A Lenda Noaquita

A Maçonaria e a Lenda Noaquita 


Traduzido de Square Magazine 


Quando ouvimos os termos "História Maçônica nos informa"... devemos estar menos focados na precisão e mais nas lições que as cerimônias pretendem transmitir.

Se alguém perguntasse a um maçom sobre a história da arte real, provavelmente seguiria uma narrativa sobre suas bases nas antigas guildas de pedreiros. Pode haver uma discussão sobre o que significam exatamente ferramentas e outros itens conectados a ritualística como itens simbólicos que oferecem um lembrete de como viver uma vida reta.

Em algum momento haverá uma alusão à construção do Templo do Rei Salomão. Essa identidade com um construtor está profundamente arraigada durante o processo ritualístico de se tornar um Mestre Mason.

Ao ascender pelos graus os iniciados são incentivados a iniciar sua busca pessoal por mais conhecimento e é uma das funções de um Mestre Maçom – pois pode ser considerado a forma com a qual ele é 'pago o salário de Mestre' ('Salários', 1933).

Durante esta busca, descobrirá que a maçonaria se baseia mais na tradição que na história. Como muitas coisas no Ofício, essa tradição é um baluarte da linha de sucessão de uma geração para outra. Mas as tradições começam, mudam e terminam com o passar do tempo. Nos mais de 300 anos em que a fraternidade existe isso pode ser encontrado no ritual e suas muitas revisões e versões. Às vezes, indicações de tradições muito mais antigas podem ser descobertas em uma palavra, frase ou detalhe esquecido em um texto.  Uma dessas frases é o foco deste estudo.


Constituição de Anderson

As Constituições de Anderson são consideradas a base da maçonaria moderna e parte da sua fundação. Elas foram escritas para fornecer um método pelo qual padronizar as práticas do Ofício. Foi escrito para a Primeira grande loja da Inglaterra e seria aplicado às lojas dentro de Londres e Westminster que operavam sob aquela Grande Loja.

Dentro deste trabalho está a Lenda Hirâmica junto com o modelo organizacional da pirâmide da Maçonaria. O trabalho foi publicado em 1723 e 1738. (Anderson & Franklin, 1734). As Constituições foram baseadas nas Constituições góticas ou nos "Manuscritos Maçônicos Antigos", bem como nos Regulamentos Gerais que foram compilados por George Payne em 1720 (Vibert, 1923).

O título completo da edição de 1723 foi As Constituições dos Livres – Maçons, Contendo a História, Encargos, Regulamentos &c. da Mais Antiga e Legítima Fraternidade Adorada, para o uso das lojas (Anderson & Franklin, 1734).

Em 1738, a Grande Loja de Londres e Westminster tornou-se a Grande Loja da Inglaterra e as Constituições de Anderson foram utilizadas.

 

 

A Versão da História de Anderson

As Constituições de Anderson oferecem um esboço da história do Ofício e como seus mistérios foram transferidos de uma geração para outra. Esta história começa com Adão:

Adão, nosso primeiro Pai, criado após a Imagem de Deus, o grande Arquiteto do Universo, deve ter tido as Ciências Liberais, particularmente geometria, escritas em seu Coração; pois mesmo desde a Queda, encontramos os Princípios dele nos Corações de sua Prole, e que, ao longo do tempo, foram levados adiante em um método conveniente de proposições, observando as Leis de Proporção tomadas Ano do Mundo 4003 antes de Cristo do Mecanismo: De modo que como as Artes Mecânicas deram ocasião ao Erudito para reduzir os Elementos da Geometria em Método,  esta nobre Ciência, assim, é a Fundação de todas essas Artes, (particularmente de Alvenaria[aqui usamos alvenaria para evitar confundir com a fraternidade maçônica em si N do T] e Arquitetura) e a Regra pela qual são conduzidas e realizadas.

Sem dúvida, Adão ensinou a seus filhos geometria, e o uso dela, nas várias Artes e Ofícios convenientes, pelo menos para aqueles primeiros tempos; para Caim, encontramos, construiu uma cidade, que ele chama de CONSECR ATED, ou DEDICADO, em homenagem ao nome de seu filho mais velho Enoch; e tornando-se o Príncipe de uma Metade da Humanidade, sua Posteridade imitaria seu exemplo real em melhorar tanto a nobre Ciência quanto a arte útil. (Anderson & Franklin, 1734, p. 7-8)

 

Essa informação foi então passada através das gerações para Noé:

Mas sem considerar relatos incertos, podemos concluir com segurança que o velho mundo, que durou 1656 anos, não poderia ignorar a alvenaria; e que ambas as famílias de Seth e Caim ergueram muitas obras curiosas, até que finalmente Noé, o nono de Seth, foi comandado e dirigido por Deus para construir a grande Arca, que, tho' de Madeira, foi certamente fabricada pela Geometria, e de acordo com as Regras da Maçonaria.

