Reformando os Deuses

 Reformando os Deuses

Tradução e adaptação de :Universal Freemasonry


Eu estava participando de um grupo de estudos de Livros Esotéricos na semana passada quando ouvi a frase "reformando os deuses". Já ouvi, muitas vezes, sobre como Deus nos reforma, como a teologia pode ser reformada, mas não sobre como os humanos reformam os deuses. Parecia arrogância, para mim. O que se quer dizer quando dizem que "alguém está tentando reformar os deuses?"

Reformar algo é desmontá-lo, peça por peça, e usar o material para criar alguma nova forma, alguma nova “coisa” que é ostensivamente melhor do que a velha “coisa”. Reformar os deuses, em termos mais simples, é pegar o que nós sabemos de nossos deuses e criar algo novo a partir de suas formas, de sua essência. Isso não parece uma tarefa fácil. Estamos remodelando tudo o que entendemos sobre os deuses, ou Deus, e transformando isso em algo que achamos melhor. Novamente, arrogância.

A questão é: como o ser humano reforma seus deuses? Talvez a simples devoção se transforme em fanatismo radical. Talvez o façam por meio de sua própria interpretação errônea dos costumes, práticas e dogmas da religião ou da sociedade, formando as regras para se submeter à sua vontade. Seus desejos. Eles misturam a ideia da vontade divina com a sua, buscando fundi-los, ou buscando justificá-los? 

Joseph Campbell, em O Herói das mil faces , na seção sobre Iniciação, afirma:



Os cultos totêmicos, tribais, raciais e missionários agressivos representam apenas soluções parciais para o problema psicológico de subjugar o ódio pelo amor; eles iniciam apenas parcialmente. O ego não é aniquilado neles; em vez disso, é ampliado; em vez de pensar apenas em si mesmo, o indivíduo passa a se dedicar a toda a sua sociedade. O resto do mundo ... é deixado fora de sua simpatia e proteção porque (está) fora da esfera e proteção de seu Deus. E aí ocorre, então, aquele divórcio dramático dos dois princípios de amor e ódio que as páginas da história tão abundantemente ilustram. Em vez de limpar seu próprio coração, o fanático tenta limpar o mundo.


Ao pensar sobre isso, me pergunto se a maneira como os humanos usam a linguagem para expressar seus pensamentos afeta nossa teologia da mesma forma que a linguagem, a biologia e a cultura estão intrinsicamente ligadas. Podemos pensar que há evolução da biologia, mas não há evolução da cultura também? E se ambos estão evoluindo, nós, como humanos e como parte dela, estamos evoluindo a linguagem para acompanhar o ritmo. 
Faz sentido que nossa teologia evolua para sobreviver. Certamente é a adaptação que faz com que prevaleça a melhor  linhagem, não apenas a perseverança. Ainda assim, a evolução vem em muitas formas, e sabemos que as espécies evoluíram até a extinção: não por sua própria vontade, mas pelos veículos de adaptação a ambientes hostis e temporários. Os extremos não podem durar.

A Maçonaria, de algumas maneiras estranhas, não se rendeu a essa adaptação de cultura e linguagem; no entanto, de certa forma, sim. Temos a empoeirada Maçonaria de outrora, que contém as formas
rituais inalteradas desde tempos imemoriais. É o ritual mantido imaculado, os antigos ornamentos mantidos  brilhantes e apenas o mais breve sopro de questionamento fora dos monitores e rituais mencionados. É uma Maçonaria sólida em suas raízes, mas não tem nada acima do solo onde a Luz possa brilhar sobre ela.

Então temos uma Maçonaria que está à beira de algo maior do que seus antecessores. Assim como a evolução, as instituições acompanham a cultura. Nesse sentido, a Maçonaria é global. É fundamental que a Maçonaria use símbolos para se comunicar - uma linguagem global. Ela foi levada a muitos lugares por maçons viajantes, estabelecendo Lojas onde quer que cheguem. Não pode deixar de ser global, e até mesmo a “velha” empoeirada Maçonaria é global. 

Isso significa que deve evoluir pela pressão da evolução cultural global. Do contrário, segue o caminho do dinossauro - lembrado em poços de alcatrão e tanques de gasolina, museus e sítios históricos. Ele se tornará a espinha dorsal de uma nova Maçonaria que busca viver de acordo com seus elevados objetivos de tolerância, solidariedade, igualdade e liberdade para todos os seres humanos. Isso inclui pessoas de todas as raças, credos, e idades. 

As virtudes básicas da Maçonaria dizem respeito à qualidade da pessoa, não a essas características humanas divisivas. Esta é uma Maçonaria que está se construindo sobre as raízes do antigo, avançando pela terra e começando a crescer ao sol.

Campbell no mesmo capitulo nos afirma:


Uma vez que tenhamos nos libertado dos preconceitos de nossa própria interpretação eclesiástica, tribal ou nacional provincialmente limitada dos arquétipos do mundo, torna-se possível entender que a iniciação suprema não é aquela dos pais maternais locais, que então projetam agressão sobre os vizinhos para sua própria defesa. A boa notícia, que o Redentor Mundial traz e que muitos ficaram contentes em ouvir, zelotes em pregar, mas aparentemente relutantes em demonstrar, é que Deus é amor, que Ele pode ser e deve ser amado, e que todos sem exceção são seus filhos.


As armadilhas do dogma religioso são “armadilhas do orgulho” que são mantidas “paralelamente” às principais virtudes da mensagem. No entanto, nós, humanos, lutamos contra isso. Lutamos todos os dias para interpretar, e interpretar mal, o significado do texto filosófico e religioso, agarrando-nos ao que o Dr. Wayne Dyer chamou de “uma zona errônea” que inibe a forma como funcionamos na vida. Não podemos pensar de forma diferente e quando a mudança chega, a mudança adaptativa para fluir com a evolução, nós hesitamos.

Algumas das Lojas Maçônicas, na onda da pandemia COVID-19, alteraram seus formatos. Outras simplesmente fecharam durante o período, pois seus membros corriam um risco maior do que a média da população. Outros passaram a fazer sessões de estudo online independentes, pontuais, e outras fizeram podcasts e lives. Estas são algumas boas adaptações, são uma evolução criada pela população mais jovem e mais experiente em tecnologia. Aqueles que estão em contato com as mudanças culturais.

Outras Lojas e Ordens se adaptaram ainda mais. Rituais curtos foram criados para algumas reuniões de Loja que, embora não fossem reuniões regulares, reuniam todos em uma teleconferência para discutir ensaios e escritos relevantes. É “a forma resumida” de uma reunião que mantém a consistência e ainda se adapta às necessidades do mundo. 


Os irmãos ainda compartilham conversas fraternas, amor fraternal e algum alívio para as doenças que nos cercam. As palestras filosóficas maçônicas, para um grupo, passaram de presenciais para online, com uma participação ainda maior - até 100% mais indivíduos registrados do que em reuniões anteriores. A discussão e o debate são animados e estimulantes, permitindo que as pessoas levem mais ensinamentos do que tinham no início da reunião. Isso não substitui o ritual da Maçonaria nem a necessidade de integração da mente, corpo e espírito na forma da Maçonaria. É a adaptação para sobreviver, para prosperar, em um mundo de medo, caos e mudança.

