O que é justiça-reflexões maçonicas

 O que é Justiça
Reflexões Maçônicas


Já desde os graus simbólicos, nossa ordem valoriza o ser justo; por esta razão traremos aqui algumas ideias para refletirmos, sem, no entanto, termos a pretensão de responder ou definir totalmente tão amplo e complexo conceito filosófico.

Michael Sandel [1], filósofo de Harvard, inicia seu livro “Justiça: o que é fazer a coisa certa?”, dando o seguinte exemplo: 

Há um veículo desgovernado que está prestes a atropelar e matar um grupo de quatro pessoas. A única alternativa do motorista é virar o volante para a direita, o que acarreta, necessariamente, a morte de uma pessoa.

Ao questionar para o auditório o que cada um faria, parece prevalecer a opinião de que é melhor matar apenas uma pessoa do que matar quatro.


Então, ele muda um pouco o exemplo: ainda há um veículo desgovernado indo de encontro a quatro pessoas. Agora, porém, o motorista não tem alternativa. Ocorre que esse veículo está passando por baixo de um viaduto e você [no caso as pessoas do auditório] está em cima desse viaduto ao lado de uma pessoa obesa. Você pode impedir a morte das quatro pessoas se empurrar a pessoa obesa do viaduto e fazê-la cair na frente do veículo, o que acarretará a morte dessa pessoa.

Nesse exemplo, contudo, a conclusão anterior de que é melhor morrer uma pessoa do que quatro começa a ser questionada.

Mais adiante, o autor relata uma situação em que há quatro doentes em um hospital esperando um transplante, sem o qual eles irão falecer. Em uma sala ao lado, há um jovem cochilando, que é saudável e doador compatível. Novamente o autor questiona se seria melhor matar esse jovem para retirar seus órgãos e salvar as quatro pessoas.

Esses exemplos ainda podem ser alterados. No primeiro exemplo, poder-se-ia trazer qualidades para as pessoas, ou seja, descrever que o grupo de quatro pessoas tem determinadas qualidades e o indivíduo sozinho tem outras. Assim, a conclusão poderia mudar, conforme fossem crianças, trabalhadores, criminosos, moribundos etc. [2].

Muitos exemplos poderiam ser dados e muitos paradoxos levantados. Em geral veríamos uma dicotomia básica na qual buscaríamos o máximo de bem com o mínimo de mal (uma visão mais utilitarista como preconiza Bentham [3]) ou entendendo que uma regra sempre deve ser cumprida (seguindo a visão moralista de Kant [4]). Mas talvez a lei natural máxima seja a visão taoísta do equilíbrio, do balanço que faz o universo se mover; sem o qual acreditaríamos em uma verdade absoluta, em uma solução padrão para todos os problemas.

Da mesma forma, segundo Aristóteles, “a virtude (quesito essencial para a justiça) é, então, uma disposição de caráter relacionada com a escolha de ações e paixões, e consistente numa mediana, isto é, a mediana relativa a nós, que é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática.” Prossegue o filósofo dizendo que “é um meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta...”  

Mas será que são apenas dois elementos a serem considerados? Anaximandro [5], filósofo grego, entende que há uma certa proporção de fogo, terra, água e ar em tudo no universo. Cada um desses elementos tenta perpetuamente aumentar o seu império. Existe, no entanto, uma lei natural, a Justiça, a qual é responsável pela manutenção do balanço, conservando os elementos dentro dos limites eternamente estabelecidos. 

O homem moderno usualmente rejeita estes conceitos como anacrônicos, mas o iniciado pode, à luz do simbolismo maçônico, avaliar esta lição da sabedoria antiga. Ao considerarmos a Justiça como a lei que rege as quatro essências do mundo material, o quaternário, consideramo-la como uma manifestação própria da quintessência, condição do equilíbrio universal, manifestação da lei maior da natureza [6].

Assim, a justiça traz como requisito a sabedoria, pois demanda conhecimento e equilíbrio. A severidade não pode sobrepor ao perdão, nem o perdão se reverter em impunidade. Devemos nos lembrar que, ao lado do “olho por olho, dente por dente”, temos também o ensinamento do Cristo “mostra-lhe a outra face”.

Sob esta perspectiva ser justo não é tratar a todos exatamente iguais, mas diferenciá-los segundo suas particularidades, como nos ensinou o mestre Salomão, no caso do bebê com duas mães (Reis 9,16-23).  Em outras palavras é necessário conhecer todas as vertentes da questão em tela. 

Assim entendendo, podemos concluir que somente o GADU é realmente justo, pois somente ele tudo conhece e, assim, pode decidir com a verdadeira justiça.  Tomemos o caso do Dilúvio ou de Sodoma e Gomorra. Foi justiça ou genocídio?  Temos os dados para avaliar tais casos?  Desta forma, enquanto homens e maçons, devemos saber que meditar e rezar é parte de buscar ser justo; pois, em verdade, nosso conhecimento limitado não nos permitiria ser justo.  Por mais que tenhamos a centelha divina do “bon savage” de Rousseau [7], somos também falhos e incompletos de origem, como nos lembra Thomas Hobbes [8] e mesmo Martines Paschoally [9] em seu tratado da reintegração dos seres.

Outra reflexão interessante pode ser tirada de um conto de Sun Tzu em "A Arte da Guerra." Um príncipe estava reocupando um território tomado por seus inimigos. Como o povo que lá estava era seu povo, ele havia proibido terminantemente os saques sob pena de morte. Quando seu cavalo se descontrola e destrói o milharal de um pequeno agricultor, ele passa o comando para seu General e está prestes a se matar. Acaba sendo interrompido e convencido a apenas raspar a cabeça para mostrar que a lei também valia para ele.  

