Quem foi Tubalcain?
Tubalcaim é uma figura bíblica; ferreiro e mestre em metalurgia. Ele é descendente de Caim, filho de Lamech e Zillah, e seus três irmãos são:
Jabel – na Bíblia ele é descrito como um pastor, mas de acordo com o Manuscrito Cooke ele teria a fama de ter descoberto a geometria e se tornado o Mestre Maçom de Caim.
Jubal – o antepassado dos músicos, é descrito como “o pai de todos os que tocam harpa e flauta”.
Naamah – ela é conhecida por ser uma professora de leitura e/ou a inventora da tecelagem.
A Bíblia, em Gênesis 4:22 o descreve de várias maneiras, como “instrutor de todo artífice de bronze e ferro” ou “um forjador de todos os instrumentos [de corte] de bronze e ferro”.
Tubalcaim foi o pai das pessoas que trabalham com bronze e ferro.
Flávio Josefo, em seu livro Antiguidades dos Judeus, afirmou que Tubalcaim “excedeu todos os homens em força, e era um especialista e famoso em performances marciais”.
Tubalcain e sua família fazem sua primeira aparição relacionada à maçonaria no Manuscrito de Matthew Cooke (c.1450), o segundo mais antigo das 'Old Charges' maçônicas, que retrata a lenda da construção de dois pilares, pelos quatro filhos de Lamech, ou seja, Jabel, Jubel, Tubal e Naamah.
Temendo a destruição do mundo pelo fogo ou pela água, os irmãos decidiram inscrever todas as ciências que haviam fundado nesses pilares, um de mármore, que não queimava, e outro de tijolo de barro, que não afundava.
Você deve entender
que este filho Tubalcaim
foi [o] fundador da arte
dos ferreiros, e de outros ofícios de
metal, ou seja, de ferro,
de bronze, de ouro e de prata,
como alguns médicos dizem, seu
irmão Naamah foi o fundador dos
tecelões-artesanato…
Manuscrito Cooke MS – 239-247]
... Eles tomaram seu conselho
juntos e, por toda a sua inteligência,
eles disseram que [havia] 2 tipos de
pedra(s) de tal qualidade que ela
nunca iria queimar, e a pedra
se chama mármore, e que a outra pedra
que não vai afundar na água e
que essa pedra chama-se latres (um termo antigo para barro - NT), e
então eles planejaram escrever todas
as ciências que eles tinham encontrado
nestas 2 pedras, [para que] se Deus
decidisse vingar-se, pelo fogo, que o
mármore não deve queimar.
E se Deus mandasse sua vingança,
pela água, que o outro não deveria
afundar…
[Manuscrito Cook, 262-277]
É importante ressaltar que James Anderson teve acesso ao manuscrito de Cooke quando produziu suas Constituições de 1723. Ele cita as sessenta linhas finais em uma nota de rodapé à sua descrição da assembléia de York.
O seguinte é um trecho de The Freemason at Work, de Harry Carr, que nos dá uma resposta concisa sobre por que Tubal-cain é proeminente no ritual maçônico:
P. Por que Tubalcaim, um artífice de metais, desempenha um papel tão importante em nosso ritual? Por que não foi escolhido um construtor — ou pelo menos alguém ligado à arte de construir?
R. Para uma resposta completa a esta pergunta, temos que voltar aos documentos mais antigos da Arte, o manuscrito das Constituições, mas primeiro devemos olhar para o pano de fundo bíblico para a história, que aparece em Gen. 4 de 16-22.
A Bíblia nos conta como Caim, tendo assassinado seu irmão, escapou do Éden para Nod, onde sua esposa lhe deu um filho, Enoque. Caim então construiu, ou começou a construir, uma cidade e sabendo-se amaldiçoado, deu-lhe o nome de seu filho Enoque.
Os versículos seguintes relatam o nascimento do neto de Enoque, Lameque, com a história das duas esposas de Lameque e seus quatro filhos:
Jabal, o pai, ou o criador, da ciência de cuidar dos rebanhos. (Abel havia sido pastor, mas Jabal havia ampliado a classe de animais que podiam ser domesticados).
Jubal, fundador da arte da música.
Tubalcaim, inventor da forja, hábil em latão e ferragens e em instrumentos de corte.
Naamah. O texto do [Antigo Testamento] simplesmente a nomeia como filha de Lamech. Mas surgiu uma tradição judaica, e foi bem estabelecida entre os historiadores na Idade Média, de que ela foi a inventora das artes da tecelagem e outras habilidades relacionadas.
Agora chega de pano de fundo, amplificado ligeiramente com notas dos primeiros comentários.
A história, no que diz respeito ao nosso ritual atual, é derivada da antiga lenda do pilar incorporada na porção histórica das Constituições, nossas Velhas Obrigações (Old Charges).
Conta como os quatro filhos de Lameque, temendo que o mundo fosse destruído pelo fogo ou pelo dilúvio, "reuniram-se em conselho" e decidiram inscrever "todas as ciências" que haviam fundado, sobre dois pilares, um de mármore e o outro o de lacerus (tijolo de barro), porque um não queimava e o outro não afundava na água.
Não há necessidade de discutir a “precisão” da lenda. Flavio Josefo deu uma versão disso em suas Antiguidades, e a história reaparece nos escritos de muitos historiadores medievais.
A versão ‘maçônica’ mais antiga aparece no manuscrito Cooke, 1410, onde o compilador claramente tentou reconciliar vários relatos conflitantes, mas o relato do manuscrito Cooke é repetido regularmente (com variações) em todas as versões subsequentes das Constituições.
Esses dois pilares, e não os do templo de Salomão, foram os primeiros pilares da história lendária da Arte e nossa história continua contando como o mundo foi salvo no dilúvio de Noé e como a ciência da alvenaria viajou do leste através do Egito para a Europa e foi finalmente estabelecido na Inglaterra.
Por que não foi escolhido um construtor? Sem dúvida porque o primeiro construtor de uma cidade, segundo o antigo testamento, foi Caim, que era um assassino.
Por que Tubalcaim? Eu diria, porque ele foi o precursor de Hiram Abiff; de fato, o Antigo Testamento (Gn 4, v. 22, e I Reis 7, v. 14) usa precisamente as mesmas duas palavras hebraicas para descrever seu ofício, (choreish nechosheth) 'um trabalhador em latão'.
Tubalcaim foi o fundador do ofício em que Hiram Abiff, acima de tudo, se destacou e foi o elo direto entre os dois primeiros pilares e os do Templo de Salomão.
Embora o nome Tubalcain apareça regularmente em todas as nossas Antigas Obrigações, deve-se notar que o nome não entrou em nosso ritual até uma data relativamente tardia, (1745); não há evidência impressa desse nome no ritual maçônico anterior a 1745, mas recentemente descobertas transcrições de evidências fornecidas às autoridades da Inquisição portuguesa sugerem que o nome estava em uso em uma Loja de Irlandeses em Lisboa já em 1738.
Extraído de: O maçom no trabalho
Harry Carr e revisado por Frederick Smyth
Tradução: Paulo Maurício M. Magalhães