3, 5 e 7 qual seu significado Maçônico?

  Três, cinco e sete;

 Quais seus significados Maçônicos? 


O Número Três

 

Por ser síntese do um e do dois, o três é visto por muitos povos como um número bastante destacado, que simboliza o princípio totalizador, a mediação; ao contrário do quatro, o "número-Terra" (material), o três é um número do Céu (espiritual).

Seu significado simbólico universal remonta à tríade elementar vivenciada na complementação produtiva do homem, da mulher e do filho. O três também fundamenta inúmeros sistemas e estruturas de pensamento; assim, o cristianismo, por exemplo, conhece as três virtudes: fé, amor e esperança; a alquimia, os três princípios básicos: enxofre, sal e mercúrio etc. As tríades divinas são conhecidas em muitas religiões.

O 1 em 3 e o 3 em 1, tal parece ser a definição universal da divindade.

Em sânscrito, são as três letras: A U M. É também o ternário: sat, chit, ananda (existência, espírito, vida).

As três Hipóstases dos neoplatônicos;

Pai, Filho, Espírito, no cristianismo;

Sol, Lua Terra, nas religiões naturalistas;

Osíris, Ísis, Hórus, no Egito (Chaboche);

Maçonicamente, os três primeiros passos representam os três principais oficiais de uma Loja, e – embora não declarados no ritual – devem sempre se referir à Deidade, da qual o triângulo é o símbolo mais antigo.

Sua principal implicação aqui é assegurar ao aprendiz, que começa sua ascensão, que ele não sobe sozinho. O aprendiz está cercado pela ritualística maçônica. Os irmãos estão ali para ajudá-lo a evoluir.

Em sua busca pela verdade e em sua busca por seus salários na Câmara Do Meio, o maçom deve receber o apoio e assistência de todos no seu Círculo Místico (a própria loja); certamente um símbolo impressionante.

Os "três pontos" maçônicos tiveram origem na França com uma visão da cosmogonia numeral. A "triangulação" simbólica se encontra igualmente no ensinamento R + C. Nessas filosofias, encontram-se ternários como:

"Pensar bem, agir bem, fazer bem".

"Liberdade, igualdade, fraternidade".

"Passado, presente, futuro".

"Sabedoria, força, beleza", etc.


O Número Cinco

Cinco sempre foi um número sagrado e místico, por ser a soma do primeiro número par e do primeiro número ímpar (dois e três, desde que não se considere o um, um número verdadeiro). Também é o centro gráfico facilmente representável do quadrilátero. O número cinco é visto frequentemente como excepcional. Os pitagóricos consideravam-no símbolo do casamento e da síntese, pois é união do dois e do três.

Era, portanto, simbOLO da felicidade e da miséria, nascimento e morte, ordem e desordem – ou seja, a vida como era vivida.

O Egito conhecia cinco planetas menores, cinco elementos, cinco poderes elementares.

Os gregos tinham quatro elementos e adicionavam éter, o desconhecido, fazendo um cosmos de cinco.

Cinco é peculiarmente o número do Grau de companheiro; representa o grupo central dos três grupos que formam a escada em caracol; refere-se às cinco ordens de arquitetura; cinco são necessários para uma loja de companheiro; há cinco sentidos humanos; geometria é a quinta ciência, e assim por diante.

Nas Escadas Sinuosas o número cinco representa primeiro as cinco ordens de arquitetura.


Os alquimistas procuravam com a quintessência (a quinta substância, isto é, o quinto elemento, acrescentando-se aos outros quatro) o espírito que cria e guarda a vida; a reincidência do cinco, observadas muitas vezes nos ornamentos das igrejas cristãs da Idade Média, relaciona-se provavelmente com essas concepções. Isso nos lembra a necessidade de transcender o material (o quatro) para atingir o divino, o cinco; mas que este divino se fecha no próprio ser humano (a imagem do GADU) como nos lembra o Homem vitruviano.

 

O Número Sete


O mais potente dos números nas religiões antigas, o número sete tem um significado profundo. Os pitagóricos o chamavam de número perfeito, composto por três e quatro, as duas figuras perfeitas, triângulo e quadrado.