Neste conto, Sun Tzu [10] falava da disciplina e mostrava que ela depende da justiça do comandante e que para ser justa, uma regra tem que ser universal.  Portanto, o aplicador da justiça, seja ele príncipe, juiz ou simplesmente um chefe, não pode estar acima da lei, atribuindo mais uma vez à Justiça uma propriedade universal e divina. Gaston Courtois [11], em seu livro “A Arte de Ser Chefe”, já nos lembra que o chefe justo deve respeitar a hierarquia, reconhecer seus erros e manter a retidão; nos ratificando que o aplicador da justiça deve ser exigente consigo mesmo ou não será justo já de saída.

Temos que considerar ainda, que a justiça nos fala não somente de um veredicto, mas de uma sentença. Como exemplo, tomemos uma pessoa que furtou uma galinha. Certamente não seria justo condená-la à morte por tortura. Como vemos, a justiça também nos fala de intensidade. A justiça não é vingança! A justiça deve buscar reparar o mal que foi feito (enfoque civil), punir a atitude incorreta (efeito educativo) e evitar a reincidência dos contumazes (efeito protetivo).  

Portanto, “compensar” um assassinato com a morte do assassino, como a Lei de Talião,
não é a solução do problema. Apenas sana a sede de vingança.  Mas será que serviria para proteger outras vítimas de um assassino incorrigível? Este é um dilema ético muito grande para este pequeno trabalho.

Há quem diga que ser justo é seguir a lei. Mas será que somente isso basta? Será que as leis são sempre justas? Lembremos que o holocausto judeu foi feito pela lei; que as “casas de conforto” do governo de ocupação japonês também eram legais em seu contexto de espaço e tempo.  

Segundo Thersimacus, um filósofo grego, só existe um princípio de Justiça: o interesse do poder mais forte. Segundo esta visão, ainda sustentada por muitos em nossos dias, injustiça para os mais fracos é desobedecer aos interesses dos poderosos. Mesmo hoje em dia, governos muçulmanos que sejam radicais na aplicação da Xaria [12] ainda condenam pessoas à chibatadas, perda de membros ou mesmo morte por apedrejamento.  Será que estas leis são justas?

Tomemos algo mais simples como a lei de cotas em nosso país; ela é justa? Cabe lembrar que já colocamos aqui que a verdadeira justiça vem de Deus. Não “um” Deus, mas “O” Deus. Todavia, as leis são feitas segundo um conjunto de preceitos morais e éticos reflexo dos valores de cada civilização e cultura. 

Com isso, toda a legislação tem que mudar para refletir a evolução (espera-se) moral daquele povo. Todas elas podem ser éticas no momento de sua confecção, mas fadadas a caducarem à medida que aquele povo evolui. Mas não há, então, a justiça absoluta e definitiva? Na visão deste irmão há sim; todavia ela está além de nosso estado hoje; devemos buscá-la sempre, mas sabendo que não chegaremos lá.

Em nosso âmbito maçônico a preocupação com a igualdade e a justiça está presente desde as origens. Desde as constituições, passando pelo manuscrito régio e plasmada nos Landmarks a justiça é um desejo presente até hoje na fala final de todo o Or.’. de loja. Ser maçom é buscar ser justo e perfeito. 

O rei Salomão, inicialmente, tomara como modelo jurídico toda a legislação deixada por Moisés ampliando-a caso a caso, de conformidade com o seu conceito pessoal, já que era, graças à graça divina, um homem pleno de sabedoria. Lemos no Salmo 11 “Porque o Senhor é Justo e ama a Justiça; o seu rosto está voltado para os retos”. O conceito de Justiça hebreu é um conceito religioso, sendo o alicerce da Justiça, que é o Direito, a própria “pessoa” de Jeová. 

Como vemos, já naquele contexto a justiça de Salomão era amparada na sabedoria e na fé. Entretanto, consoante com a evolução cultural que falamos. esta é diferente da justiça do Novo Testamento. Lá se vê em Mateus 7,1-5 “Não julgueis, para que não sejais julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está nos olhos de teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”.

Observa-se neste ponto uma justiça mais caridosa e igualitária.  Cabe-nos desta forma buscar o significado universal e eterno desta sabedoria, pois ela também reflete uma situação específica em seu tempo e espaço; do contrário teríamos de seguir até hoje a lei mosaica codificada em Números e Deuteronômio.

Ao longo deste pequeno trabalho, abordamos vários pontos pertinentes ao conceito de Justiça, sem ter conseguido abarcar toda a sua complexidade. Após estas reflexões, entendo que a Justiça é como a verdadeira Sabedoria... um ideal. Como nos dizia Teilhard de Chardin [14] ao nos falar da espiral eterna da evolução; assim é com a busca da Justiça; vamos evoluir e melhorar eternamente sem jamais chegar a um fim. 

A Justiça é uma caminhada, não um lugar ao qual vamos chegar. É a busca por educar, punir, proteger, compensar, equilibrar etc.  Como reflexo de nossa moral ela não é e nem pode ser travada, fossilizada; tem que evoluir em busca do religare; do nosso verdadeiro reencontro com a Moral e a Justiça do GADU.


Paulo Maurício M. Magalhães - MM - MRA - FRC

REFERÊNCIAS


[1] Michael J. Sandel (1953) é um filósofo, escritor, professor universitário, ensaísta, conferencista e palestrante estadunidense,[1] que ficou reconhecido internacionalmente pelo seus livros Justiça - O que é fazer a coisa certa? (2010) e Liberalismo e os limites da Justiça (1982). Seu mais recente livro chama-se O que o dinheiro não compra - os limites morais do mercado (2012).