Não vejo que uma Maçonaria que se adapta e flui com as necessidades do mundo seja uma Maçonaria tentando reformar seus deuses. Pelo contrário; é garantir que a Maçonaria não seja um dogma, que ela não seja algo estático coletando a  poeira do tempos, o que garantiria sua morte. 

Temos que permitir a mudança e  a evolução, do contrário estaremos destinados a cair ao extremo, e então murchar e morrer. Não. Às vezes, é preciso uma pandemia para acordar, mudar o caminho em que estamos e tentar algo novo. É uma mudança cuidadosa, lenta mas progressiva, que mantém o bombeamento do sangue e o crescimento das células. Talvez sejam as células e o sangue que instigam a mudança, ao estilo darwiniano, para criar a nova cultura. Não é necessário um prodígio de lógica para descobrir que precisamos nos adaptar para não morrer.

A  velha Maçonaria está morta. Viva a Maçonaria!


Traduzido por:  P. Maurício M. Magalhães - MM - MRA - FRC

Expansão e queda

 Expansão e queda: Porque a maçonaria dos EUA segue em declínio.


Traduzido de Masonic inprovement


Sinto a necessidade de iniciar este artigo com um aviso e garantir aos meus leitores que não é minha intenção ofender ninguém com o conteúdo desta postagem. Dito isso, embora eu esteja extremamente hesitante em até mesmo escrever este artigo, não me sinto culpado por apresentar os fatos como os vejo.

O fato é que este não é um artigo que eu quero escrever, é um artigo que sinto que devo escrever

Recentemente, tive algumas conversas com alguns irmãos sobre a direção que nossa fraternidade parece estar tomando, o que realmente me fez pensar. É verdade que conversas sobre esse assunto não são incomuns em nossa fraternidade e qualquer irmão que tenha sido membro por algum tempo na América do Norte ouviu ou participou de uma delas.

Fique tranquilo, não é minha intenção mergulhar nos dados relativos às nossas estatísticas de membros e fazer previsões sobre o que está por vir para a Maçonaria. O Ir..Lance Kennedy já cobriu os números extensivamente com seu artigo “A Maçonaria está morrendo” e, neste ponto, não há necessidade de reafirmar o que já foi trazido à luz. Minha análise deste artigo pode ser encontrada aqui se alguém estiver interessado em para onde eu acredito que a fraternidade está indo.

O que quero expor neste artigo é por que acredito que esses números ainda estão em declínio. Em outras palavras, sabemos o quê, agora vamos descobrir o porquê.

Infelizmente, isso pode deixar algumas pessoas chateadas.

Agora peço sua atenção para o gráfico abaixo. Usando os dados fornecidos pela Associação de Serviço Maçônico da América do Norte, podemos traçar um gráfico que nos dá uma ideia geral de como as tendências do número de membros em nossa fraternidade  na América do Norte se comportaram  desde 1924.
Como você pode ver, o número de associados atingiu o pico em 1959 e está em declínio constante desde então.


Antes de seguirmos em frente, vamos ver o que sabemos: a Geração Silenciosa se juntou à nossa fraternidade em grande número em meados do século passado, o que causou o aumento de membros refletido no centro do gráfico.

Assim que os Baby Boomers atingiram a maioridade (os Boomers mais velhos teriam apenas cerca de 13 anos em 1959), eles se juntaram à fraternidade, mas não no mesmo número da geração anterior.

Neste ponto, você pode se perguntar por que ainda estávamos em declínio quando os Boomers se juntaram e a razão para isso seria porque nosso número de membros estava tentando se estabilizar e retornar ao equilíbrio. Outra maneira de pensar sobre isso seria considerar o enorme aumento dos números como uma aberração que só poderia ser temporária e eventualmente voltaria ao normal.

Apesar do que muitas vezes é dito , os dados não apresentam qualquer evidência de que os boomers aderiram em grandes números à maçonaria.


Também sabemos que a Geração X geralmente não tinha interesse em ingressar na Maçonaria ou em qualquer uma das organizações de seus pais. Se tivessem, talvez eu não tivesse escrito este artigo, pois seria razoável prever que estaríamos olhando para um gráfico diferente, onde os níveis de declínio voltam e se estabilizam em algum lugar entre 3 e 2,5 milhões de membros.

O que é estranho é que ambos os Millenials e a geração Z (ou como quer que eles venham a ser chamados) estão interessados na Maçonaria, mas, para a frustração das Lojas e Grandes Lojas na América do Norte, não conseguimos retê-los. O declínio deveria estar diminuindo, mas os novos membros estão deixando a Maçonaria o mais rápido que as lojas podem inicia-los.

A questão agora é por quê?

Sucessão Geracional

A maioria dos leitores provavelmente está familiarizada com a ideia de sucessão, pela qual algo é herdado, como um título ou uma propriedade. No contexto da Maçonaria, a sucessão geracional ocorre quando a administração da organização é herdada de uma geração pela outra que a sucede.

O processo de sucessão geracional é tipicamente muito gradual, conforme os membros mais jovens se juntam e os membros mais velhos vão para a Loja Celestial acima. Com o tempo, a geração seguinte herdará o manto da administração plena da fraternidade e o ciclo recomeça.

À medida que cada geração lentamente se torna a principal parte interessada de cada Loja e Grande Loja, a própria fraternidade começará a refletir os valores sociais daquela geração. É por isso que a Maçonaria mudou tanto nos cerca de 300 anos de existência da Fraternidade. Se um irmão moderno fosse colocado em uma reunião de loja há 300 anos, o que ele veria seria muito diferente de qualquer experiência maçônica que ele teve em nossas lojas atuais. No entanto, se pegássemos um irmão de 275 anos atrás e o colocássemos na mesma situação, ele seria muito mais familiarizado, embora certamente também notasse algumas diferenças.


Portanto, em suma, a sucessão geracional é importante porque permite que a Maçonaria se adapte gradualmente de acordo com as expectativas geracionais da fraternidade. Normalmente, as diferenças de expectativas entre uma geração e sua sucessora são pequenas o suficiente para que, embora certas coisas mudem, as diferenças não são tão grandes a ponto de criar contendas entre os irmãos.

Então ... o que acontece se essa sucessão pular uma geração inteira?

Foi o que aconteceu quando a Geração X optou por não ingressar na fraternidade e os efeitos são triplicados. Acredito que identificá-los nos dará uma ideia do motivo pelo qual nossos membros ainda estão em queda livre.


Os Três reflexos

1. Os Boomers mantiveram a administração de nossa fraternidade por quase 40 anos e moldaram a fraternidade para refletir seus valores e expectativas durante este tempo. Neste período, eles foram os principais interessados em nossas lojas e Grandes Lojas e, como tal, tiveram mais controle sobre as políticas e um maior período de tempo para implementar mudanças do que qualquer geração anterior.

Resumindo, a maioria dos programas e políticas que as lojas e grandes lojas têm atualmente em vigor, sejam elas boas ou ruins, foram implementadas ou alteradas pelos Boomers.

Meu vídeo “Seven Ways To Retain Millennial Masons” fala sobre o que eu acredito que os jovens estão esperando da Maçonaria, a maioria do qual está em nítido contraste com o que os irmãos mais velhos supõem que desejamos. Esta 'desconexão' é devido à lacuna na sucessão geracional.

