O Miosótis como símbolo maçônico
Da mesma forma, a maçonaria há muito usa símbolos para ensinar suas
valiosas e importantes lições. Todo Maçon está familiarizado com seu uso. Um
dos símbolos mais recentes que estão associados à maçonaria é a flor azul Miosótis
(conhecida em inglês como “forget-me-not,” ou “não me esqueças”;
atentos a este nome pois tem relação com o significado dado a ela no texto N do
T). Historicamente, a miosótis ocupa um
lugar na poesia de Wadsworth e Thoreau, lendas medievais alemãs, hagiografia
cristã e história política inglesa. Para os maçons, o miosótis é um símbolo que
nos lembra a resiliência e a resistência, e o amor pela Fraternidade e seus
princípios, mesmo sob aflição e perseguição.
Nos anos entre a 1ª e a 2ª Guerra Mundial, o emblema azul Forget Me Not (Das Vergissmeinnicht) era um símbolo padrão usado pela maioria das organizações de caridade na Alemanha, com um significado muito claro: “Não se esqueça dos pobres e indigentes”.
Foi introduzido pela primeira vez na maçonaria alemã em 1926, bem antes da era nazista, na Comunicação anual da Grande Loja Zur Sonne, em Bremen, onde foi distribuído a todos os participantes.Desde seu início em 1933, depois de Adolph Hitler chegar ao poder, a
Alemanha nazista impôs severas restrições legais, políticas e cívicas contra
instituições que considerava hostis ou inconsistentes com seus objetivos e
ideais. Junto com judeus, homossexuais, portadores de
deficiência mental e física, católicos e testemunhas de Jeová, os maçons também
foram alvo de processos criminais e exclusão da sociedade. Foram emitidos dois
decretos. Um previa o controle nazista sobre o processo educacional. O segundo
tornou a associação em uma Fraternidade Maçônica um crime.
Hitler via a maçonaria como parte da "conspiração judaica" e queria que ela fosse erradicada. Naquela época, havia 85.000 maçons regulares na Alemanha. Adolf Eichman, que mais tarde desempenharia um papel importante na "solução final" de Hitler, invadiu a Grande Loja da Alemanha e confiscou todos os seus registros, incluindo os nomes e endereços de 80.000 maçons alemães. A propriedade da loja foi confiscada e Eichman secretamente emitiu ordens para que os maçons fossem mortos. Suas ordens foram seguidas. Os restantes 5.000 maçons alemães cujos registros não foram encontrados, imediatamente foram para a clandestinidade escondendo seus registros, guardando parafernália e destruindo suas joias. A maçonaria ativa na Alemanha deixou de existir.
Em 1934, membros da Grande Loja do Sol alemã (uma das Grandes Lojas
alemãs pré-guerra) começaram a usar a Miosótis em vez do esquadro e compasso tradicionais
em suas lapelas como uma marca de identidade para os maçons. Este era um
segredo maçônico que nunca foi quebrado. Durante toda a era da dominação
nazista, o pequeno azul Miosótis apareceu em lapelas em cidades e até mesmo em
campos de concentração, usados por irmãos cujo amor pela liberdade, aprendizado
e maçonaria permaneceram fortes mesmo sob o domínio nazista repressivo.
Em 1947, quando a Grande Loja do Sol foi reaberta em Bayreuth pelo
Mestre Beyer, um alfinete na forma de um Miosótis foi adotado como um emblema
dessa primeira convenção anual por aqueles que sobreviveram à amarga escuridão
da era nazista e agora foram capazes de reacender abertamente a luz da
maçonaria. Em 1948, o primeiro Convento dos Grandes Lodges unidos da Alemanha
também adotou o alfinete como um emblema maçônico oficial homenageando aqueles
irmãos que tinham sido forçados a abrigar a luz da maçonaria dentro, mas
ousaram usar a florzinha abertamente.
A tradição de usar a miosótis azul como um tributo àqueles cuja
fidelidade à Fraternidade os diferencia, também foi usada pela irmandade
maçônica do azul Miosótis que reconhece as contribuições dos educadores
maçônicos. Embora Adolph Hitler tenha sido capaz de destruir os vestígios
externos da maçonaria profanando templos e aprisionando ou assassinando maçons,
ele nunca foi capaz de erradicar completamente a Maçonaria na Alemanha. Ele nunca
foi capaz de entender que o respeito pelos direitos individuais e o amor pela
liberdade e pela aprendizagem continuarão a queimar no coração de alguns
homens, e esse é o lugar onde a maçonaria pode suportar mesmo sob o ambiente
mais repressivo. Como a fênix, a maçonaria saiu das cinzas da Alemanha nazista
(como também está fazendo em vários antigos países do bloco comunista) como um
tributo à coragem do homem e à durabilidade desses valores e lições que a
Maçonaria preza.
Em nossos dias não enfrentamos este tipo de perseguição, mas o exemplo da miosótis segue válido. Que ela possa nos lembrar de nos dedicar aos ideais da Arte real mesmo nestes tempos de superficialidade e consumismo. Que ela nos ajude a manter nosso empenho em aprender e ser melhor mesmo quando estes valores já não são os mais propalados. Que nos lembre de sermos maçons, livres e de bons costumes, mesmo quando não estamos nos identificando como tal.