[2] Do Trabalho “uma noção de justiça” por Leandro Sarai CIM 263809 disponível na rede GOSP

[3] Jeremy Bentham (17481832) foi filósofo, jurista e um dos últimos iluministas a propor a construção de um sistema de filosofia moral, não apenas formal e especulativa, mas com a preocupação radical de alcançar uma solução a prática exercida pela sociedade de sua época. As propostas têm, portanto, caráter filosófico, reformador, e sistemático.

[4] Immanuel Kant (17241804) foi um filósofo prussiano. Amplamente considerado como o principal filósofo da era moderna, Kant operou, na epistemologia, uma síntese entre o racionalismo continental, e a tradição empírica inglesa. Kant é famoso sobretudo pela elaboração do denominado idealismo transcendental.

[5] Anaximandro (a.C.610546 a.C.[1]) foi um geógrafo, matemático, astrônomo, político e filósofo pré-Socrático; discípulo de Tales, seguiu a escola jônica. Os relatos doxográficos nos dão conta de que escreveu um livro intitulado "Sobre a Natureza"; contudo, essa obra se perdeu.

[6] Trabalho “A justiça” do Ir Carlos Tsukada disponível na rede GOSP

[7] Jean-Jacques Rousseau, (17121778), foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço, um dos principais filósofos do iluminismo. Para ele, as instituições educativas corrompem o homem e tiram-lhe a liberdade. Para ele seria preciso educar a criança de acordo com a Natureza, desenvolvendo progressivamente seus sentidos e a razão com vistas à liberdade e à capacidade de julgar.

[8] Thomas Hobbes (5 de abril de 15884 de dezembro de 1679) foi um matemático, teórico político e filósofo inglês, autor de Leviatã (1651) e Do cidadão (1651). Na obra Leviatã, explanou os seus pontos de vista sobre a natureza humana e sobre a necessidade de um governo e de uma sociedade fortes.

[9] Jacques de Livron Joachin de la Tour de la Casa Martinez de Pasqually (1727 - 1779) foi um maçom francês. Herdou de seu pai, aos 28 anos, o cargo de Grão-Mestre Delegado,(outorgado pelo Rei Charles Stuart) com autoridade para levantar templos para o Grande Arquiteto do Universo, anos. Escreveu o livro: Tratado da Reintegração dos Seres, onde comenta o Pentateuco.

[10] Sun Tzu (544 a.C. - 496 a.C.) foi um general, estrategista e filósofo chinês. Sun Tzu é mais conhecido por sua obra A Arte da Guerra, composta por 13 capítulos de estratégias militares.

[11] Gaston Courtois é um eclesiástico francês nascido em 1897, morreu em 22 de de Setembro de 1970 , Fundador do movimento de corações Valentes.

[12] A xaria, xária, xariá (do árabe sendo lido como sharīʿah, "legislação"), também erroneamente grafado sharia, shariah, shari'a ou syariah, é o nome dado ao direito islâmico.

[13] Há uma distinção a fazer entre os vocábulos “Preboste” e “Juiz”, sendo que o primeiro diz respeito a uma Justiça Militar e o segundo a uma Justiça civil. O termo preboste nos vem do francês medieval e designa um magistrado militar existente nos corpos do exército a quem eram submetidos os delitos perpetrados pelos praças. Era título distribuído também a outros ramos da administração pública. Origina-se do latim proepositus, que significa preposto, indicando, à época, o preposto do rei.

[14] Pierre Teilhard de Chardin (18811955) foi um padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês que tentou construir uma visão integradora entre ciência e teologia. Através de suas obras, legou para a sua posteridade uma filosofia que reconcilia a ciência do mundo material com as forças sagradas do divino e sua teologia. Disposto a desfazer o mal entendido entre a ciência e a religião, conseguiu ser mal visto pelos representantes de ambas.


Unidade e Dualidade

Unidade e Dualidade

Traduzido e adaptado de: Square Magazine


Quando  realmente se olha para a natureza durante uma caminhada, por exemplo, ou assistindo à um documentário, vem um sentimento de absoluto temor e admiração à mera complexidade de tudo isso, 





à pura interconexão e inter-confiança de um elemento em outro. Em cada nível de detalhe, o universo funciona como um único inteiro harmonizado.
Nós humanos, no entanto, não vemos as coisas dessa maneira em nosso dia a dia. Tudo parece compartimentado e categorizado.

Isso é por uma boa razão, porque sem ser capaz de fazê-lo não poderíamos discernir a segurança do perigo, a comida de algo não comestível, eu mesmo dos outros. Em outras palavras, ver tudo através de uma lente de dualidade, onde existem opostos polares ad infinitum, nos permite diferenciar as coisas, separando o bem do mal.

Em nossas lojas, isso é notavelmente representado pelo piso mosaico. Esses quadrados preto e branco representam a grande variedade do mundo – claro e escuro, bonito e feio, bom e ruim, fácil e desafiador, para citar apenas alguns exemplos.

Nas palavras do ritual de emulação: "... Isso aponta a diversidade de objetos que decoram e enfeitam a criação, o animado, bem como as partes inanimadas."

No nosso dia-a-dia, sem sermos capazes de dar um passo para atrás e ver tudo como um todo conjunto, ficamos presos em um mundo de outros e de si mesmos (Self). Isso explica muitos dos problemas que enfrentamos hoje como espécie, onde a discriminação e a desunião estão por toda parte.

O mundo natural, onde os animais e plantas estão todos focados em suas preocupações cotidianas, sem perceber o padrão que mantém tudo junto, parece deixar uma pergunta sobre onde nós, como humanos, nos encaixamos em tudo isso. Ou mesmo se existe um padrão para nos encaixarmos. As Escrituras nos informam de uma época em que os humanos existiam em harmonia com o resto do mundo natural, em um verdadeiro paraíso chamado Éden.