2. Conforme declarado anteriormente, a maioria de nossos membros consistia de Boomers por várias décadas. Muitos deles estão envolvidos com a fraternidade há mais tempo do que a maioria dos jovens maçons, incluindo eu, estão vivos e em muitas lojas eles eram os irmãos que mantinham as portas abertas quando ninguém estava entrando, não havia ninguém novo para assumir um cargo, e o a Loja não tinha dinheiro suficiente para manter as luzes acesas.

Temos uma grande divida de gratidão com eles por isso.

Por outro lado, quando algo esteve sob seus cuidados por um longo período de tempo, pode ser difícil entregá-lo a outra pessoa, que é o que vemos 99% das vezes quando um novo maçom jovem e entusiasmado deseja  se envolver com sua loja e começar a contribuir.

Quando um homem sente que sua opinião não importa, ele eventualmente encontra um lugar que ela importe. Isso não é exclusivamente Millenial também, todo homem quer ser ouvido e sentir como se estivesse contribuindo com algo.

3. A lacuna no meio de sucessão de gerações gera uma diferença maior entre as expectativas sobre a  fraternidade do que se poderia esperar caso não houvesse oi gap geracional. Pequenas mudanças são geralmente mais facilmente aceitas, entretanto os jovens parecem querer experiências muito diferentes para sua jornada maçônica do que os Boomers.

Essas expectativas, quando combinadas com as outras duas questões listadas acima, raramente são atendidas.

Acredito que é por isso que perdemos os jovens quase tão rápido quanto podemos iniciá-los.


Conclusão


Quero repetir e esclarecer que este artigo não se destina a criticar, menosprezar ou caluniar qualquer um dos meus colegas maçons. Para aqueles de vocês que leram isso, mas ainda estão chateados comigo, saibam que desejo o melhor, mas não vou me desculpar por compartilhar os fatos como os vejo.

Não acredito que os Baby Boomers tenham feito algo errado, eles simplesmente fizeram o que cada geração com a administração da fraternidade fez antes deles, eles apenas tiveram mais tempo e influência para fazer isso.

Chegamos à resposta ao nosso último motivo: os jovens estão deixando a fraternidade porque geralmente não está fornecendo o que eles esperavam encontrar.

Há um buraco em nosso balde e ele está perdendo água mais rápido do que podemos enchê-lo.



Artigo escrito por:  Justin para Masonic Improvement

Traduzido por:  P. Maurício M. Magalhães - MM - MRA - FRC

Os Quatro Elementos: O Que Significam Na Maçonaria? [Parte 1]

Os Quatro Elementos: O Que Significam Na Maçonaria? [Parte 1]

Traduzido de : Universal Freemasonry

Parte da jornada de um maçom é familiarizar-se com os conceitos apresentados na loja e descobrir seu significado para si mesmo. Embora existam, é claro, interpretações compartilhadas e transmitidas através das gerações entre os maçons, parte do que torna a Maçonaria tão única entre os ensinamentos e práticas espirituais do mundo é que o núcleo do que é preservado é fundamentalmente simbólico e, em última análise, a compreensão que cada irmão tem dos símbolos, são suas. Não existe uma doutrina ortodoxa explícita e concreta a respeito do significado de quaisquer símbolos específicos e, portanto, a Maçonaria é livre para evoluir e aprender como um coletivo, ao mesmo tempo que preserva algo antigo e não falado, mas incorporado e sentido.

Entre os símbolos da loja e rituais maçônicos estão os elementos, sendo os quatro elementos clássicos de Terra, Água, Ar e Fogo. Várias ordens, jurisdições e lojas colocam mais ou menos ênfase nos elementos e os discutem de maneiras diferentes. Sem revelar nenhum aspecto dos próprios rituais, podemos dizer que, apesar de não serem universalmente enfatizados em toda a Maçonaria, os elementos são importantes para qualquer estudo completo do esoterismo e dos mistérios. Na verdade, quanto mais esotérico é um ramo particular da Maçonaria, mais ênfase ele deve colocar sobre ele, o que talvez possa explicar por que na Co-Maçonaria Universal, eles são significativos desde o início da jornada maçônica. Então, como podemos ver os elementos com um olho maçônico e entender seu significado para nossas vidas e nossa Arte?


Elementos como Símbolos

Embora os aspectos literais ou científicos dos elementos sejam parte do quebra-cabeça, por si só eles são insuficientes para entender por que os elementos são tão importantes para a Maçonaria. O significado dos elementos na maçonaria são como símbolos, e o simbolismo é uma linguagem própria. Esta é também a linguagem com a qual interpretamos os sonhos ou a literatura, é a linguagem da experiência direta, as formas da experiência e como elas representam para o desenvolvimento da consciência.

Qual é o propósito de olhar os elementos simbolicamente? A primeira pista que podemos encontrar aqui é que os elementos são, por definição, o que compõe o mundo e também nós mesmos. É tradicionalmente por isso que os elementos são considerados significativos, em primeiro lugar. Portanto, podemos ver os elementos como componentes essenciais do Mundo e, uma vez que O Mundo e O Eu são, em última análise, uma coisa só, eles são componentes essenciais da experiência humana também. Da mesma forma que podemos pensar nos elementos como correspondendo a diferentes estados da matéria {em química / física os estados de sólido (Terra), líquido (Água), gás (Ar) e energia (Fogo)}, também podemos interpretá-los como representações de estados de experiência, mente ou consciência humana.


 Terra

O elemento Terra é o mais sólido e estável dos quatro, com as qualidades menos dinâmicas ou mutáveis. Em vez de ser uma fonte de energia, ou particularmente sujeito a mudanças energéticas, ele tende a absorver energia e difundí-la sem muita mudança real para o próprio elemento. Um ótimo exemplo é o aterramento de um para-raios; embora uma enorme quantidade de energia esteja indo para a Terra, a energia é rapidamente difundida, sem muita mudança para a própria Terra. O fogo é outro exemplo, porque embora a água seja frequentemente o método mais eficaz de extinguir um incêndio, devido às suas outras qualidades que facilitam a explosão de vapor de uma mangueira, tecnicamente jogar Terra no fogo seria sempre o método mais eficaz de extinguir o fogo com o consumo energético dinâmico. Ao contrário da água, a Terra não é evaporada pelo Fogo.

Em termos de forma e mudança, a Terra tem o maior grau de inércia, é a menos suscetível ou a mais lenta à mudança. Também possui a maior integridade estrutural, pois os edifícios construídos com pedras, um tipo de terra, podem durar séculos ou até milênios. Ele também forma literalmente a base sobre a qual nos posicionamos e sobre a qual todas as estruturas são construídas, portanto, nesse sentido, a Terra também é a essência arquetípica da base, do alicerce, da estabilidade. Como tal, podemos ver os aspectos correspondentes de consciência, mente e experiência como aqueles que compartilham essas qualidades: sobrevivência, estabilidade, estar fundamentado na realidade física, na experiência corporal; também qualquer estado de espírito que envolva um alto grau de inércia, seja isso considerado positivo, como na estabilidade mental e emocional, ou negativo, como teimosia.