Noé, e seus três filhos, Japhet, Shem, e Ham, todos verdadeiros construtores[maçons verdadeiros no texto original N do T], trouxeram consigo para além do Dilúvio as Tradições e Artes dos Antedeluvianos, e amplamente os comunicaram aos seus filhos em crescimento. (Anderson & Franklin, 1734, p. 8-9)

 

Ele afirma que foi através desta transmissão de Noé que as artes e ciências foram preservadas através do Dilúvio e continua até hoje.


A Importância da 'Lei Moral'

Então por que essa conexão com Noé? Noé e seus filhos eram "todos os maçons verdadeiros" (Anderson & Franklin, 1734, p. 9) e diz-se que um maçom é obrigado por seu mandato a observar a lei moral como um verdadeiro Noachida (Anderson & Hughan, 2004).


Este termo faz alusão a um descendente de Noé, aqueles que preservaram o que seriam chamados de as  "Sete Leis de Noé". Então, parece que para ser um "Maçom verdadeiro" deve-se seguir os preceitos ou pelo menos o espírito dessas leis.

Anderson descreve a importância de obedecer à "lei moral". Esta lei pode ser considerada universal, compartilhada minhas muitas crenças – sob as quais os homens são julgados.

O sistema Noachide poderia ser considerado como aquele que se encaixa com o ponto teológico universal da maçonaria. De acordo com as escrituras, havia um dilúvio no qual a humanidade foi punida por corromper a lei de Deus. A figura central desta lenda é Noé. Diz a lenda que ele foi apontado por Deus devido à sua justiça insuperável, e como tal ele se tornou o progenitor do mundo pós-inundação.

Como se sente que ele era justo, entende-se que ele devia ter seguido algum código moral.

Houve inúmeras tentativas ao longo da história de se definir este código de moral e ético. O Livro dos Jubileus, cujas cópias foram encontradas nas cavernas do Mar Morto são um exemplo. Este código universal foi delineado em sete categorias, conhecidas como "as sete leis de Noé" ou o "Pacto Noaquita" ('Retorno às nossas Raízes', 2009).

O arco-íris é o símbolo não oficial do Noaquismo, lembrando a narrativa do dilúvio gênesis em que um arco-íris aparece para Noé após o Dilúvio, indicando que Deus não inundaria a Terra e destruiria toda a vida novamente.

Esses sete preceitos estão listados como uma injunção positiva para estabelecer um sistema de justiça, proibições contra idolatria, blasfêmia (profananar o nome de Deus), imoralidade sexual, derramamento de sangue, roubo e o consumo de sangue (ou "um membro arrancado de um animal vivo").

Quando se lista ou classifica as leis morais universais, seria lógico que se torna uma responsabilidade de todos manter esses deveres morais e éticos. É esse código antigo e ético que Anderson, Oliver e Dermott encontram o básico da prática maçônica ('Return to our Roots', 2009).

Esses códigos parecem anteceder um sistema particular de teologia e podem ser encontrados como blocos básicos de construção em muitas crenças, incluindo judaísmo, cristianismo e islã. Anderson defendeu sua inclusão no "código moral" de um maçom:

Um Maçom é obrigado por seu mandato a observar a lei moral como um verdadeiro Noaquita; e se ele entender corretamente o Ofício, ele nunca será um ateu estúpido nem um libertino irreligioso, nem agirá contra a consciência.

Nos tempos antigos, os maçons cristãos eram acusados de cumprir os usose costumes dos cristãos de cada país onde viajavam ou trabalhavam; sendo encontrados em todas as nações, mesmo de diversas religiões.

Os maçons são geralmente encorajados de aderir a essa religião universal na qual todos os homens concordam (deixando cada irmão com suas próprias opiniões particulares); ou seja, para serem bons homens e verdadeiros, homens de honra e honestidade, por quaisquer nomes, religiões ou fé que possam ser professar; pois todos concordam nos três grandes artigos de Noé, o suficiente para preservar a união da loja.