Podemos ver essa história como alegórica, lançando o leitor para uma época em que a humanidade era mais simples, conactada à ordem natural, permanecendo inocente do quadro geral. Talvez, naqueles dias, os seres humanos fossem mais instintivos e sentissem conexões mais profundas com o mundo ao redor.

À medida que a história progride, há um ponto onde os personagens comem da árvore do conhecimento do bem e do mal. Se olharmos para isso em termos de dualidade, no entanto, isso não poderia representar o conhecimento de opostos, do o positivo e o negativo? Na mesma tradição é contada como, após comer a fruta, o casal tomou conhecimento de si mesmos e de sua nudez. Eles se tornaram auto-conscientes; ou seja, enxergando a si mesmo como distinto do outro.

Talvez,  isso se aponte para um ponto profundo  de nossa história psicológica, onde nós, como raça, nos tornamos conceitualmente conscientes da noção de dualismo, e desde então isso definiu nossa realidade.  Um indivíduo está ciente de si mesmo como sendo sozinho em um mundo onde qualquer decisão errada pode causar danos duradouros; um mundo hostil e estranho para nós, e a proteção do conceito de  "eu e o meu" é primordial porque ninguém mais virá para nos salvar.

Não é à toa que notícias de ansiedade e problemas de saúde mental enchem tanto nossos ouvidos, nos dias de hoje.  Na era moderna, esse modo de ser é ainda mais exacerbado pelas mídias sociais, o que nos convence de que estamos vivendo em um mundo conectado, quando isso não poderia estar mais longe da verdade.

Estamos acelerando para o polo oposto à conexão, onde os freios não parecem estar funcionando adequadamente. As massas estão compartilhando nas redes sociais um sem número de ideias organizadas em bolhas e câmaras de eco, por algoritmos que literalmente não sabem o que estão fazendo.

O resultado final? Polarização crescente de opiniões. A visão dualista tem estado conosco ao redor das gerações e está rapidamente em ascensão. Dentro deste mar tempestuoso de batalha opinião e confusão, no entanto, há uma ilha chamada Maçonaria.

Enquanto a Ordem contém símbolos que denotam dualismo e a noção de opostos polares, a lenda apresentada ao condidato, leva o herói deste estado disperso e dissociado, para um estado de verdadeira unidade. O ápice deste conto nos ensina lições sobre a morte simbólica de si mesmo e a entrada em um estado de comunhão.

Esta fraternidade é o fio condutor em toda a Maçonaria; desde as calorosas boas-vindas que recebemos antes de entrar e uma vez que jásomos iniciados na Ordem, às lições de apoio mútuo e caridade, onde somos lembrados de que devemos exercer nossos talentos para beneficiar a humanidade e agir de forma caridosa quando a necessidade surgir.

Dentro de nossa Ordem, então, há o lembrete da verdadeira realidade que ilude nossa percepção de trabalho diária: que tudo está conectado das formas mais insondáveis e complexas. Uma mudança em uma parte de um sistema é sentida por todas as outras partes desse sistema. Dito de outra forma, nenhuma pessoa é uma ilha. Talvez o segredo mais importante que podemos ganhar aprendendo esta lição  é que todos nós temos um papel a desempenhar no mundo e na vida. Tudo o que fazemos é tanto o resultado do mundo inteiro sobre nós como o  mundo inteiro sendo o resultado de nossos próprios pensamentos e ações.


E assim, continuamos, circulando em torno de nosso vasto ecossistema. Emaranhados como estamos nesta teia de simbiose, podemos realmente aprender a encontrar e expressar nosso verdadeiro  propósito, se apenas acarmarmos nossas mentes e observarmos.

Nisso há fé e esperança.


ARTIGO POR: Craig Weightman



A vida é simples! A gente é que complica!

 A vida é simples! A gente é que complica!

Recortado e adaptado de: Blog “CN” em Medium

 

Introdução

Este artigo é uma adaptação do artigo original que creditamos acima. Foi tirado de um blog de desenvolvimento pessoal, mas o paralelo com o trabalho sobre a pedra bruta é evidente.

O que me chamou a atenção é que são coisas práticas, lembranças que podem nos ajudar a crescer como pessoa e colocar nossos ideais na prática.... isso não é maçonaria?

Então vamos lá!

 

Olha... Você não tem que pensar demais!

Então, fala-se muito que a vida é complicada, que sempre temos muitas coisas para pensar, muitos ângulos para considerar. E isso é verdade. Este blog não é apenas sobre pessoas que já estão em sua jornada de autoaperfeiçoamento. Este também é um blog para pessoas que não sabem como começar ou não começaram ainda.

Todo mundo tem seus problemas. Alguns podem ter problemas mais significativos, outros podem ter pequenos problemas.

Um problema que a maioria das pessoas tem, independentemente de qualquer fator externo, é que eles complicam demais seus problemas. Ou eles acabam por piorar as coisas para eles mesmos. Claro que cada problema é diferente, eu não posso cobrir todas as coisas possíveis. O que eu vou fazer neste blog é tentar simplificar o autoaperfeiçoamento para você começar.



1.   
Se você quiser mudar seu humor - Exercite-se.  É provado que o exercício muda seu
humor, a curto e longo prazo. Muitas pessoas se exercitam para ficar mais fortes ou melhorar a aparência. Se isso não é o mais importante para você, você pode fazer um pequeno exercício apenas para se sentir melhor. Você não tem que fazer as coisas mais difíceis! Caminhe um pouco todo dia, você não tem que correr a maratona nem levantar pesos para sentir-se melhor. Tente...