Era o número virgem porque não pode ser multiplicado para produzir qualquer número dentro de dez, assim como dois e dois, dois e três, e dois e quatro, três e três.

    Também não pode ser produzido pela multiplicação de nenhum número inteiro.

Nossos ancestrais conheciam sete planetas, sete Plêiades, sete Híades, e sete luzes queimadas diante do Altar de Mithras.

Os Godos tinham sete deidades: Sol, Lua, Tuisco, Woden, Thor, Friga, e Seatur ou Saturno, dos quais derivamos os nomes dos sete dias da nossa semana.

Nos mistérios góticos, o candidato encontrou sete obstáculos.

Os judeus antigos juraravam por sete, porque era necessário sete testemunhas para confirmar e sete sacrifícios oferecidos para atestar a verdade.

O sábado é o sétimo dia; Noé tinha sete dias de aviso da inundação; Deus criou o céu e a terra em seis dias e descansou no sétimo dia; as paredes de Jericó foram circuladas sete vezes por sete sacerdotes com sete chifres de carneiros; o Templo levou sete anos na construção, e assim por diante através de mil referências.

Não podemos deixar de lembrar dos sete necessários para abrir uma loja de Aprendiz, os sete oficiais originais de uma Loja (alguns agora têm nove ou dez ou até mais) e os sete passos que completam a escada em caracol para mostrar que sete é um número importante na Fraternidade.

As Sete Artes e Ciências Liberais

Na época  de William Preston (1742 - 1818) uma educação liberal foi composta no estudo da gramática, retórica e lógica (chamado trivium), e aritmética, geometria, música e astronomia (chamado quadrivium).

    Preston se esforçou para comprimir em sua instrução da Câmara do meio o suficiente para deixar pelo menos um esboço disponível para aqueles que nada soubessem destes tópicos.

Em nossos dias, infelizmente, os termos gramática e retórica são consideradas de importância secundária;

A lógica é percebida como um estudo do raciocínio adequado a qualquer assunto em particular.

A aritmética, é claro, continua com sua grande importância; mas do ponto de vista da ciência, a geometria e seus desdobramentos ainda são as ciências vitais da medição.

A música deixou de fazer parte de uma educação liberal; é agora uma das artes, não mais vista como uma ciência.

A astronomia (na época relacionada com a astrologia) é tão inter-relacionada com a física que é difícil separá-las.

Quanto à eletricidade, química, biologia, civismo, política e ciências físicas, elas mal eram sonhadas na época de Preston.

Mas não devemos nos recusar a crescer porque o ritual não cresceu com a descoberta moderna. Quando falamos da Gramática e retórica, devemos considerar que elas significam não apenas a linguagem, mas todos os métodos de comunicação.

Portanto, os sete degraus não são mais degraus concretos, não delimitam mais as sete disciplinas específicas a serem dominadas, mas simbolicamente apontam a necessidade de um saber amplo para sermos realmente livres; pois a liberdade não convive com a ignorância.

William Preston, que colocou uma interpretação tão prática sobre esses passos, viveu em uma época em que estes realmente representavam todo o conhecimento.

O passo da Lógica significa um conhecimento não apenas de um método de raciocínio, mas de todo o raciocínio que os lógicos realizaram.

Quando pensamos em Aritmética e Geometria, devemos visualizar toda a ciência; uma vez que a ciência é a arte da medição, no verdadeiro sentido matemático, dispensa ilações e nos ensina que a obra do GADU é perfeita e não aceita concessões à verdade.

O passo denominado Música significa não apenas sons doces e harmoniosos, mas toda beleza – poesia, arte, natureza, estética de qualquer tipo. Não é à toa que esta é uma das colunas de uma loja. Não estar familiarizado com a beleza que a natureza proporciona é ser menos que um homem, apenas uma alma faminta.

Quanto ao passo da Astronomia, certamente significa não apenas um estudo do sistema solar e das estrelas, como fazia na época de William Preston, mas também um estudo de tudo o que está além da Terra; do espírito e do mundo transcendente, da ética, da filosofia, do abstrato – do cosmos. Uma meditação que por seu tamanho nos põe em nossa verdadeira perspectiva na criação.