Assim, a Maçonaria é o Centro da União, e local  de conciliação de pessoas que de outra forma teriam permanecido separadas. (Anderson & Hughan, 2004)


As Velhas Tradições

A este ponto, historiadores maçônicos citariam que a importância de Noé para o Ofício envolve sua linhagem de Adão, "o primeiro Maçom", sua importância na preservação do conhecimento após o Dilúvio e por sua contribuição para o estabelecimento de um código moral universal.

Mas Anderson não é o único lugar em que encontramos menção de Noé e suas possíveis conexões com a Maçonaria. Um estudo das tradições que podem ter influenciado Anderson pode lançar alguma luz sobre isso.

Uma pista está contida em uma obra conhecida como Constituição de York. A data reivindicada deste manuscrito é 926 D.C., embora se suspeite que isso seja muito exagerado e os estudiosos sugerem uma data do início do século XVIII para este manuscrito.

Este manuscrito foi um dos três documentos maçônicos contidos na obra do Dr. Krause (1781-1832) intitulado, "Os Três Documentos Mais Antigos da Irmandade dos Maçons" (Gould, 1884).

Citando a História da Maçonaria de Mackey ele diz:

"no manuscrito Krause., sob o título  de "As Leis ou Obrigações assumidas diante de seus irmãos Maçons pelo Príncipe Edwin", encontramos o seguinte artigo.

"A primeira obrigação é que você honre sinceramente a Deus e obedeça às leis dos noaquitas, porque são leis divinas, que devem ser observadas por todo o mundo. Portanto, você deve evitar todas as heresias e, assim, não pecar contra Deus." (Mackey, 1898, p. 410)

Harvey A. Eysman em seu artigo "Referências Maçônicas a Noé como o Mestre Construtor", descreve algumas outras fontes históricas para a inclusão de Noé na Maçonaria. Ele afirma que "as primeiras referências a Noé são geralmente associadas com o mundo antediluviano ou com as subidas das marés.

Já em 1700, referências à "marca de inundação" devem ser encontradas em fragmentos como o manuscrito Chetwode Crawley , e mais tarde em seu gêmeo, o manuscrito Kevan (c. 1714), no qual uma alusão a uma penalidade ligada a uma "marca de inundação" é detalhada. Versões posteriores, como o manuscrito Wilkinson  (c. 1727), fazem referência direta à "maré" e ao seu ciclo de vinte e quatro horas, que é uma imagem que é atual hoje no ritual maçônico' (Eysman, n.d.)

Algumas conexões iniciais com Noé foram feitas mais em um sentido histórico para conectar Noé à "ciência do construtor". Tanto o manuscrito Graham (1726) quanto o Purjur'd Free Mason Detected (1730) fazem referência direta a Noé e seus filhos. O Perjur'd Free Mason Detected foi um panfleto escrito anonimamente publicado em Londres em 1730. O documento, quando se refere a Noé, contém uma parte sobre Ham, o segundo filho de Noé, "tendo um Gênio da Arquitetura (sic)", e menciona o Dilúvio. O documento ainda alude que Ham comunicou o conhecimento da arte necessária para erguer a Torre de Babel. (Eysman, n.d.)

Shem, Ham e Japheth – Filhos de Noé – Por James Tissot


O Manuscrito Graham contém menção direta de Noé e seus filhos e uma descrição de uma lenda descrevendo sua morte. O manuscrito contém uma série de eventos que contém elementos que são familiares aos maçons, incluindo cinco pontos e a busca por uma palavra. O texto descreve que Shem, Ham e Japheth estavam em busca de obter os segredos que Deus confiou a Noé.

A história esboçou sua busca por seu túmulo. Nota-se que eles decidiram que se os verdadeiros segredos não pudessem ser encontrados que eles incorporariam a primeira coisa que encontrassem. A história continua que o corpo foi encontrado. Houve duas tentativas mal sucedidas, e uma bem sucedida, de elevá-lo. Da mesma forma, o método para as duas primeiras falhas e o sucesso final com a elevação do corpo são familiares aos membros atuais:

Eles não duvidavam, mas acreditavam mais firmemente que Deus era capaz e se mostraria disposto, através de sua fé, oração e obediência, a fazer com que o que eles acharam fosse tão valioso para eles como se tivessem recebido o segredo desde o  início do próprio Deus.