 

2.   Se você quiser ficar mais calmo — Medite. Meditação é algo que eu já falei antes. Acho que não tenho que provar que meditar te deixa mais calmo. Isso é um fato. Então, se você está estressado, simplesmente pare sente e medite! Além de se acalmar e melhorar até sua imunidade, você ficará renovado para enxergar a solução daquele problema que o perturbava e aprofundará o entendimento daquilo que estudou. Enfim, ganho sobre ganho.

 

3.    Se você quiser se entender – Tenha um Diário.

 Escrever um diário, por mais simplificado que seja, ajuda a focar e colocar em perspectiva as coisas. Manter um diário do seu dia/experiências é uma maneira MUITO boa de se entender, o diário sobre ideias, situações e
sentimentos vai torná-lo mais autoconsciente. Você vai escolher melhor o que quer fazer e quando fazer! Você terá um ganho imediato de autoconhecimento e, a longo prazo, perceber suas mudanças e entender como os contextos afetam sua percepção. Não tem que ser complexo ou uma peça de literatura, é um papo de você consigo mesmo e só isso. Veja que falamos de um diário, algo que o ajude a se interiorizar, não uma lista de tarefas para deixá-lo ainda mais agitado. Um diário é a ferramenta prática da aplicação do Nosce te Ipsum.

 

4.    Se você quer entender o mundo — Leia.  Ler não-ficção é muito importante se você quiser ter mais conhecimento, mas você não precisa ler livros de matemática/ciências; basta ler algo cujo tema que lhe interessa! Por mais que você se esforce isoladamente, sempre terá apenas suas próprias informações. Ao ler, você abre as portas para agregar o conhecimento e o ponto de vista de outros. Não é possivel ser livre e de bons costumes assim. Mesmo se você discordar, irá crescer e encontrar as chaves para melhorar como pessoa. Se ainda não está pronto para temas mais profundos, mude o tema, mas leia!

  


5.    Se você quiser ver progresso e crescimento — Seja consistente.

Assim é em cima como embaixo”, já dizia a Tábua de Esmeralda. Todo o esforço de crescimento pessoal exige consistência. Por exemplo: não adianta correr uma maratona em um dia e não fazer mais nenhum exercício ao longo do ano. Escolha o quanto você pode aplicar de cada um destes princípios. Estipule metas que você possa atingir confortavelmente e comece!  Faça pouco, mas faça sempre!

Os Landmarks

LANDMARKS



O termo "Landmark" é encontrado em Provérbios 22:28: "Não remova o marco antigo que seus pais estabeleceram." Nos tempos antigos, era costume marcar os limites da terra por meio de pilares de pedra. A remoção destes pilares causaria muita confusão, pois os homens não teriam outro guia além desses para distinguir os limites de suas propriedades. Portanto, removê-los era considerado um crime hediondo. A lei judaica diz: "Não removerá o Landmark dos seus vizinhos, que eles antigamente estabeleceram em sua herança."

Portanto, os Landmarks são aquelas marcas peculiares pelas quais somos capazes de designar nossa herança. Eles definem o que está sendo passado para nós. No caso da maçonaria, eles são chamados de marcos da ordem. 

  Quais são os Landmarks da ordem? Quais são "essas marcas peculiares pelas quais somos capazes de designar nossa herança maçônica?"

Os Landmarks também são, por definição, intocáveis. "Os Landmarks são aqueles fundamentos da maçonaria sem qualquer um dos quais não seria mais maçonaria", disse o Ir⸫. Melvin M. Johnson, Ex-Grão-Mestre de Massachusetts em 1923.


Talvez o método mais seguro seja restringí-los aos costumes antigos e universais da ordem (Old Charges), que gradualmente cresceram em operação como regras de ação ou foram promulgados  há tanto tempo que não existe nenhum relato de sua origem.

Desta forma, Landmarks são usos e costumes, leis e regulamentos, universalmente reconhecidos, existentes desde os tempos imemoriais, considerados os fundamentais princípios da Ordem. Teve origem da palavra inglesa "land", que significa terra e "mark", marca. Antigamente, era a "marca-limite" de propriedade de terras (Landmark).

O problema é que os Landmarks foram compilados por vários irmãos em vários contextos e segundo visões filosóficas diferentes, resultando em listas diferentes, como por exemplo:

 

·    São somente 3 para Alexandre S. Bacon e Chetwood Crawley;

·    5 para Albert Pike, aceitos por Morivalde Calvet Fagundes e José Castellani;

·   6 para Jean Pierre Berthelon, para Carr e para a Grande Loja de Nova York, tomando por base os capítulos em que se dividem as Constituições de Anderson.

·   7 para Roscoe Pound e o cubano Carlos F. Betancourt, adotados pela Grande Loja da Virgínia;

·   8 para a Grande Loja de Massachusetts, repetindo a relação de Mackey, apenas diminuindo-lhe a numeração;

·   9 para J. G. Findel, aceitos pelo Rito Moderno;

·   10 para a Grande Loja de Nova Jersey;

·   12 para A. S. MacBride;

·   14 para Joaquim Gervásio de Figueiredo;

·   15 para John W. Simons adotados pela Grande Loja do Tennessee;

·   17 para Robert Morris;

·   19 para Luke A. Lockwood adotados pela Grande Loja de Connecticut;

·   20 para a Grande Loja Ocidental da Colômbia;

·    23 para a Grande Loja de Louisiana;

·   25 para Albert G. Mackey e Chalmers I. Paton, aceito pela maior parte da maçonaria Brasileira;

·   26 para a Grande Loja de Minnesota;

·    29 para Henri A. Lecerff;

·    31 para o Rev. George Oliver;

·    54 para H. G. Grant adotados pela Grande Loja de Kentucky.

e a lista segue........ 