Preston fez seu melhor; seus sete passos são lógicos e sugestivos para o crescimento da ordem ainda hoje. Como memória disso os sete pingentes no avental de um maçom (varia seu uso de acordo com o rito e obediência, em alguns casos sendo reservado aos MI) lá estão para nos relembrar da necessidade do domínio destas Sete Artes.

O verdadeiro maçom verá neles um guia para a criação de um homem rico em mente e espírito, único meio pelo qual as demais riquezas podem ser praticadas.

 

Traduzido e adaptado de: The Square Magazine e do Dicionário de símbolos

Artigo original por: Carl H. Claudy

 


Vença o Grande começando pequeno

 Vença o Grande começando pequeno

Adaptado de: Midnight Freemasons

 

Todos nós estivemos em uma sala de aula que tinha esta citação (ou alguma parecida) pendurada na parede:

"Mire na lua. Mesmo se você errar, você ainda vai pousar entre as estrelas.”

 Embora seja cativante e tenha boas intenções, quando tentamos executar essa estratégia, muitas vezes perdemos a lua, perdemos as estrelas, e descemos frustrados, nos sentindo pior do que jamais fomos antes da decolagem. Então, como alcançamos nossos sonhos mais ambiciosos?

Defina as expectativas baixas e aprenda a ganhar. Pequenos passos calculados, alinhados a um grande objetivo, se transformam em grandes vitórias. Inovação, liberdade financeira, perda de peso, tudo começa com metas intermediárias alcançáveis.

Na Maçonaria, chamamos isso de desbastar a pedra bruta. Nossa pedra áspera representa nossa forma imperfeita. Há uma razão para dizermos desbastar. Você não pode melhorar a si mesmo da noite para o dia. Cortar suas imperfeições requer paciência e persistência. Não um único golpe de força ou sorte.  Muitas pessoas acham que o sucesso acontece por sorte ou herança, que uma ideia de um milhão de dólares surge do nada. Na realidade, a inovação e as novas ideias não acontecem dessa forma.

 Jeffrey Lowenstein, um dos meus professores da Universidade de Illinois, explicou que a criatividade é um processo cognitivo que depende de mudar a perspectiva. Em outras palavras, a ideia do cientista louco ter uma ideia brilhante devido ao seu intelecto não está correta. Todos nós podemos ser inovadores criativos se começarmos com a perspectiva certa. Tendo estudado negócios e economia, eu costumo ver as coisas através de uma lente financeira. Ao tentar ganhar com dinheiro, o primeiro passo que as pessoas muitas vezes escolhem é sair da dívida através do efeito bola de neve popularizado pelo método de  Dave Ramsey. É o método mais bem sucedido porque permite que as pessoas obtenham pequenas vitórias, mudando suas atitudes e perspectivas.

É a melhor maneira matematicamente? Não em teoria. Mas é a melhor maneira na prática porque rende os resultados que as pessoas estão buscando. Pense na sua Loja. Quantas vezes as pessoas disseram "precisamos de mais candidatos" ou "precisamos construir um templo". Esses são objetivos grandes que muitas vezes levam à decepção. Comece com pequenas vitórias que excitam as pessoas e as mantenham motivadas.

Como está a decoração da loja? Qual é qualidade do ágape? A loja é limpa e bem administrada?

Todas essas três coisas são pequenas vitórias que levam pouco esforço e mão-de-obra. Você ficaria surpreso com o tipo de impulso que você pode ganhar fazendo as pequenas coisas corretamente. Dê uma olhada ao redor de sua Loja e tente alcançar pequenas vitórias este mês ou ano. Use a regra de 15 minutos para ver o que você pode alcançar em sua atividade maçônica. Tire 15 minutos todos os dias e faça o máximo que puder. Isso pode ser estudar rituais, enviar e-mails ou telefonemas, varrer um canto empoeirado da loja, ou escrever ideias para seu próximo trabalho.