[trecho suprimido por fazer referência direta ao ritual N do T]



Os Pilares

Outra conexão interessante pode ser encontrada no simbolismo dos pilares. A Maçonaria Moderna tem uma forte conexão com os dois pilares que foram encontrados na entrada do Templo do Rei Salomão. O uso de dois pilares também é encontrado na Lenda de Noé que foram construídos por Lamech.

Em uma versão da criação dos dois pilares, os descendentes de Seth, Enoch e Lamech, levaram vidas justas. Pesquisas nesta parte da lenda podem ser confusas, pois Caim também tinha descendentes também chamados Enoch e Lamech.

Os descendentes de Seth são creditados com o desenvolvimento da astronomia, e a divisão do tempo em semanas, meses e anos, bem como a evolução dos caracteres hebraicos. A lenda afirma que eles foram avisados por uma profecia de que o mundo acabaria e por isso tornou-se importante preservar esse conhecimento.

A solução foi inscrever esse conhecimento em dois pilares, cada um contendo informações idênticas com a esperança de que um ou outro sobrevivessem à destruição do Mundo. O primeiro foi dito ter sido feito de tijolo, o outro de pedra. ('Pilares', 2016)

Em outra versão são os filhos de Lamech – os descendentes de Caim – que desenvolvem o conhecimento e inscrevem as informações sobre os pilares.

Lamech se casa com duas mulheres, a primeira foi Adah. Esta união produziu Jubal e Jabal.

Jubal é dito ter sido o pai da música. Jabal era o pai de "aqueles que vivem em barracas e criam gado". – a ciência da agricultura.

A segunda esposa de Lamech era Zilla. Eles tinham um filho, TubalCain, que era um trabalhador de bronze e ferro. TubalCain também tinha uma irmã Naamah (às vezes soletrada Na'amah) que a lenda sustenta era a mãe da tecelagem.

Bronze e ferro de TubalCain - Por Phillip Medhurst


O método da destruição não é claro em nenhuma das profecias. As histórias indicam inundação (inundação ou dilúvio) ou conflagração (fogo ou queima). É a motivação para inscrever as informações sobre os dois pilares em um esforço para garantir sua sobrevivência. É interessante que este conceito se aplique aos pilares de Salomão. Isso se conecta à história antediluviana – a salvaguarda do conhecimento acumulado – semelhante à que está sendo armazenada nos pilares do Templo do Rei Salomão. ('Pilares', 2016)



A Mudança

Alexander Horne, em seu trabalho O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica cita um artigo de George Bullimore que examina uma teoria que oferece que "os primeiros construtores das igrejas, usando muita madeira poderiam ter baseado suas tradições nos filhos de Noé", enquanto os cortadores de pedra estabelecidos em Westminster podem utilizar uma lenda ligada ao Templo de Salomão que foi construída de pedra.. Esta teoria pode explicar como as lendas transformaram uma para a outra. (Horne, 1972, p. 342)

Bernard Jones, em Guia e Compêndio de seus Maçons (1950), oferece outra teoria.

Ele afirma que a natureza da lenda necromântica de Noé pode ter sido uma razão para a mudança. Ele sugere que os Rosacruzes, que entraram na maçonaria na década de 1700, provavelmente estavam cientes da história de Noé e deram-lhe um cenário dramático. (Jones, 1950, p. 317). Editores posteriores podem ter introduzido o nome de Hiram, que estava ligado ao projeto de Salomão. Foi aqui que Hiram foi transformado em arquiteto e o centro da história.

Os elementos necromanticos foram suavizados, e a história foi dada uma moral (Jones, 1950). Conde Goblet d'Alviella em sua obra A Migração dos Símbolos (1894) examina que através da linguagem e cultura os nomes são muito mais facilmente alterados ou trocados do que a própria lenda; o herói pode variar, mas o mito parece permanecer (D'Aviella, 1894).

A personalidade de Noé se funde à personalidade de Hiram. Com apenas uma mudança de nome o mito, mas nos detalhes importantes, permanece o mesmo.

John Theophilus Desaguliers (1683 -1744), filósofo francês. Gravura após Hans Hysing



Legado

A Lenda Noachite pode ter sido substituída, mas sua influência ainda pode ser sentida no Ofício.

Irmãos podem encontrar inspiração e alguma orientação na pesquisa das Leis Noachite. Remanescentes da Lenda podem ser encontrados nos símbolos da Arca e Âncora em Terceiro Grau.