Água


O elemento Água é um pouco menos sólido e estável do que a Terra, mas ainda menos dinâmico e mutável que o Ar ou o Fogo. Ao contrário do Ar, é mais obviamente limitado pela gravidade e, ao contrário do Fogo, não emite energia. A água é um elemento que flui, sempre encontra o caminho de menor resistência e assume a forma de qualquer recipiente ou ambiente em que venha. Por ser mais suscetível à influência mutável da energia do que a Terra, ele pode ser evaporado dos lugares mais baixos e quentes e, em seguida, ser colocado novamente, especialmente nos lugares mais altos ou mais frios. Por causa dessa dinâmica, como todos sabemos, ela cria um ciclo que flui e nutre a Terra e torna a Vida possível. Se a Água fosse um pouco mais inerte, ela simplesmente ficaria no oceano e seria uma piscina gigante; se fosse um pouco menos inerte, ficaria acima da Terra na forma de nuvens e nunca mais voltaria para baixo. Como tal, a água ocupa um lugar especial entre os elementos, pois toca e viaja entre todos eles, estando em alinhamento com a sua qualidade essencial de fluxo.

Em termos de simbolismo, normalmente vemos a Água como uma representação de emoção, mas por quê? Novamente, como acontece com a Terra, é principalmente por causa da semelhança experiencial das qualidades essenciais da água com as de nossas emoções. Como a água, nossas emoções simplesmente fluem através de nós, com base em tudo o que ocorre em nossa experiência, em relação ao relativo dinamismo energético da mudança. Por exemplo, um excesso de Fogo ou mudança energética em nossas vidas vai aquecer nossa Água, que geralmente experimentamos como raiva ou paixão. Nesses casos, podemos dizer que as coisas estão ficando “úmidas” ou que “esquentamos” de raiva. Por outro lado, se houver uma relativa falta de mudança dinâmica e energética, nossas emoções podem se tornar totalmente sólidas, como gelo, e as pessoas em um estado que chamamos de frio ou frígido, porque sua emoção / Água parou de fluir, tornou-se como a Terra. Quando nossas emoções estão em seu estado líquido normal de fluxo, nós as vivenciamos como simplesmente vindo por conta própria, não particularmente sob nosso controle, e elas "passam por cima" de nós ou nos atingem "como ondas". Consequentemente, a Água geralmente representa emoção. 


A parte inerte do espectro elemental



À medida que examinamos os primeiros dois elementos, torna-se óbvio que eles representam pontos diferentes ao longo de um espectro. Qual é a natureza desse espectro, qual é a variável primária? O espectro parece variar desde os elementos mais inertes, o que significa também aqueles mais limitados pela força da gravidade ou inércia, e menos suscetíveis à força da mudança energética e do movimento, ou talvez liberdade de movimento. Na astrologia, isso corresponderia às qualidades de ser mutável ou fixo. Assim como vemos os elementos como representando aspectos de si mesmo, eles também são vistos como partes ou estados de espírito e experiência que são mais ou menos suscetíveis à inércia e mudança, quietude e dinamismo e, talvez, Ordem e Caos.

Dentro desses dois elementos, podemos ver este espectro começar a emergir, já que a Terra é mais limitada e menos suscetível à mudança energética, e a Água um pouco menos, com sua capacidade de mudar, torna-se temporariamente como a Terra sólida ou o Ar gasoso, enquanto sua qualidade mais essencial é fluir entre eles. Aqui estão muitas pistas para o mistério dos elementos e, à medida que continuarmos nossa jornada no próximo post, veremos ainda mais significado e obteremos uma maior compreensão do que os elementos estão dentro de nós. 


Escrito Por Johnathan Dinsmore para Universal Freemasonry

Traduzido Por: Paulo Maurício M. Magalhães - MM - MRA - FRC

Os Quatro Elementos: O Que Significam Na Maçonaria? [Parte 2]

 Os Quatro Elementos: O Que Significam Na Maçonaria? [Parte 2]


Traduzido de:  Universal Freemasonry


Em nossa discussão anterior na Parte 1, começamos um exame dos elementos como símbolos e continuaremos com isso aqui.

Abordamos os dois primeiros elementos, Terra e Água, e discutimos suas qualidades essenciais e correlatos simbólicos na mente ou consciência. À medida que continuamos com Ar e Fogo, o leitor fará bem em lembrar a importância da estrutura e da fluidez, bem como da inércia e da mudança.


Ar 



O elemento Ar é um avanço na qualidade dinâmica da Água, mas não exatamente como o Fogo. Em muitos aspectos, o Ar é diferente, mas não tão diferente da Água. Como a água, ele sobe quando é aquecido e cai quando é resfriado. Como a Água, ele flui ao redor do globo, na forma de vento. No entanto, ao contrário da Água, tem uma qualidade de expansividade, há mais pressão para fora e menos pressão para baixo, uma vez que não cai ou flui na forma líquida. Um aspecto crítico do Ar em nossa própria experiência é que ele é o elemento mais imediatamente necessário para nossa biologia, podemos passar muito mais tempo sem comida (Terra) ou bebida (Água) do que sem ar. O ar é um ingrediente essencial do fogo e, sem ele, o fogo irá imediatamente eliminar o ar. O ar tem uma qualidade espaçosa, oferece muito pouca resistência ao movimento e qualquer coisa leve o suficiente pode realmente flutuar ou voar, o que é essencialmente como nadar no oceano de ar.

Então, o que é o ar dentro de nós? Assim como os elementos anteriores, as pistas estão em nossa experiência direta. Quando estamos no ar, podemos ver claramente o que está mais longe, como a águia voando alto, mas capaz de ver o menor rato. Nós nos referimos aos empreendimentos humanos mais intelectuais como a “Torre de Marfim”, que é, obviamente, muito acima e distante do resto da vida humana, capaz de ver tudo através do ar. O mesmo poderia ser dito das montanhas, que também são onde se costuma dizer que santos e grandes mestres são encontrados, aqueles que são sábios e “vêem” a verdadeira perspectiva da vida. O ar também ressoa com o conceito de liberdade, precisamente por causa da falta de obstrução, e a liberdade muitas vezes é personificada simbolicamente como voar - como um pássaro. Portanto, o Ar é mais livre e menos inerte do que os três elementos anteriores e corresponde aos aspectos de nossa mente e experiência que são mais livres e claros. Parte do que o Ar representa é  a pura mente, ou intelecto, é o espaço mental dentro do qual imagens claras, pensamentos e modelos conceituais podem ser formados.


Fogo



De muitas maneiras, o elemento Fogo parece estar separado dos outros três elementos. Em vez de ser algo, uma substância, o fogo é mais um processo, uma mudança. O fogo transforma uma coisa em outra e também separa uma coisa da outra. O exemplo mais simples é a separação dos gases aprisionados dentro de uma tora de madeira (terra) inerte, da qual sobra somente cinzas após da queima. Além disso, envolve radiação, a liberação não apenas de gás, mas também de energia que estava latente dentro do elemento que o fogo queimava, emitindo luz e calor. Assim, de certa forma, pode ser visto como uma transformação daquilo que está preso no que é livre, da matéria em energia.

Podemos dizer que as qualidades essenciais do fogo são dinamismo, mudança, transformação e purificação. Em certo sentido, embora pareça separado, o fogo também é a fonte de todos os outros elementos, pois é apenas pelo fogo do sol que todas as coisas têm movimento e existência. Sem fogo, tudo seria escuridão imóvel.