Seus irmãos ficarão sabendo e você pode explicar como é fácil alcançar seus objetivos dividindo-os em pequenos itens. Uma das minhas citações favoritas do treinador de basketball Mike Krzyzewski é: "Se divertir é fazer as coisas difíceis bem." Maçonaria não é fácil. Não é para os fracos de coração. Mas quando melhoramos a nós mesmos, nossas lojas e nossas comunidades, todos nós nos beneficiamos. Quando é bem feito, é muito divertido.

A Bíblia, uma das grandes luzes da Maçonaria, nos traz isso em Lucas 16:10:

 "Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito.
Lucas 16:10
 

As palavras exatas mudam dependendo da tradução, mas os significados são os mesmos. Temos fé e confiança em nós mesmos para fazer as pequenas coisas direito? Podemos realmente esperar que um homem dê seu tempo, talentos e dinheiro para uma organização que não presta atenção aos detalhes? Não no mundo de hoje. Há muitas opções. A maçonaria é apenas uma escola de pensamento moral, apenas uma forma de atividade social, apenas um ramo de caridade. Se não formos realmente bons nisso seremos esquecidos.

Estou confiante de que se voltarmos ao básico e cuidarmos dos fundamentos, o melhor do que a Maçonaria tem a oferecer, vamos satisfazer nossos membros nos próximos anos. Quem está comigo? Quem quer ganhar o muito, pensando pequeno a cada dia?


O 47º Problema de Euclides

 O 47º Problema de Euclides



O 47º Problema de Euclides, também chamado de 47ª Proposição de Euclides, assim como o Teorema de Pitágoras, é representado por 3 quadrados. E usado em algumas obediências (não todas) como parte da jóia de um Past Master.

Para o maçom especulativo, o 47º Problema de Euclides pode ser um pouco misterioso. Muitos livros maçônicos simplesmente replicam uma instrução que o descreve como representando “Um amor geral pelas Artes e as Ciências”.  Aqui vamos tentar estender um pouco seu entendimento e suas origens.

A lenda maçônica de Euclides é muito antiga. Reproduzimos, aqui, o parágrafo relativo a Pitágoras nas instruções escritas por Thomas Smith Webb, cujo primeiro Monitor apareceu no final do século XVIII.

O 47º problema de Euclides foi uma invenção de nosso antigo amigo e irmão, o grande Pitágoras, que, em suas viagens pela Ásia, África e Europa, foi iniciado em várias ordens de sacerdócio e foi elevado ao Sublime Grau de Mestre Maçom. Este sábio filósofo enriqueceu abundantemente sua mente com um conhecimento geral das coisas, e mais especialmente em geometria. Sobre este assunto ele extraiu muitos problemas e teoremas, e, entre os mais ilustres, aquele que leva o seu nome. Quando o encontrou, na alegria de seu coração, ele exclamou Eureka, na língua grega, significando "Eu encontrei". E  por esta descoberta,  disse ter sacrificado uma hecatombe. Ensina os maçons a serem amantes gerais das artes e das ciências.


Cumpre destacar o caráter alegórico desta lenda, posto que a expressão Eureka se tornou famosa com Arquimedes (no teorema sobre empuxo) e foi apresentada aqui como de Euclides.

A Obra “Elementos” de Euclides é composta de treze livros, cada um contendo várias proposições geométricas, e constituem a obra que é a contribuição de Euclides para a história das ideias.

A proposição Nr 47 do primeiro livro dos “Elementos” de Euclides, também conhecida como “Teorema de Pitágoras” (apesar de Euclides ter vivido centenas de anos após Pitágoras), permanece como um dos principais símbolos da Maçonaria, embora seja pouco discutido e menos compreendido hoje. O que é muito triste, uma vez que a proposição 47 bem pode ser o símbolo e a verdade principais sobre os quais a Maçonaria é edificada.

Os símbolos são usados na Maçonaria para ensinar. As “Constituições” de Anderson (1723) afirmam que “…O Grande Pitágoras, foi o autor da Proposição 47 do primeiro livro de Euclides, que, se devidamente observada, é o fundamento de toda a Maçonaria, sagrada, civil e militar ….”. Assim, no início da Maçonaria especulativa tal como a conhecemos, a proposição 47 foi considerada como contendo ou representando a verdade na qual a Maçonaria se norteia e a base da própria civilização. Notem a relevância dada a ela naquela oportunidade!