Em algumas jurisdições, o símbolo dos Diáconos é a pomba.

Dentro do Rito Escocês há o 21º grau – o de Noaquita ou Cavaleiro Prussiano – embora além do nome haja muito pouco mais de conexão com a Lenda.

Emblema do Royal Ark Mariner Degree


Talvez o maior remanescente da Lenda possa ser encontrado nos Graus Maçônicos Aliados, [ ligados ao rito de York e graus ingleses N do T] especificamente o grau de Royal Ark Mariner.

O cenário é uma representação simbólica da Arca com os três principais oficiais sendo Noé, Shem e Japheth. Os candidatos à Iniciação no Royal Ark Mariner Degree são denominados como "Elevados" e esta cerimônia é baseada na história de eventos antes, durante e depois da Inundação Bíblica.

Cinco Virtudes Cardeais características da maçonaria são inculcadas: Vigilância, Discrição, Amor Fraternal, Verdade e Caridade são ilustradas. O candidato é presenteado com um avental e uma joia. A joia da Ordem tem a forma de um arco-íris com uma Pomba com um ramo de oliveira anexado e, em uma fita, tendo as cores de um arco-íris.

Esta referência à Pomba portando um ramo de oliveira testemunha as ligações passadas com a Arca e hoje  os Diáconos carregam este mesmo emblema. (Jackson, 2007) Para encerrar, eu ofereço isso. A maçonaria é um sistema de moralidade, velado em alegoria e ilustrado por símbolos.

As lições que oferece, as oportunidades de autoaperfeiçoamento que apresenta estão entrelaçadas no método pelo qual se  transmite sua mensagem. O estudo da história de Noé, os eventos do Dilúvio e os esforços dos sobreviventes oferece ao estudante a oportunidade de encontrar outras fontes de contemplação.

Ela nos lembra da importância de "obedecer à lei moral", nossas obrigações com nosso Criador, bem como uma ênfase na fé. Também oferece ao estudante maçônico um lembrete de que as verdadeiras origens do Ofício nunca serão conhecidas.

Também pode servir como um lembrete de que quando ouvimos os termos "História Maçônica nos informa" que devemos estar menos focados na precisão e mais nas lições que as cerimônias pretendem transmitir.



Referências

A Master’s Wages. (1933, February). Short Talk Bulletin, 11.

Acaster, E. J. (2018). The Noah legend and the Graham Manuscript. Ars Quatuor Coronatorum,

 Anderson, J., & Franklin, B. (1734). The Constitutions of the Free-Masons (1734) – an online electronic edition. Faculty Publications, UNL Libraries , 25. Retrieved from

https://digitalcommons.unl.edu/libraryscience/25

 Anderson, J., & Hughan, W. J. (2004). Anderson’ s Constitutions of 1738. Whitefish, MT: Kessinger.

 Blumenthal, F. (2012). Noah’s ark as metaphor. Jewish Bible Quarterly, 40(2), 89-92.

 Carr, H. (1984). Hebraic aspects of the ritual. Quatuor Coronati Transactions, 97.

 D’Aviella, G. (1894). The migration of symbols. London, England: Charles Whittingham and Co.

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 Eysman, H. A. (n.d.). Masonic References to Noah as the Master Builder. Paper presented at the

Thomas Smith Webb Chapter of Research No. 1798, New York. Retrieved from

https://www.scribd.com/doc/2914933/Masonic-References-to-Noah

 Gould, R. F. (1884). The history of Freemasonry Vol. 2. [Google Play Books]. Retrieved from  https://books.google.com

 Harrison, D. (2010, April). The Masonic enlightenment: a continuation of Desaguliers and the birth of modern Freemasonry. Knight Templar Magazine, 55(4).

 Harvey, W. (1935). The Story of Hiram Abiff (2 ed.). Dundee: T. M. Sparks & Son.

 Horne, A. (1972). King Solomon’s Temple in the Masonic tradition (2nd ed.). Great Britain: Aquarian Press.

 Jackson, K. (1980). Beyond the craft (2nd ed.). Shepperton, United Kingdom: Lewis Masonic.

 Jones, B. (1950). The Freemason’ s guide and compendium. London, England: George. G. Harrap & Co. Ltd.

 Mackey, A. G. (1884). An Encylcopedia of Freemasonry. Philadelphia, PA: L. H. Everts & Co.