Como vemos, fica difícil nos referirmos a uma lista definitiva de Landmarks imutáveis, o que dificulta a conciliação com a própria definição do termo Landmark. A verdade é que até 1858 nenhuma tentativa tinha sido feita  por qualquer escritor maçônico para escrever uma coletânia organizada de Landmarks. Naquele ano, Albert Mackey fez a primeira tentativa, quando publicou "A Fundação da Lei Maçônica" em uma revisão maçônica, onde ele estabeleceu vinte e cinco Landmarks. Posteriormente, publicou a lista em um livro intitulado “Text Book of Maçonic Jurisprudence”.  Talvez por serem uma primeira coletânea, estes vinte e cinco foram geralmente aceitos pelos maçons americanos da época e são hoje pelo Brasil.



“Os princípios fundamentais da antiga Maçonaria Operativa eram poucos e simples e não se chamavam Landmarks.”

Albert Pike 





Segundo alguns autores, para que uma regra ou norma seja considerada Landmark tem que reunir em si vários requisitos:

  • Antiguidade, isto é, deve existir desde um tempo imemorial. Por isso, se hoje as Autoridades maçônicas pudessem reunir-se e decretar juntas uma lei universal, esta não seria absolutamente um Landmark;
  • Espontaneidade e generalidade, isto é, o Landmark não tem autor conhecido, não se origina de nenhuma autoridade pessoal, só é Landmark todo uso universal, de origem desconhecida;
  • Invariabilidade e irrevogabilidade, isto é, todo Landmark é inalterável;
Ora, considerando-se esta visão, a adoção canônica de um conjunto de Landmarks sobre o outro seria naturalmente inválida, pois estaria dando à este ou aquele autor, a condição de "profeta" da maçonaria.

Com isso, os Landmarks constituem, na verdade, um problema de difícil aplicação, além disso  nenhuma relação de Landmarks chegou a ser publicada com unânime aceitação. Filosoficamente talvez se devesse usar os princípios das Old Charges ou os conceitos mais abertos das listas mais curtas. Na prática, deve-se seguir o conjunto adotado pela sua obediência, ficando o resto para fins de estudo e meditação


 “Evidentemente, o problema dos Landmarks continuará sem solução possível, e de nada irá adiantar a melhor definição ou a melhor compilação apresentada, porque sempre será um trabalho estabelecido sobre a areia. Como já tivemos oportunidade de dizer para nós, os Landmarks, e particularmente os de Mackey, que obtiveram o maior sucesso, representam, ou para melhor dizer, pretenderam representar dentro da Maçonaria o mesmo papel que as Falsas Decretais desempenharam, outrora, dentro da Igreja Católica.”

Nicola Aslan


Para os maçons que adotam os Landmarks, esta palavra tem o mesmo sentido que na Bíblia; isto é, expressa a ideia de um grande rochedo sagrado e inamovível.

Por outro lado, não devemos esquecer que os próprios artigos da “Constituição” de 1723, dita de Anderson, e muito especificamente o primeiro artigo, foram várias vezes alterados pela Grande Loja da Inglaterra. E mais do que isso, apesar da referência para a observação dos Landmarks, estes nunca foram definidos por aquela Grande Loja. Assim, em seu “Freemasons Guide and Compendium”, Bernard E. Jones escreve:


“Seria impossível, portanto, alguém dogmatizar em matéria em que a Grande Loja não fez qualquer pronunciamento, e em que os Maçons com experiência não podem concordar. 

O que, com muita prudência,  a Grande Loja de Inglaterra não quis definir, alguns autores trataram de fazê-lo."

Bernard E. Jones


Conclusão

Com este artigo não desejamos "derrubar" ou diminuir a importância dos Landmarks. Nossa instituição necessita de um conjunto de parâmetros para se guiar. Todavia, temos de lembrar de sermos sempre livres e de bons costumes, e para ser livre é necessário pensar livremente e, para tal, é necessário conhecer.
É necessário saber que não existe "A" coletânea de Landmarks. Saber que cada uma delas tem sua perspectiva única e que nenhum deles é definitivo ou "sagrado". 
Apesar de a palavra "Landmark" reportar algo perene, a verdade é que não se chegou a um consenso. Assim, cada um deve seguir aquela que sua obediência simbólica elegeu, seja uma das listas clássicas, seja uma elaborada pela própria obediência (como a Grande Loja de Minessota fez). 
Enfim, não existe uma lista sagrada cujo cumprimento exima nossa consciência de avaliar os valores envolvidos, decidir e arcar com as consequências; afinal somos Livres e de bons costumes.


A História da Confissão a MAAT


A História da Confissão a MAAT



Maat era a deusa da verdade, da justiça e do senso de realidade.

Era a filha de Rá, o Sol, e de um passarinho que, apaixonando-se pelo calor e pela luminosidade dos raios solares, subiu por eles até morrer queimado. No momento em que foi incinerado, uma pena voou pelos ares.Essa era Maat!

No mundo dos deuses, ela ocupa um lugar muito importante, pois é a pena usada por Anúbis, o que julga os mortos, para pesar o coração daqueles que ingressam no Duad, o Reino do Além.

Como deusa do equilíbrio, Maat também era responsável pela união do Alto e do Baixo Egito, simbolizando com isso a força da união e os benefícios da justiça. Sem Maat, a criação divina, que é a Terra e seus habitantes, não poderia exitir, pois tudo se afundaria no caos inicial.