Mas qual seria esta proposição e sua relação com a maçonaria e a moralidade?

Comecemos com a visão matemática:

“Em qualquer triângulo, a soma dos quadrados dos dois lados menores (catetos) é igual ao quadrado da hipotenusa”. (A hipotenusa de um triângulo reto… o que é a “perna” mais longa… ou o lado 5 do 3:4:5).

O Triângulo Reto, abaixo, mostra os lados de 3, 4 e 5. O ângulo criado entre os 3 (lado) e de 4 (lado) é o ângulo reto do esquadro.

Para construir o triângulo com estacas e cordas, coloca-se as estacas nos 3 cantos deste triângulo retângulo.


O quadrado de 3 é 9.

O quadrado de 4 é 16. A soma de 9 e 16 é 25. (25 representa a hipotenusa).

A raiz quadrada de 25 é 5.

Portanto, a equação é escrita: 3:4:5:

Ao escrever o quadrado dos 1ºs quatro números (12=1, 22=4, 32=9, 42=16), vê-se que, subtraindo cada quadrado do seguinte, fica 3, 5 e 7.

Ou seja:

1, 4, 9, 16

4-1 =3

9-4 = 5

16-9 = 7

3:5:7: Estes são os degraus na Maçonaria. Eles são os degraus da Escada Caracol que leva à Câmara do Meio, e eles são o número exigido de irmãos que constitui o número de mestres maçons necessários para abrir uma loja de:

Mestres: 3

Companheiros: 5

Aprendizes: 7

Outra propriedade interessante é a que permitia aferir, ou mesmo construir os esquadros que seriam usados para conferir todas as pedras da construção. Como garantir que estas peças estariam corretas, que teriam 90 graus mesmo? Não é como se fosse possível comprar um esquadro na loja de materiais. Como fazer, então?

Imaginemos que com uma corda e uma estaca traçamos um círculo e com uma régua cortamos este círculo ao meio. Ligando qualquer ponto do círculo aos dois pontos onde o traço divide o círculo, teremos SEMPRE um ângulo reto. É assim que os mestres verificavam se seus esquadros estavam certos. Era assim que um mestre sabia se ele estava em retidão.

 


A essência do Teorema de Pitágoras (também chamado de 47º Problema de Euclides) é sobre a importância de se estabelecer um alicerce arquiteturalmente verdadeiro (correto) com base na utilização do esquadro.

Porque isto é tão importante para os Maçons especulativos, que só tem um esquadro simbólico e não o esquadro real (a ferramenta) de um maçom operativo?

O 47º Problema de Euclides é a equação matemática (o conhecimento) que permite a um Mestre Maçom:

Esquadrejar (calibrar) seu esquadro quando ele fica fora de esquadro.”

 Outro aplicação prática  com reflexo morais que podemos tomar, vem do trabalho dos  Harpedonaptae.

Os Harpedonaptae, literalmente traduzido, significa “esticadores de corda” ou “amarradores de corda” do Egito antigo (muito antes do Templo de Salomão ser construído).

Os Harpedonaptae eram especialistas em arquitetura que eram chamados para lançar os alicerces dos edifícios. Eles eram altamente qualificados e utilizavam a astronomia (as estrelas), assim como cálculos matemáticos, a fim de traçar ângulos retos perfeitos para cada edifício.

Historicamente, a pedra angular de um edifício era colocada no canto nordeste do edifício. Por que no Nordeste?

Os antigos construtores primeiro definiam as linhas do Norte e do Sul através da observação das estrelas e do Sol… especialmente da Estrela do Norte, (Polar), que eles acreditavam ser fixa no céu.


Só depois de estabelecer uma linha do Norte / Sul perfeita, eles podiam utilizar o esquadro (já calibrado) para estabelecer linhas Leste e Oeste perfeitas para suas fundações.

O 47º Problema de Euclides estabelecia com correção as linhas Leste e Oeste, de modo que os esticadores de corda pudessem determinar um ângulo de 90 graus perfeito em relação à linha Norte / Sul, que eles tinham estabelecido usando as estrelas.

