A perda é simbolizada nos Graus do Craft ou Loja, a
Recuperação é simbolizada no Arco Real.
No Rito de York, a interpretação do simbolismo do Arco Real
é deixada para a interpretação individual do Maçom do Arco Real, ou ela
encontra a sua interpretação positiva e especial à luz da nova graduação,
conforme ensinado na Ordem Maçónica da Cavalaria Cristã.
Os Três Graus de Loja Azul ou Craft, o Real Arco, e as Ordens Unidas dos Cavaleiros do Templo e de Malta são os graus essenciais do Rito de York. Os graus de: Mestre de Marca, Past Master, Mui Excelente Mestre, Mestre Real, Mestre Escolhido e a Ilustre Ordem da Cruz Vermelha não são essenciais, nem essencialmente necessários para o Rito de York, mas eles são de grande ajuda na elucidação do simbolismo da ideia central do Rito e eles adornam e ampliam o Rito. Os Graus de Loja, o Arco Real, e as ordens maçónicas de Cavalaria Cristã constituem o chamado “Rito de York”. Eliminar o Real Arco seria como remover a pedra fundamental de um arco, e todo o tecido se esfacelaria e cairia.
Em essência, o Rito de York é o mesmo nos Estados Unidos que
é em cada província ou país do Império Britânico; por outras palavras, é
essencialmente o mesmo no mundo anglo-saxão. Mas cada país tem o seu próprio
sistema. Nos Estados Unidos, ele consiste de sete graus e três Ordens; no Canadá,
de seis Graus e três Ordens, embora o Canadá tenha adicionado os
excelentíssimos graus no Capítulo e a Cruz Vermelha da Comanderia para
harmonizar, com a finalidade de visitação com os Estados Unidos; na Inglaterra,
ele consiste em quatro Graus e duas Ordens; na Irlanda, de cinco Graus e duas
Ordens; na Escócia, o sistema se parece bem de perto com o da Irlanda. O grau
excelentíssimo é desconhecido no Império Britânico, exceto no Canadá; na
Inglaterra, o grau de Mestre de Marca está sob o controle de uma Grande Loja de
Mestres Maçons de Marca.
Note-se que nos países mencionados, o número de Graus no
Rito varia, mesmo que os Graus tenham o mesmo nome, eles variam nas cerimónias
de apresentação da mesma verdade. O Grau de Mestre na Pensilvânia varia muito em
relação ao mesmo Grau nos outros Estados, embora seja simbolicamente o mesmo. O
Arco Real nos Estados Unidos é mais dramático na sua forma do que o da
Inglaterra e Canadá, ainda que essencialmente seja o mesmo.
A Ordem do Templo no Ritual Inglês é breve; no Ritual
Canadense é mais elaborada e tem as suas características militares; nos Estados
Unidos, ela é mais prolixa, possivelmente mais ornamentada e dramática, mas é
essencialmente a mesma em todos estes países.
Os Rituais da Ordem de Malta nesses países são tão
semelhantes que uma pessoa que esteja familiarizada com um pode facilmente usar
o outro; mesmo um observador casual pode ver facilmente que este assim chamado
“Rito de York”, em essência é o mesmo em todos os lugares onde a língua inglesa
é falada. A Concordata adoptada em 1910 pelos Poderes do Templo do Mundo,
sublinha este grande facto.
O nome “Rito de York” é um erro indesculpável, pelo menos um
erro lamentável. Nunca existiu um Rito de York. Não é necessário entrar em
qualquer discussão sobre as reivindicações da Grande Loja de York ou um sistema
York de Maçonaria, pois a questão foi resolvida além de qualquer controvérsia.
O nome “Rito de York” é uma herança dos antepassados da Maçonaria nos Estados
Unidos, que eram mais hábeis em alterar o ritual do que na história da
Maçonaria. Isto torna-se especialmente evidente, quando se lembra que a efémera
Grande Loja de York jamais forneceu carta constitutiva a qualquer loja na
América. A Maçonaria dos Estados Unidos começou com a Grande Loja Provincial de
Massachusetts, então sob a Grande Loja da Inglaterra (Modernos), com Price como
Grão Mestre. A Grande Loja de Inglaterra (Antigos) e a Grande Loja da Escócia
emitiu cartas constitutivas para lojas na América, e é razoavelmente possível,
que antes da união das duas Grandes Lojas da Inglaterra, o Arco Real e as
Ordens Maçónicas de Cavalaria Cristã eram conferidos neste País pelas Lojas
militares ligadas aos Regimentos irlandeses estacionadas nas colónias. Para
resumir tudo, o nosso chamado Rito de York é o Rito Inglês vestido com roupas
mais fantasiosas.
O nome “Rito de York” deveria ser eliminado e substituído
pelo nome de Rito Inglês. Tendo em consideração os factos precedentes quanto ao
que constitui um rito, nós, nos Estados Unidos estamos praticando ou formulamos
um sistema americano do Rito Inglês; não um Rito Americano como é frequente e
erroneamente chamado, mas um sistema de Graus do Rito Inglês; que deveria ser
conhecido como o Rito Inglês, ou Rito anglo-saxão.
F. Kuhn
Tradução de José Filardo
Fonte • The Builder – November 1916
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Publicado em: http://www.masonicdictionary.com/yorke.html