O culto de Maat foi difundido desde Tebas e o limite sul de Kemet até o delta do Nilo. Era ela ( Maat ) que na presença de Osíris, Guardião dos portões do além, pesava as consciências no momento da MORTE. Naquela circunstâncias, era costume recitar a Confissão a Maat para o Defunto, afim de atestar sua pureza no momento em que havia cruzado o Grande Umbral.

Durante a vida, ela (a Confissão a Maat) fazia parte das preces que os egípcios recitavam todos os dias, no momento do DESPERTAR E ANTES DE ADORMECER



Confissão a MAAT



Glória a Ti, Ó Grande Deus, Senhor de Toda a Verdade!
Venho a Ti, Ó meu Deus, à Tua presença trago o meu ser, para que possa tomar consciência dos Teus decretos.
Eu Te conheço, e estou harmonizado Contigo e com Tuas Quarenta e Duas leis, que Contigo se manifestam nesta Câmara de Maat…
Em verdade, me coloquei em harmonização Contigo, trouxe Maat em minha Alma.

Por Ti destruí a maldade
Não fiz mal a seres humanos
Não oprimi os membros da minha família.

Não pratiquei o mal no lugar do direito e da verdade.
Não convivi com homens indignos.
Não exigi consideração especial.
Não decretei que um trabalho excessivo fosse feito para mim.
Não apresentei meu nome para enaltecimento.
Não privei de bens os oprimidos.
Não fiz ninguém chorar.
Não causei dor a nenhum ser humano ou animal.
Não espoliei os Templos de suas oferendas.
Não adulterei os padrões de medida.
Não invadi campos alheios.
Não usurpei terras.
Não adulterei os pesos da balança para enganar o vendedor.
Não fiz leitura errada do fiel da balança para enganar o comprador.
Não afastei o leite da boca das crianças.
Não fechei a água num momento em que ela devia correr.
Não repeli a Deus em suas manifestações.

Sou puro…! Sou puro…! Sou puro…!
Minha pureza é a pureza da Divindade do Templo Sagrado.
Portanto, o mal não me acometerá neste mundo, porque eu, eu mesmo, conheço as leis de Deus, que são o próprio Deus.

Cro-Maat!!!!

Porque Estamos aqui?

Porque estamos aqui?


Traduzido de Masonic Society


A condição humana: representaas características, eventos-chave e situações que compõem o essencial da existência humana, como nascimento, crescimento, natureza emocional, aspiração, conflito e mortalidade”. Um elemento-chave foi deixado de fora desta definição tirada da Wikipedia: criação. O ser humano nasceu para criar. Morremos esperando ter criado o suficiente. Os humanos nasceram para construir, ajustar, renovar, melhorar, nascer, cuidar, cultivar – para criar.

Esta pode ser a percepção geral dos leitores aqui, mas estamos todos em busca do "sentido da vida". Porque estamos aqui? Se você é Neil Peart, a resposta é “porque estamos aqui? Tente a sorte!" (Roll the bones, uma expressão em Inglês. N do T). Se você é Jung, diria que é para “realizar uma visão”. A Bíblia (Isaías 43:7) nos diz que o propósito da existência do homem é “glorificar a Deus”. 

Dor, frustração, fraqueza e caos são o resultado da falta de propósito em nossas vidas, ou de não ter um objetivo pelo qual nos esforçamos. Chegamos à Mesa do Mundo com expectativas, complicações e bagagem. Quando estamos prontos para criar algo, tropeçamos. O que estamos fazendo aqui na Terra neste momento e lugar? Nós pensamos demais na pergunta. Nosso propósito é criar. É realmente muito simples.

CRIAÇÃO

TODOS os exemplos acima podem ser sintetizados na criação. De bebês à empresas, da comunidade ao caos e às reservas de dinheiro – os humanos não podem deixar de construir algo. Mesmo que seja uma pilha de latas de cerveja ao lado do sofá, enquanto relaxamos estamos construindo. Nossas mentes querem tornar as coisas melhores, maiores, mais rápidas, mais altas, mais agradáveis, mais caóticas, diferentes e novas. Construímos drogas melhores, carros mais rápidos e prédios mais altos. Pense com cuidado, quando você *não* está criando? Até mesmo seu corpo está criando enquanto você dorme.

Uma conversa recente com alguns amigos envolveu discutir os atributos de avatares, arquétipos e virtudes. Isso foi em conjunto com uma pergunta feita a uma platéia: Você quer ser Deus?

Que pergunta audaciosa! Eu quero ser Deus ou um Deus? Ah, não. A arrogância derrubou muitos homens e mulheres, e não tenho desejo de experimentar essa dor. Isso me trouxe de volta à questão de “por que estou aqui, então?” Tendo pensado nisso com frequência, acho difícil destilar uma vida inteira de pensamentos em uma pergunta tão simples. Estou aqui para ser um deus, ou O Deus? A resposta à isso é um firme “não” em minha mente. A própria ideia me faz estremecer. Estou aqui para ser um ser humano: a melhor expressão da minha própria forma de ser humano que posso ser. Sim é isso. Muito firme “não” na coisa de “deus”. E então os pensamentos mesquinhos, pequenos e repetitivos de humanidade e divindade não me deixariam em paz.




O que é um “deus”? Para Webster, é: “um ser ou objeto que se acredita ter mais do que atributos e poderes naturais e que requer adoração humana; especificamente: um que controla um aspecto particular ou parte da realidade (do livro Deuses gregos do amor e da guerra).” Curiosamente, se a inicial for maiúscula, significa “a realidade suprema ou última”. Uau. Espere. Então deus NÃO é, necessariamente, uma pessoa? Então, alguém que é um “deus” controla parte da realidade, mas Deus controla toda a realidade. Deuses e deuses criam realidades. Eles criam.

