" Eis algo que vale a pena ser aprendido: perdoar. Perdoar aos outros e a nós mesmos por nos deixarmos contaminar por pensamentos e energias negativas, por carregarmos ao longo do tempo peso e correntes inúteis que não nos deixam livres para viver com leveza nossos propósitos de alegria e fraternidade, sem julgamentos e com amor.
Talvez o maior obstáculo ao perdão seja a dúvida que carregamos a respeito do nosso próprio valor, talvez o que nos impeça de passar por cima das ofensas seja o fato de não nos amarmos a nós mesmos e não nos respeitarmos o suficiente. Na verdade é nosso próprio desamor que nos fragiliza e machuca e não o do outro. A ação do outro apenas nos remete a esse sentimento, mas é esse sentimento pessoal que precisa de cura, é a nós mesmos que precisamos ofertar nosso perdão. Talvez nossa criança interior precise de nossa atenção e nem a estejamos percebendo. A ela precisamos pedir perdão e resgatar a amizade que nos faz mais fortes e mais confiantes. Claro que perdoar não quer dizer, absolutamente, concordar com o ofensor ou aprovar o que ele fez, mas quer dizer que damos a nós mesmos suficiente importância e valor para não ficarmos presos ao que nos acontece, quer dizer que nos respeitamos e amamos o suficiente para não nos deixarmos envenenar pelas atitudes dos outros. É como dizer ao ofensor, desculpe, mas eu não posso perder tempo com isso, não posso gastar minha energia reagindo a isso, há coisas muito mais importantes a fazer e às quais dedicar minha atenção. Preservemo-nos, claro, é legítimo. Se é saudável manter uma distância de segurança, tudo bem, que seja! Mas não deixemos de viver, dentro de nós, conectados à energia do amor. Se para isso for preciso enfrentar o medo de nos sentirmos bobos, que o enfrentemos.Se for preciso quebrar algumas crenças e paradigmas dentro de nós, que os quebremos. Só assim encontraremos a verdade de que bobo mesmo é o que não se permite ir além da raiva e da decepção que sente, para ver que nada nem ninguém é maior que a paz de se sentir livre e forte para amar. Uma vez li que o que mais nos machucava não era a "ofensa" mas o fato dela interromper, atrapalhar o fluxo do amor dentro da gente, impedindo-nos de querer bem ao ofensor, como se fôssemos nos trair ao querer bem quem nos ofendeu. Mas não se trata disso. Se nos apropriarmos da consciência de que somos maiores do que aquilo que nos no acontece, do que os desgostos, as rejeições, as injustiças e, principalmente, maiores que nossos egos, se formos capazes de reconhecer em nós a existência de Deus, então, saberemos também que só estaremos realmente nos traindo quando deixarmos de dar passagem ao sentimento de amor que precisa fluir através de nós, entre nós, por todos nós. É o bloqueio dessa energia amorosa que nos limita, nos sufoca e nos adoece. Então, deixa o ofensor para lá, melhor é agir de acordo com esse coração naturalmente amoroso dentro de nós. Não importa que o outro "não mereça", não é exatamente por ele que vale a pena seguir identificados com o sentimento de amor, é por nós mesmos, pelo nosso bem estar, pelo nosso desejo de viver bem, pelo nosso compromisso com o melhor de nós, com os nossos sonhos, com a vida e com Deus. Nem importa o que os outros pensem, importa é que assim estaremos nos respeitando muito mais, não nos deixando contaminar com energias que não merecem fazer morada na nossa existência. O melhor mesmo é que assim seremos coerentes com nossos propósitos de dar mais valor ao coração, mais valor ao nosso espírito, à nossa alma, ao que faz sentido. A ofensa, perto do valor de tudo isso, é o de menos. O mais importante é a essência de que somos feitos: energia divina e luminosa, fonte de amor, incompatível com outras energias negativas. Uma ofensa, saibam, nunca será capaz de colocar em jogo tudo isso. Nós somos os responsáveis por nossa energia, se a queremos saudável e identificada com as virtudes, com a serenidade e com o amor é neles que devemos colocar o foco e toda nossa atenção, dandos-lhes o valor maior que de fato possuem. Precisamos alcançar isso. Precisamos desse aprendizado. Precisamos ser exemplos para os que vem depois de nós, precisamos agir, trabalhar com nós mesmos, nos superar, pois amar, lembrem-se, é um VERBO." |