Por essas razões, também pode ser difícil identificar o significado simbólico exato do Fogo dentro de nós, embora pareça claramente significativo. Certamente, o Fogo habita dentro de nós, na forma de energia produzida pelo lento “fogo” químico do intestino, e sem os fogos de nossos vários processos bioquímicos, incluindo o disparo neural, morreríamos ainda mais rapidamente do que sem o ar. Em termos de nossa consciência, representada pela luz, visto que o Fogo emite luz, talvez o Fogo represente aquilo que cria ou liberta a consciência da matéria?

No mito, o Fogo é apresentado como o presente que Prometeu roubou dos Deuses para dar ao homem, que permitiu à humanidade ter conhecimento e civilização. Certamente, a descoberta do Fogo e como usá-lo é frequentemente considerada como o início da verdadeira existência Humana, e também da tecnologia. Mesmo aquelas culturas humanas que consideramos mais primitivas ainda possuem e utilizam o Fogo. Em termos do gradiente da inércia ao dinamismo, certamente o Fogo está na extremidade dinâmica mais distante do espectro; representando uma liberação de energia, é ainda mais “livre” do que o ar. O fogo, de certa forma, representa pura mudança, puro dinamismo.


Os elementos em perspectiva


O que é este universo? Uma forma de responder é dizer que consiste nesses elementos, mas o que isso realmente nos diz? Outra perspectiva compatível é aquela dada na filosofia perene, a filosofia dos Vedas e dos Idealistas, de que esta realidade é fundamentalmente consciência ou mente. Este é um conceito que está sendo revisitado por muitos filósofos modernos, conhecido  como pampsiquismo, devido a várias deficiências em nossas tentativas de explicar o universo puramente em termos materialistas. Essa também é a percepção geralmente aceita nas tradições ocultas, e, de fato, na sabedoria da  maioria das tradições culturais, se você se aprofundar o suficiente. Que tudo é, em última análise, "mente", como descrito no Princípio de Mentalismo, do Caibálion.

Se todo o universo contém elementos de mente ou consciência, então talvez a dicotomia entre ver os elementos simbolicamente e literalmente seja desnecessária. Se tudo é mente, o que equivale a dizer que tudo é um sonho, talvez essas sejam simplesmente diferentes interações da mesma dinâmica ou padrão essencial, em diferentes níveis do sonho; como acima, abaixo; como dentro, é fora. Se os diferentes elementos são formas diferentes da mesma substância mental fundamental, qualquer que seja o nome que se der a ela. Parece-me que esses elementos representam um processo que começa a ser limitado pela inércia, da qual a Terra seria o extremo, sendo gradualmente submetida a mudanças, até se tornar cada vez mais livre, da qual o Fogo é o extremo.

Todo esse processo pode ser visto como uma transmutação da matéria em energia ou luz, assim como o Fogo é matéria sendo transformada, para iluminar a escuridão. É claro que, como fora, é por dentro, e alguma versão desse mesmo processo está acontecendo dentro de todos nós. Nossos aspectos mais vinculados à matéria estão gradualmente sendo influenciados e transformados pelas forças da mudança, seja de dentro ou de fora. Cada experiência é, em maior ou menor grau, um catalisador nesse processo e causa “movimento nas águas profundas”. Eventualmente, este processo culmina na ignição do Fogo dentro de nós, da Luz interior.


Nossas dores e nossos prazeres, nossos altos e baixos, em última análise, dão origem ao amanhecer da verdadeira Consciência, o que alguns podem chamar de Gnose. Por quê? Porque assim como a luz que é emitida pelo Fogo estava previamente aprisionada na matéria do combustível, aquela Centelha Divina sempre esteve latente dentro de nós, observando, esperando seu momento surgir.

Agora, fechamos o círculo para a Maçonaria e o significado dos elementos simbolicamente para a Arte real. O que estamos fazendo como maçons, senão acendendo, alimentando e mantendo uma luz na escuridão - um Fogo na densidade e confusão da existência material? Cada elemento desempenha sua parte e existe dentro de todos nós; o ponto culminante da interação desses elementos, quando utilizados habilmente, é a ignição dessa Luz Prometeica, dentro de si e dentro do mundo. Que esforço mais nobre poderia alguém se dedicar, do que trazer luz às trevas dentro de si mesmo e dentro de toda a humanidade?


Escrito Por Johnathan Dinsmore para Universal Freemasonry

Traduzido Por: Paulo Maurício M. Magalhães - MM - MRA - FRC

Os Princípios do Confucionismo

Os Princípios do Confucionismo


 Traduzido de : The Masonic Philosofical Society


Muito antes de a China ser o país monolítico de hoje, era uma terra fragmentada de Estados em guerra. Quinhentos anos antes do nascimento de Cristo, a dinastia Zhou que controlava as partes do norte da planície chinesa começou a perder o controle do poder. À medida que novas nações surgiam e grandes estados desmoronavam, ocorreu um período de grande curiosidade intelectual e expansão intelectual. Ficou conhecido como as Cem Escolas de Pensamento. As escolas mais importantes ainda são ensinadas hoje, e a mais famosa de todas é o confucionismo.

No mundo destruído da China primitiva, Confúcio nasceu na pobreza, pois seu pai morrera logo depois que ele nasceu. Estudioso, quando criança, ele carecia de classe social para perseguir seus talentos. Em vez disso, trabalhava como guarda de celeiros, gado e guarda-livros. Ele se destacou em cada posição, levando para a próxima. Ele se ergueu cada vez mais, tornando-se ministro das Obras e depois ministro do crime.

No entanto, suas posições cada vez mais proeminentes significavam que ele agora estava próximo das famílias aristocráticas. Eles dominavam sua província natal de Lu. Ele se opôs às indiscrições rituais de rotina deles. Pois essas famílias procuraram lutar contra o poder de Lu de quem Confúcio considerava o governante legítimo.

Depois de tentar sabotar os planos das famílias, ele foi exilado. Por quatorze anos, ele vagou pela China, em busca de um governante de virtude, que aceitaria seus insights. Mas ele procurou em vão, encontrando apenas homens mesquinhos com rixas mesquinhas.

Ao invés disso, Confúcio começou a conceber seus princípios de uma boa vida e boas regras. Ele acreditava que por meio de força moral e coragem, alguns poderiam ajudar muitos. Mas primeiro, como o aço, eles devem ser temperados pela política e pela vida antes de serem colocados no caminho do poder.

Ele desenvolveu seis princípios fundamentais, a partir dos quais toda a sua filosofia se desenvolve. Os mais importantes são os dois primeiros: Jen e Li.

JEN

Jen, ou seja, humanidade, definiu o ser humano como tal. Isso nos separou dos animais. Era um senso de dignidade e respeito, não apenas por si mesmo, mas por todas as coisas vivas e seres humanos. De Jen, todo o resto veio. Confúcio muitas vezes lamentou que ele nunca viu Jen expressada. Mas foi dito que um homem de Jen, preferiria se sacrificar para preservar sua santidade.

LI

Li é o princípio do ganho( no sentido de crescimento). É a mão que guia a interação humana. Li exige que você pergunte como as coisas devem ser feitas? O que é necessário para uma sociedade bem organizada? A partir de suas conclusões, você verá a maneira correta de agir. Li também apresenta a Doutrina do Meio, que afirma que a ação adequada é encontrada entre os extremos e estabelece os Cinco Relacionamentos e suas virtudes associadas. Por exemplo, pai e filho (amoroso / reverente) e governante e súdito (benevolente / leal).