Se nosso desejo é criar, nossa própria necessidade de existência é criar, e Deus é comumente conhecido como “o criador, o controlador da realidade”, [por assim dizer] estamos tentando ser como Deus? Estamos tentando SER deuses? Parece que nós humanos não fazemos nada além de tentar criar e viver em nossas próprias realidades. Em Gênesis 1:26 a 28, a Bíblia fala sobre Deus fazendo a humanidade à “sua” imagem, e “ele os fez homem e mulher”.

Vamos deixar de lado a pluralidade disso por enquanto, mas a divinização existe há 2.000 anos como um conceito cristão. No século II, Irineu, bispo de Lyon (c. 130-202), disse que Deus “tornou-se o que somos para nos fazer o que ele mesmo é”. Irineu também escreveu: “Se o Verbo se tornou homem, foi para que os homens se tornassem deuses”.


DESTINO

Talvez não tenhamos escolha. Nosso destino como espécie é nos tornarmos deuses, ou semelhantes a Deus. Ou até mesmo nos reintegrarmos a Deus. Estamos inevitavelmente indo para lá, através de nossa experiência de criação, seja ela qual for. Por mais ginástica mental que façamos via teologia, psicologia, astronomia ou astrologia, tudo acaba no mesmo destino: vivemos, criamos e morremos para encaminhar a espécie humana para retornar ao seu lar divino. 


Estamos criando nossas realidades. Nós controlamos nossa realidade. As pessoas atribuem tal reverência, deferência, temor e glória ao termo Deus; Acho, no entanto, que é a mesma coisa com
sorvete e cachorrinhos, dinheiro e fama: é uma lente humana vendo e interpretando, mas simplesmente fica aquém. Há uma lente cor-de-rosa cobrindo nossa ideia de Deus, via religião ou não, e essa cor rosa torna tudo bonito. E se simplesmente for só isso, e fizermos parte do “Isso?” Podemos categorizar como Arquétipos ou manifestar como avatares ou incorporar ideais e, no final, criamos o que quer que seja nosso próprio aspecto especial do Divino. A voz individual de Deus ou o que quer que você entenda que ele seja, torna-se uma pintura, uma música, uma criança, um poema, um lar, uma organização, uma comunidade ou uma nova maneira de pensar.

A conversa acima mencionada inevitavelmente se transformou em algo como “Bem, ou devemos ser deuses ou não, e daí?” Se devemos nos tornar expressões mais elevadas de nós mesmos, então isso é ótimo. Mas estamos perdidos. O ponto é... A humanidade está em constante mudança. Talvez não iríamos tão longe a ponto de dizer “evoluindo”, mas talvez isso esteja errado. Talvez a tal evolução não seja uma “coisa” consciente. Ou seja, evoluímos, independentemente do que pensarmos sobre isso. Não se trata de estar consciente de evoluir; não é nem mesmo sobre a evolução da consciência.

A espécie humana continua a avançar através da criação. A evolução será um reflexo dessa criação. Acho que podemos ter que esquecer o quê (evolução em si) e trabalhar em direção às criações que estão dentro do nosso aspecto de “retorno ao divino".

Em outras palavras, se meu dom “dado por Deus” é a fala, então fale. Fale o melhor que voce puder, busque causar um impácto positivo no mundo a sua volta.  Inspire pessoas. Encontre aquele verdadeiro pedaço de Deus dentro de você e faça-o frutificar.  Esqueça a fama e a aprovação: faça o melhor que puder, não importa o que seja.


LEGADO

Na verdade, não é esse o Legado que estamos deixando para nossos descendentes? Para os Humanos que nos seguem, estamos deixando o que criamos, sejam mais humanos ou mais livros, belas artes, os ecos da música ou belos jardins. Talvez propiciemos que uma vida seja  salva porque nos importamos o suficiente para escrever as políticas para a Cruz Vermelha que permitiram que isso acontecesse ou porque operamos o equipamento de som que gravava os discursos de Martin Luther King. 

É a diferença entre alguém encontrar um novo caminho a seguir porque você dedicou um tempo para trazer seus dons para uma organização, como a Maçonaria, ou não encontrar nenhum tipo de luz orientadora. Talvez o fizessem, eventualmente através de alguma outra organização ou grupo; ainda assim, não seria o mesmo, não é?

Ou talvez fosse  diferente, e ainda assim lançaria uma virada diferente na evolução da Humanidade. A melhor expressão de quem somos são as criações à que nós dedicamos nossos talentos, sejam eles quais forem. Como a luz em um prisma, somos cores individuais que se juntam para formar um todo. A ideia é que contribuímos com as qualidades divinas que temos para tecer um todo que ajude nossos descendentes a se aproximarem de uma melhor expressão das qualidades divinas, e assim por diante.

Por mais estranho que seja, talvez seja isso que nossos ancestrais estavam tentando dizer quando disseram que "Deus fez os humanos à sua imagem", e Deus se tornou “Palavra” para que pudéssemos entender como era ser Deus. Em nossa capacidade limitada como seres humanos, em um mundo mortal, vemos apenas parte do todo.

Semelhante ao funcionamento de uma Loja Maçônica, onde muitos desempenham seus papéis, mas apenas um pode ver o TODO, nós humanos somos muitos. Somos parte do Todo, mas ainda não conseguimos vê-lo. Não podemos alcaçar esta percepção até que chegue a hora certa. Quando for a hora para nosso eu individual? Não! Apenas quando for a hora de Todos. Aí podemos avançar em conjunto. Nosso progresso é medido em épocas. Quando o relógio da evolução bater, não parecerá evolução, mas o caminho natural que sempre deveria ter sido.





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