 Mackey, A. G. (1898). The history of Freemasonry. New York: The Masonic History Company.

 Sharman, W. (1993). … Beside the pillar… as the manner was (2 Kings 11,14). Ars Quatuor  Coronatorum, 106, 236-240.

 The Graham Manuscript. (n.d.). Retrieved from http://www.masonicsites.org/Graham_Ms.htm The Noachide faith in Masonic sources: the Old Charges – a return to our roots. (2009). Retrieved from http://masoneriadetradicion.blogspot.com/2009/10/noachide-faith-in-masonic-sources.html

 Today in Masonic history: the first two pillars. (2016). Retrieved from  https://www.masonrytoday.com/index.php?new_month=5&new_day=13&new_year=2016


Artigo original por: Steven Joyce

Professor Adjunto, University of Pittsburgh – Graduate School of Social Work.

Past Master, da Loja Enchanted Mountains #252, Membro da Loja de pesquisa Western NY, membro da loja de pesquisa de Buffalo, NY Pensilvânia, Membro Associado da Loja  Living Stones #4957,  Companheiro da GLUI, Membro do Grande Colégio dos ritos.

 Tradução : Paulo Maurício Magalhães


Quem foi Tubalcain?

 Quem foi Tubalcain?


Traduzido de Square Magazine



Tubalcaim é uma figura bíblica; ferreiro e mestre em metalurgia. Ele é descendente de Caim, filho de Lamech e Zillah, e seus três irmãos são:

Jabel – na Bíblia ele é descrito como um pastor, mas de acordo com o Manuscrito Cooke ele teria a fama de ter descoberto a geometria e se tornado o Mestre Maçom de Caim.

Jubal – o antepassado dos músicos, é descrito como “o pai de todos os que tocam harpa e flauta”.

Naamah – ela é conhecida por ser uma professora de leitura e/ou a inventora da tecelagem.

A Bíblia, em Gênesis 4:22 o descreve de várias maneiras, como “instrutor de todo artífice de bronze e ferro”  ou “um forjador de todos os instrumentos [de corte] de bronze e ferro”.


Tubalcaim foi o pai das pessoas que trabalham com bronze e ferro.


Flávio Josefo, em seu livro Antiguidades dos Judeus, afirmou que Tubalcaim “excedeu todos os homens em força, e era um especialista e famoso em performances marciais”.

Tubalcain e sua família fazem sua primeira aparição relacionada à maçonaria no Manuscrito de Matthew Cooke (c.1450), o segundo mais antigo das 'Old Charges' maçônicas, que retrata a lenda da construção de dois pilares, pelos quatro filhos de Lamech, ou seja, Jabel, Jubel, Tubal e Naamah.

Temendo a destruição do mundo pelo fogo ou pela água, os irmãos decidiram inscrever todas as ciências que haviam fundado nesses pilares, um de mármore, que não queimava, e outro de tijolo de barro, que não afundava.


Você deve entender

que este filho Tubalcaim

foi [o] fundador da arte

dos ferreiros, e de outros ofícios de

metal, ou seja, de ferro,

de bronze, de ouro e de prata,

como alguns médicos dizem,  seu

irmão Naamah foi o fundador dos 

tecelões-artesanato…

Manuscrito Cooke MS – 239-247]


... Eles tomaram seu conselho

juntos e, por toda a sua inteligência,

eles disseram que [havia] 2 tipos de

pedra(s) de tal qualidade que ela

nunca iria queimar, e a pedra

se chama mármore, e que a outra pedra

que não vai afundar na água e

que essa pedra chama-se latres (um termo antigo para barro - NT), e

então eles planejaram escrever todas

as ciências que eles tinham encontrado 

nestas 2 pedras, [para que] se  Deus

decidisse vingar-se, pelo fogo, que o

mármore não deve queimar.

E se Deus mandasse sua vingança,

pela água, que o outro não deveria

afundar…

[Manuscrito Cook, 262-277]


É importante ressaltar que James Anderson teve acesso ao manuscrito de Cooke quando produziu suas Constituições de 1723. Ele cita as sessenta linhas finais em uma nota de rodapé à sua descrição da assembléia de York.

O manuscrito de Woodford, que é uma cópia do Cooke, e tem uma nota explicando que foi feito em 1728 pelo Grande Secretário da Primeira Grande Loja da Inglaterra, William Reid, para William Cowper, Secretário dos Parlamentos, que também havia sido Grande Secretário. 

