O Espelho, ver o nosso defeito no outro incomoda muito
Acho que a maioria das pessoas já ouviu dizer que, quando temos algo que não aceitamos em nós, e vemos esse defeito em outra pessoa, isso nos causa um incomodo intenso. E muitas pessoas vão externar esse incomodo atacando o outro, criticando, julgando.
Há quem fale até que tudo, absolutamente tudo, que você não gosta em outra pessoa, tudo que você critica, é exatamente um defeito que você tem. O outro é apenas um espelho seu, refletindo o que você não gosta em si mesmo.
Esse é um ponto de vista interessante. Acredito que a necessidade de criticar e julgar o outro, nem sempre é porque carregamos o mesmo defeito, mas certamente está diretamente ligada a questões de autoestima que nós temos. Já escrevi um texto que fala sobre "O que nos leva a falar mal dos outros":
A necessidade de se elevar, de se sentir superior levando a uma irresistível vontade de falar dos defeitos alheios como se disséssemos "eu sou melhor do que fulano que tem tal defeito".
Quero também dizer que quando eu escrevo esses textos e falo sobre esses temas, me baseio em análises que faço do meu próprio comportamento inclusive, dos meus defeitos, e não só de defeitos de clientes e outras pessoas. Algumas pessoas lêem o que eu escrevo, e as vezes tem a impressão de que tenho algo de mais elevado ou "espiritualizado" por enxergar essas coisas. Impressão equivocada...
Mas vamos voltar a teoria do espelho. Certamente é verdade que quando vemos o nosso defeito no outro, o incômodo é grande.. Ainda mais quando esse defeito está semi consciente ou inconsciente, ou quando é algum defeito que tentamos reprimir, mas que no nosso intimo está latente. Hum... quando vemos no outro, sentimos raiva, vontade de falar mal, pensamentos de julgamento vem a tona. Algumas pessoas expressam, outras não.
Vemos uma pessoa muito julgadora, e aí falamos: fulano é muito critico, muito julgador. E o que estamos fazendo ao fazer esse comentário? Julgando e criticando, exatamente o defeito que apontamos no outro.
O que não gostamos no outro, certamente revela coisas muito importantes a nosso respeito. Sempre que estou aplicando terapia de EFT em alguém, pergunto aos clientes as pessoas que mais a incomodam. Nossa! Como surge material para trabalhar, que revela defeitos do cliente que ele não aceita, alem de varias outras questões de autoestima.
O interessante é que alguns clientes falam "mas eu não quero falar de fulano, ou tratar fulano na terapia". Sentem como se fosse uma perda de tempo. Estão pagando para "tratar" de outra pessoa. Mas o que sempre explico é que, falar do outro é falar de si mesmo. Você está na verdade, falando dos sentimentos que VOCÊ SENTE ao falar do outro. Então, estamos tratando 100% você, e não a outra pessoa.
Tive um exemplo assim recentemente. A cliente falava sempre da sogra: ela é julgadora, desdenha dos outros, acha que sabe tudo e etc.... Ela tinha resistência em falar dela durante a sessão de EFT, pois sempre dizia sentir como se perdesse tempo, que valia a pena "falar dela".
Depois de tratarmos a raiva em várias sessões, ela mesma chegou a conclusão e falou "nossa, tudo isso só eu que carrego: eu sou julgadora, eu desdenho, eu acho que sei de tudo...". Fico bem claro e consciente teve um efeito terapêutico excelente.
E como é difícil lidar com pessoas difíceis, e como é difícil lidar com a critica. Essas situações e pessoas trazem a tona nossos defeitos mais profundos. Por isso é tão importante dar atenção ao que você sente ao lidar com essas situações. Se você sentiu algo de negativo, se você se incomodou, então o problema é seu, e não do outro, (mesmo que a pessoa tenha criticado você ou tenha sido desagradável). Ai você revida, e outro se sente incomodado – também é problema dele, de autoestima, por isso que se incomodou.