YI

Em seguida vem Yi, ou retidão. É obrigação moral fazer o bem. Yi flui diretamente de Jen, um senso de humanidade, e Li, uma compreensão do ganho social. De acordo com esses princípios, você deve reconhecer o que é certo e errado e agir de acordo.

HSIAO

Sob Hsiao, você deve mostrar reverência a seus pais e trazer honra para sua família. Confúcio acreditava que, como sua família sacrificou a vida por você, você deve respeitá-los. Além disso, apenas através de Hsiao alguém poderia encontrar Jen.

CHIH

Este princípio vem de Mêncio e não de Confúcio, mas é aceito como cânone. Denota sabedoria moral: a habilidade de discernir o certo do errado. Para Mencius, os homens nascem bons. Assim, eles têm uma capacidade inata de distinguir o certo do errado.

TE

O princípio final do confucionismo. Te  se preocupa com o poder do governo. Se um governo pode manter a suficiência econômica, o poder militar e a confiança de seu povo, então é bom.

Conclusão

Após a morte de Confúcio, a dinastia Zhou caiu em ruína total. Cada uma das Cem Escolas de Pensamento competiu por seguidores. Mas foram os confucionistas sob o comando de Mêncio que se transformaram em professores de reis. Com o tempo, uma postura dura em relação à lei, ordem e autoridade passou a definir o confucionismo, embora os princípios subjacentes permanecessem. À medida que o mundo desmoronava, foi o confucionismo que o costurou novamente. Mesmo hoje, em todo o Leste Asiático, os valores e ensinamentos de Confúcio ainda são ensinados e venerados.


Escrito por  para Masonic Philosofical society


Traduzido por P. Maurício M. Magalhães. MM FRC MRA

A linha mística nas Religiões e na Maçonaria

A linha mística nas Religiões e na Maçonaria


Traduzido e adaptado de  Universal Freemasonry


Embora não tenhamos ocultado a natureza esotérica de nossas crenças e interesses, o que pode passar despercebido por muitos é a conexão que esse esoterismo, em geral, tem com uma divisão histórica talvez dentro de todas as religiões. Embora possamos conhecer a história da religião ou pelo menos a (s) tradição (s) religiosa (s) de que estivemos mais próximos em nossas vidas, conhecemos sua história esotérica? Todos eles têm uma história esotérica? Qual é o propósito desta divisão entre os ensinamentos esotéricos (internos) e exotéricos (externos)?

A palavra oculto significa escondido e pode ser usada alternadamente com esotérico, mas do que ela está se escondendo? Esse sigilo surgiu simplesmente para evitar a perseguição à igreja na Idade Média e Renascimento, como somos frequentemente levados a acreditar, ou a ocultação sempre esteve em sua natureza?


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O fio xamânico nas religiões


Seria absurdo tentar contar qualquer tipo de história verdadeira da religião no contexto de uma única postagem de blog, mas eu quero destacar o que é mais relevante para o tópico. Ao fazer isso, acho útil voltar ao início.

Onde a religião começou? Arqueologicamente, vemos os indistintos traços dos primórdios da religião, representados por pinturas rupestres e locais de sepultamento, o ponto em que os humanos começaram a honrar e enterrar nossos mortos. Na verdade, sabemos muito pouco sobre esse crepúsculo da crença.

A primeira instância de religião da qual temos experiência e conhecimento mais diretos é aquela que ocorre nas tribos, que passou a ser referida pelos antropólogos como xamanismo. Vemos xamãs nas tribos indígenas que encontramos e estudamos nos tempos modernos, e presumimos que esse sistema deve ter estado presente desde nossos primórdios e que essas pessoas servem como um vislumbre de nosso passado; por enquanto, vou trabalhar com essa suposição sem questionar.

O xamanismo envolve uma minoria da tribo, geralmente apenas um único xamã e um ou mais aprendizes, servindo como interface entre os reinos espirituais e a tribo. O que torna o xamã único é que ele é capaz de se comunicar com o mundo além dos sentidos de uma forma que a maioria não é, seja por meio de capacidades naturais ou pelo uso de plantas psicoativas. No caso do xamanismo, podemos ver claramente o início de uma “minoria mística” da população, que é reconhecida e até vital para a tribo.


Crescimento, monopólio e compartimentalização

À medida que avançamos na trajetória progressiva da civilização, vemos o mesmo padrão, mas com mudanças ao longo do tempo. À medida que as pessoas desenvolveram reinos e civilizações maiores, também começaram a construir estruturas separadas dentro de cada cidade, e os templos surgiram como espaços exclusivamente dedicados à interface com o divino. É interessante notar que, assim como os vários edifícios isolaram fisicamente cada "área" da vida, com o governo aqui, o mercado ali, etc., também a religião começou a ser separada. Tornou-se cada vez menos entrelaçado em toda a vida, como era mais o caso na tribo, e tornou-se algo que você faz “lá” especificamente.

Podemos até dizer que este foi, de fato, o início da religião, visto que a religião descreve um domínio específico e separado da atividade humana; se for esse o caso, então podemos reconhecer que o surgimento da religião foi um produto da divisão da vida em categorias e, simultaneamente, uma continuação da tradição xamânica. Todos os itens acima também eram mais relevantes nas cidades, enquanto as pessoas que viviam nas aldeias ainda dependiam de figuras xamânicas por grande parte do tempo, até que o sacerdócio da cidade começou a substituir os xamãs e druidas por sacerdotes.


Até onde sabemos, o lado esotérico da religião também emergiu nessa época. Grécia e Roma tiveram suas escolas de mistério, os reinos hindus tiveram seus brâmanes e iogues, Israel seus profetas e mais tarde seus cabalistas, etc.

No entanto, esse misticismo não estava necessariamente separado do sacerdócio. Na Grécia antiga, por exemplo, era esperado ou mesmo obrigado a se submeter às iniciações, para ser um sacerdote, ou nesse caso, qualquer outro membro proeminente e influente da sociedade. Uma vez que essas coisas nem sempre foram registradas, podemos nunca saber completamente o quão conectadas as várias tradições esotéricas e seus sacerdócios estavam. 


O desvio padrão do mundano

Uma questão que acho muito interessante é: por que essa minoria mística aparentemente sempre existiu? Eles são simplesmente aqueles que são mais inteligentes, menos “neurotípicos”, mais propensos à transição entre diferentes estados de consciência ou mais propensos a experimentar drogas psicoativas? Ou poderia ser alguma combinação de todas essas coisas?

É comumente entendido que muitas coisas, incluindo características humanas como altura, QI, pressão arterial e salários, ocorrem na forma de uma distribuição normal ou curva em sino. Isso significa apenas que quando você os traça em um gráfico, a maioria é "normal" e, portanto, o meio do gráfico é o maior, e quanto mais longe do normal você chega em qualquer direção, mais ele se inclina, como as bordas de um sino, com menos pessoas sendo anormais.

Será que qualquer traço ou coleção de traços contribui para alguém estar aberto e capaz de abraçar o lado místico da vida mais completamente é simplesmente sempre uma minoria de pessoas nas bordas do sino? E o resto das pessoas, que vivem no meio dessa curva de sino, que são normais? Por que eles devem ser separados?