O seguinte é um trecho de The Freemason at Work, de Harry Carr, que nos dá uma resposta concisa sobre por que Tubal-cain é proeminente no ritual maçônico:

P. Por que Tubalcaim, um artífice de metais, desempenha um papel tão importante em nosso ritual? Por que não foi escolhido um construtor — ou pelo menos alguém ligado à arte de construir?

R. Para uma resposta completa a esta pergunta, temos que voltar aos documentos mais antigos da Arte, o manuscrito das Constituições, mas primeiro devemos olhar para o pano de fundo bíblico para a história, que aparece em Gen. 4 de 16-22.

A Bíblia nos conta como Caim, tendo assassinado seu irmão, escapou do Éden para Nod, onde sua esposa lhe deu um filho, Enoque. Caim então construiu, ou começou a construir, uma cidade e sabendo-se amaldiçoado, deu-lhe o nome de seu filho Enoque.

Os versículos seguintes relatam o nascimento do neto de Enoque, Lameque, com a história das duas esposas de Lameque e seus quatro filhos: 

Jabal, o pai, ou o criador, da ciência de cuidar dos rebanhos. (Abel havia sido pastor, mas Jabal havia ampliado a classe de animais que podiam ser domesticados).

Jubal, fundador da arte da música.

Tubalcaim, inventor da forja, hábil em latão e ferragens e em instrumentos de corte.

Naamah. O texto do [Antigo Testamento] simplesmente a nomeia como filha de Lamech. Mas surgiu uma tradição judaica, e foi bem estabelecida entre os historiadores na Idade Média, de que ela foi a inventora das artes da tecelagem e outras habilidades relacionadas.

Agora chega de pano de  fundo, amplificado ligeiramente com notas dos primeiros comentários.

A história, no que diz respeito ao nosso ritual atual, é derivada da antiga lenda do pilar incorporada na porção histórica das Constituições, nossas Velhas Obrigações (Old Charges).

Conta como os quatro filhos de Lameque, temendo que o mundo fosse destruído pelo fogo ou pelo dilúvio, "reuniram-se em conselho" e decidiram inscrever "todas as ciências" que haviam fundado, sobre dois pilares, um de mármore e o outro o de lacerus (tijolo de barro), porque um não queimava e o outro não afundava na água.

Não há necessidade de discutir a “precisão” da lenda. Flavio Josefo deu uma versão disso em suas Antiguidades, e a história reaparece nos escritos de muitos historiadores medievais. 

A versão ‘maçônica’ mais antiga aparece no manuscrito Cooke, 1410, onde o compilador claramente tentou reconciliar vários relatos conflitantes, mas o relato do manuscrito Cooke é repetido regularmente (com variações) em todas as versões subsequentes das Constituições.

Esses dois pilares, e  não os do templo de Salomão, foram os primeiros pilares da história lendária da Arte e nossa história continua contando como o mundo foi salvo no dilúvio de Noé e como a ciência da alvenaria viajou do leste através do Egito para a Europa e foi finalmente estabelecido na Inglaterra.

Por que não foi escolhido um construtor? Sem dúvida porque o primeiro construtor de uma cidade, segundo o antigo testamento, foi Caim, que era um assassino.

Por que Tubalcaim? Eu diria, porque ele foi o precursor de Hiram Abiff; de fato, o Antigo Testamento (Gn 4, v. 22, e I Reis 7, v. 14) usa precisamente as mesmas duas palavras hebraicas para descrever seu ofício, (choreish nechosheth) 'um trabalhador em latão'.

Tubalcaim foi o fundador do ofício em que Hiram Abiff, acima de tudo, se destacou e foi o elo direto entre os dois primeiros pilares e os do Templo de Salomão.

Embora o nome Tubalcain apareça regularmente em todas as nossas Antigas Obrigações, deve-se notar que o nome não entrou em nosso ritual até uma data relativamente tardia, (1745); não há evidência impressa desse nome no ritual maçônico anterior a 1745, mas recentemente descobertas transcrições de evidências fornecidas às autoridades da Inquisição portuguesa sugerem que o nome estava em uso em uma Loja de Irlandeses em Lisboa já em 1738.

Extraído de: O maçom no trabalho

Harry Carr e revisado por Frederick Smyth

Tradução: Paulo Maurício M. Magalhães

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