Vejam este caso que ocorreu comigo recentemente. Uma pessoa leu um texto meu e eu recebi este email que dizia assim:
"André Lima - EFT Practitioner, Terapeuta Holístico, Mestre de Reiki e Engenheiro"
Meu caro André Lima
Para quê, ou melhor, por quê, o inglesismo "Practitioner" no meio de tanto portuguesismo – terapeuta, Mestre de..., engenheiro?
É MANIA MESMO DE SE METER A "BESTA" COMO SE DIZ AQUI NO CEARÁ.
HAJA COERÊNCIA NO QUE SE ESCREVE…
E O SENHOR NÃO DEMONSTRA QUALQUER COERÊNCIA…
HAJA TAMBÉM PACIÊNCIA PARA TANTA PETULÂNCIA…
Um leitor atento
(nome suprimido)
PS. – minha mulher está aqui a segredar-me que isso é "coisa de gentinha"…E é…e é…"
Pois bem, o que leva alguém a criticar outra pessoa assim? Dificil ter certeza. Mas respondi:
"Olá,
Certamente, algumas pessoas devem me julgar por vários motivos: minha gramática e ortografia é imperfeita, meu jeito de escrever não agrada a 100%, e outras coisas mais...
O mais importante, no meu ponto de vista, é o trabalho que eu faço, e que a maioria das pessoas sentem-se satisfeitas, dão um retorno positivo dos textos, e do trabalho terapêutico que faço. E é isso que me move cada vez mais. Julgamentos e criticas, sempre vão existir. E quanto mais o meu trabalho cresce, maior a chance de receber um email como esse seu. Mas isso faz parte.
Me pego muitas vezes julgando outras pessoas, e quando percebo, em parte são meus defeitos que estou projetando no outro e por isso que me incomodo.
Talvez, tudo que vc esteja dizendo e vendo a meu respeito (sem me conhecer nem um pouco), sejam defeitos que vc tem e não gosta em vc – petulância, metido a besta, julgador (quando fala de forma tão pejorativa "coisa de gentinha") e etc... ou talvez não... Vou aproveitar e escrever um texto sobre esse tema.
Obrigado por compartilhar sua opinião.
Abraços,
André"
Bem, o que acontece é o seguinte. O leitor, por questões próprias de autoestima, ou sei por lá quais motivos que não me cabe julgar, tem a necessidade de mandar um email desagradável. Eu leio o email, e como também tenho minhas questões de autoestima, me sinto incomodado, com raiva e com vontade de dar uma resposta (uma lição).
Mas por que isso? Se eu estiver 100% seguro de mim mesmo, não deveria sentir nada. Iria apenas observar, ler, e aceitar o que foi dito sem que isso me incomodasse. E se fosse assim, talvez eu nem respondesse nada, ou quem sabe (como costumo responder a todos os emails, sejam críticos ou não), eu poderia concordar em parte com ele sobre a uso de estrangeirismos titulos e nomes, que talvez aquilo denotasse uma insegurança minha. Ponto final.
Depois desse email ele me respondeu, mais suave, reconhecendo algo, mais ainda também com certas criticas... Enfim resolvi então escrever apenas me desculpando pela forma como respondi a primeira vez, que também certamente foi julgadora (apesar de ter sido uma resposta suave) e no intimo tinha uma intenção de provar algo, dar uma lição, fazer o outro ficar com raiva também.
Bem, e o que tudo isso ensina? Quando não gostamos de alguém, quando falamos mal de alguém, o quando nos sentimos incomodados com o jeito de ser, escrever, olhar, ou com comentários e criticas, isso significa, 100% das vezes, que o problema está em nós mesmos, na nossa autoestima. Talvez sejam defeitos que a gente tenha, talvez estejamos inseguros do que somos, talvez estejamos com inveja, ciúmes, etc... Ou seja, se você se incomodou, quem precisa se trabalhar, é você! Pra tudo isso, tem EFT pra ajudar.