Você quer leite ou alimento sólidos?

Para a maioria de nós que se encontra no final místico da curva, a experiência de vida nos ensinou que aqueles que habitam o reino da normalidade muitas vezes não desejam ou não são capazes de compreender muitos dos conceitos mais profundos, por quaisquer motivos. Muitas vezes parece que o que eles precisam é exatamente o que a religião exotérica fornece, histórias e conceitos simplificados que podem dar significado e propósito para suas vidas, mas que os mais inclinados ao misticismo achariam carente. Talvez seja exatamente por isso que a religião exotérica foi criada; em algum momento, os herdeiros do fio xamânico entenderam o que Jesus expressou, quando seus discípulos perguntaram por que ele devia falar por parábolas às massas: porque tendo ouvidos, não ouvem, e tendo olhos, não podem ver.

Das muitas tradições esotéricas, a Maçonaria tem servido como um refúgio e veículo ideal para os inclinados ao misticismo. Isso se deve principalmente ao seu nível de organização e praticidade, que tem facilitado sua adesão não apenas ao estudo de conceitos elevados à porta fechada, mas também por ter uma grande influência na sociedade em geral, bem como uma estrutura interna altamente funcional que nos permite ser eficazes em fazer as coisas. Embora o leite das parábolas seja suficiente para a maioria, para aqueles que buscam alimentos mais sólidos, acolhemos sinceros buscadores da verdade de todo tipo.



Escrito Por Johnathan Dinsmore para Universal Freemasonry

Traduzido Por: Paulo Maurício M. Magalhães - MM - MRA - FRC

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Ritos de passagem na Maçonaria

 Ritos de passagem na Maçonaria


Traduzido de:  Masonic Improvement 

Os graus da Maçonaria são ritos de passagem.

O conceito de "rito de passagem" é algo que perdeu popularidade no passado recente, mas está mais uma vez se tornando um tópico de discussão para muitos homens.

Um rito de passagem é uma ou uma série de experiências que representam uma transição na vida de uma pessoa. Eles podem ser encontrados em culturas, religiões, organizações e até mesmo famílias em todo o mundo e alguns deles têm histórias que podem ser rastreadas por séculos.

Há uma preocupação crescente com os homens nos EUA e em muitas outras partes do mundo. Existem homens na casa dos vinte, trinta e até mais velhos que se sentem perdidos e sem objetivo. Eles lutam contra a depressão, maturidade e responsabilidade. Eles são, para ser franco, Homens criança. 
Esses problemas são muito mais comuns onde não há ritos de passagem devidamente implementados. Esses ritos representam uma mudança de algo antigo para algo novo: um solteiro para um marido em um casamento, tornando-se cristão em um batismo, ou um homem sendo iniciado em uma loja e feito maçom.

Um rito de passagem pode ter um impacto significativo e duradouro no iniciado.
Neste artigo, pretendo enfocar os componentes que constituem um rito de passagem e como cada um deles pode ser encontrado na Maçonaria. Também daremos uma olhada nas possíveis maneiras de tornar o trabalho que fazemos mais impactante.

As fases de um rito de passagem


É entendido hoje que um rito de passagem consiste em três fases. Cada fase é tão importante quanto a última e devem ocorrer nesta ordem devido à sua natureza:


Separação - nesta fase, o iniciado passa por um processo em que é separado da versão anterior de si mesmo. Isso tende a ser muito simbólico, mas pode ser representado de várias maneiras. Na Maçonaria, esta fase ocorre para o iniciado na sala dos paços perdidos( ou câmara das reflexões no primeiro graus) antes mesmo de ele pisar na sala da Loja durante seus graus.

Transição - Esta fase existe como um estado de limbo onde o iniciado foi despojado de seu antigo eu, mas ainda não passou para o próximo estágio. É durante uma transição que lições relevantes são ensinadas e as expectativas são estabelecidas, que são necessárias para o próximo estágio da vida ou para permanecer dentro de um grupo de honra.


Existem dois enfoques  para isso na Maçonaria:

  1. Há uma transição em todos os graus entre o momento em que você sai da sala dos passos perdidos e quando assume a obrigação de obter esse grau. Elas podem ser vistas como microtransições.
  2. A outra transição ocorre durante um período de tempo que começa na fase de separação no grau de Aprendiz e termina quando ele é reinvestido (veja a próxima fase) como Mestre Maçom. Considere isso uma macro-transição.

É importante ressaltar que as microtransições são tão importantes quanto as macrotransições, no entanto, uma macrotransição representa uma grande mudança que é uma acumulação das microtransições que ocorreram durante esse tempo.

Reinvestimento - Esta fase ocorre quando o iniciado passou com sucesso por tudo o que era esperado dele durante a fase de transição e ele passou oficialmente para o próximo estágio em seu progresso. Nesse ponto, ele é aceito no grupo.

Como maçons, pelo menos no Texas, todos nós sabemos quando ocorre o reinvestimento. Não preciso falar mais nada.

Implementação é tudo


Lembre-se de que a implementação de um rito de passagem é, em última análise, o que determinará a qualidade do impacto que ele terá sobre o iniciado e também aprendemos até agora com este artigo que nossos graus são, na verdade, ritos de passagem.

Com isso em mente, surge a pergunta: "Queremos que nossas cerimônias tenham um impacto positivo sobre o iniciado?"

Se você acredita que a Maçonaria pega homens bons e os torna melhores, então você deve absolutamente desejar que nossos ritos de passagem tenham um impacto profundo e duradouro sobre os participantes.

Neste ponto, quero dar um passo para trás antes de seguir em frente, porque temos que identificar as coisas que estamos fazendo de errado porque não podemos consertar o que não reconhecemos que está quebrado. Vamos primeiro reservar alguns momentos para examinar as práticas que são amplamente implementadas, mas não estão produzindo os resultados desejados:

  1. Convidar as pessoas  assim que demonstrarem interesse - quantidade em vez de qualidade
  2. Realizando investigações ruins
  3. Não dando ao candidato tempo para conhecer a Loja e vice-versa
  4. Apressando-o através dos graus
  5. Má ritualística dos graus
  6. Antessalas câmara de reflexões e Loja desordenados e sujos
  7. Falha em preparar o candidato para seu grau de antemão
  8. Não dizendo a ele o que esperamos dele
  9. Não dizer a ele o que ele pode esperar de nós ou, pior ainda, dizer a ele o que ele pode esperar e nunca entregar


Esta não é uma lista completa, mas o tema subjacente deve ter se apresentado agora: qualquer prática que apresse um candidato, corte atalhos ou passe uma falta de orgulho da loja ou ritual deixará o iniciado com a impressão (mesmo que inconsciente) que simplesmente aquilo não é importante.

Essa impressão está em nítido contraste com o que nosso objetivo deveria ser. Os graus são um rito de passagem. Os ritos de passagem devem ser transformadores. Eles são importantes.

Aqui estão minhas recomendações que cada loja e irmão maçom podem começar a implementar de alguma forma que transmita a importância dos graus e capacite nossos ritos de passagem para terem os efeitos desejados:

  1. Não faça umum convite aos candidatos assim que eles demonstrarem interesse. Em vez disso, exija que eles visitem sua loja durante as refeições e outros eventos por alguns meses para que todos possam conhecê-lo e ele possa fazer o mesmo.
  2. Investigue minuciosamente todos os candidatos.
  3. Não o apresse em seu trabalho. Os rituais contêm muito mais informações do que apenas palavras, então ensine-o no caminho. Você não precisa sobrecarregá-lo com informações, mas mostrar a ele o quão fundo o poçoe aí ajudá-lo a aprender como fazer pesquisas.
  4. Nunca deixe um irmão se perguntar por que ele tem que aprender todas essas coisas. Mostre a ele por quê.
  5. Saiba bem o ritual e prática do seu grau. Eu entendo que às vezes somos colocados em funções no último minuto para as quais não estamos preparados, mas todos devemos fazer o nosso melhor para conduzir o melhor ritual que pudermos.
  6. Limpe e mantenha sua Loja . Aquele carpete mofado e os painéis de madeira dos anos 70 em suas paredes mostram uma falta de interesse em manter seu prédio bonito. Essa Câma das reflexões  que funciona como um armário de vassouras  e  casacos indica que nossos ritos não são nem mesmo importantes o suficiente para ter seu próprio espaço dedicado.
  7. Seja sincero em relação às nossas expectativas a partir do momento em que o candidato manifestar interesse. Sim, há muita memorização envolvida. Sim, esperamos participação. Sim, existem taxas.
  8. Seja sincero sobre o que ele pode esperar de nós a partir do momento em que expressar interesse. Pegamos bons homens e os tornamos melhores, tornando-os maçons. Fazemos isso por meio de ritos de passagem e educação. Levamos nosso trabalho a sério. Não somos um clube de serviço.

Se isso parece muito trabalhoso, é porque é. Como maçons, o trabalho é um dos temas centrais em todos os nossos graus e simbolismo. O trabalho não é algo que devemos abraçar e usar para melhorar nossas lojas.

Se uma loja trabalhar para aplicar essas sete práticas, os ritos de passagem que ela conduz os iniciados terão resultados muito mais profundos, duradouros e desejados.

Conclusão


Os graus na Maçonaria são ritos de passagem. Os ritos de passagem são de natureza transformadora e isso é exatamente o que prometemos quando dizemos “A Maçonaria pega homens bons e os torna melhores”.

Como vamos fazer isso? Tornando-os maçons.

Indo mais longe, podemos perguntar como fazemos isso? A resposta é iniciando-o por uma série de ritos de passagem.

Portanto, esses ritos que associamos a cada grau são de suma importância e cabe a nós fazer tudo o que pudermos para torná-los o mais impactantes possível.





A Maçonaria Especulativa seria chinesa?

 

Hoje trago uma tradução do ótimo site Masonic Find.

A fim de poder ajudar na compreensão, usei um recurso chamado Microsoft Sway e acrescentei vários Links e até mesmo um vídeo ao texto original.

Caso queira, basta clicar nas palavras sublinhadas para ir para artigos que explicam aquele conceito. Também pode-se clicar nas imagens para vê-las em tela cheia.

Basta clicar no botão verde abaixo escrito " Ir para este Sway"  para inicial a apresentação.


Ir para este Sway

Qual a melhor decisão?


Quantas vezes na vida nos perguntamos: “o que eu devo fazer?”, “qual é a melhor decisão?”

Ainda mais nesta época de pandemia, onde decisões simples como sair de casa ou ir em uma festa de família se tornam relevantes  tudo parece piorar. Já não bastava este mundo moderno, acelerado e competitivo; onde o erro não é esquecido nem perdoado para nos colocar mais pressão?
Mas o que fazer com sobre esta situação? Bem, talvez não haja uma resposta correta, mas vamos pensar mais um pouco e tentar entender melhor esta questão.


 Segundo Jung (no livro “O homem e seus símbolos"), parte da angústia do Homem moderno vem de que antes tínhamos os ritos, os mistérios e a religião para nos ajudar a entender o que está além de nós. Agora só temos o racional e a ciência, que não tem resposta para tudo . Assim, num mundo cada vez mais complexo torna-se difícil para o ser humano tomar decisões quando envolvem tantos fatores que a deixam muito além da nossa capacidade de pensar. Quando além disso nós ressentimos da falta de um suporte religioso ou filosófico, essa dúvida e angústia se tornam bastante palpáveis. Quando nos vemos sozinhos neste mundo complexo parece que tudo se resume ao vaticínio de Milan Kundera:


“Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação.
Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro."

Podemos interpretar essa situação de 2 formas: Uma delas é tomar esta citação como uma leitura da inevitável angústia moderna por buscar a decisão correta. O enunciado de um beco sem saída. A outra forma é conectar esta visão de Kundera com o entendimento budista de que toda dor vem do apego. Ora, se não temos apego e se entendemos que na verdade não temos nenhum controle, isso pode trazer um alívio, pois entendemos que não temos também responsabilidade sobre aquilo que não controlamos.

Esta visão se alinha também com algumas visões de certas religiões onde se entende que tudo está nas mãos de Deus. Assim sendo, mais uma vez o ser humano se encontra livre por não ter o controle. Com isso começamos a entender que o verdadeiro sofrimento vem de tentar controlar o incontrolável, de tentar acertar 100% das vezes e assim evitar 100% do sofrimento.

Não é fácil, mas a liberdade está em entender que da mesma forma que não seremos 100% felizes jamais seremos 100% infelizes. Da mesma forma que não vamos errar todas as decisões, temos que saber que também não acertaremos todas. A verdade é que o copo estará sempre pela metade.


Talvez seja melhor buscarmos a sabedoria do provérbio árabe:


Confie em Alah, mas amarre seu camelo!

 

Este provérbio extremamente curto traz em si a essência da solução deste dilema, pois nos mostra que se por um lado não podemos controlar tudo e devemos confiar em Alá para nos proteger, também temos uma parte nossa que deve ser feita para que o todo possa atingir o melhor resultado. Assim, a solução deste paradoxo moderno pode estar no velho carpe diem; devemos aproveitar cada dia, usufruir cada pequena coisa, buscando sempre fazer a nossa parte, mas com a certeza de que em algum momento também vamos errar, mas que esse erro não será necessariamente o fim do mundo e que mesmo nele haverá algo de bom.

A questão é que temos que levar toda a vida de uma maneira mais leve fazendo a nossa parte (pois conhecemos os males da preguiça e da inação), mas ao mesmo tempo não puxando para nós o peso de decidir com conhecimentos que não temos sobre coisas que não estão em nossa alçada. Ajuste as suas velas, mas de nada adianta tentar controlar ou adivinhar qual será o vento de amanhã. 

Para resumir esta ideia em uma palavra temos que recorrer a uma linha filosófica bastante antiga, o Estoicismo. De nada adianta gastar energia se preocupando com coisas que não estão em seu controle. Se choveu, você decide se vai tomar chuva, usar um guarda-chuva ou se nem vai sair de casa. Essa decisão é sua. Mas se vai chover ou não independe da sua vontade.

Não que esse autor consiga fazer tudo o que colocamos aí acima, os que me conhecem bem sabem que também sofro com as dúvidas do mundo moderno, mas pelo menos espero poder crescer neste processo e talvez ajudar meus irmãos também.



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