 Aqui já começamos a ver o paralelo simbólico, pois é este teorema que (simbolicamente) nos permite verificar se estamos, de fato, em retidão, trabalhando de maneira justa e perfeita.  É ele que nos permite avaliar se estamos no caminho certo.

 Outro enfoque simbólico é que não podemos conceber um mundo, não importa o quão distante das estrelas, onde o 47º problema não seja verdade. Por "verdadeiro" (neste contexto) significa absoluto – não dependente do tempo, ou espaço, ou lugar, ou mundo ou mesmo universo. Assim, a verdade é definida como um atributo divino e, como parte da Divindade, é também onipresente.

É nesse sentido que o 47º problema "ensina os maçons a serem amantes gerais da arte e das ciências". A universalidade deste estranho e importante princípio matemático deve impressionar o estudioso com a imutabilidade das leis da natureza. A terceira das joias móveis do Grau Aprendiz nos lembra que "assim como nós, tanto operativos quanto especulativos, nos esforçamos para erguer nosso edifício espiritual (casa) de acordo com as regras estabelecidas pelo Arquiteto GADU, nos grandes livros da natureza que nos revelam os grandes princípios espirituais, morais e maçônicos".

A maior dentre "as regras estabelecidas pelo GADU", em Seu grande livro da natureza, é esta do 47º problema; esta regra que, dado um triângulo de ângulo reto, podemos encontrar o comprimento de qualquer lado se conhecemos os outros dois; ou, dado os quadrados dos três, podemos aprender se o ângulo é um ângulo "reto", ou não. Com o 47º problema, o homem alcança o universo e produz a ciência da astronomia.

 Com ele, se mede as mais infinitas distâncias.  Com ele, se descreve toda a estrutura e o trabalho manual da natureza.  Com ele, se calcula as órbitas e as posições desses "mundos sem número sobre nós". Com isso, se reduz o caos da ignorância à lei e à ordem de apreciação inteligente do cosmos.  Com ele, se instrui seus companheiros maçons que "Deus está sempre geometrizando" e que o "grande livro da Natureza" deve ser lido através de um esquadro.

Por isso este é um dos mais importantes emblemas de toda maçonaria, sendo um símbolo do poder, da sabedoria e da bondade do Grande Arquiteto do Universo.  É o mais claro símbolo pois está à vista de todos – o mais misterioso porque é tão fácil de compreender.

Não é à toa que o grau de companheiro nos chama a atenção para o estudo das sete artes e ciências liberais, especialmente a ciência da geometria, ou maçonaria. Já no Terceiro Grau, está o coração da Geometria, e uma conexão próxima e vital entre ela e o maior de todos os ensinamentos da Maçonaria – o conhecimento do "Olho Que Tudo Vê".

Aquele que tem ouvidos para ouvir – deixe-o ouvir – e aquele que tem olhos para ver – deixe-o olhar!  Assim entenderá a verdade por trás do 47º problema e verá um novo mistério que o esquadro nos ensina, e compreenderá por que o "ângulo de 90 graus, ou a quarta parte de um círculo" é dedicado ao Mestre!


Adaptado e expandido a partir dos seguintes artigos:

https://bloguniversalfreemasonry.wordpress.com/2020/10/26/the-47th-problem-of-euclid/

 

https://bibliot3ca.com/47%C2%BA-problema-de-euclides/

 

 

Diferenças entre York e Emulação

 

Diferenças entre York e Emulação


Hoje uso novamente um recurso pouco falado da Microsoft; chama-se sway. Para acompanha-la basta Clicar no simbolo abaixo e rolar a barra de rolagem lateral.

Abaixo voce poderão acessar uma aula preparada que mostra desde as origens dos Ritos de York e de Emulação (vc verá que na realidade este termo está errado) e algumas pequenas nuances de suas diferenças ritualísticas.

Bons Estudos!








O Nome Inefável de Deus

 O Nome Inefável de Deus


Falaremos hoje sobre o mistério ao redor do nome inefável de Deus. Começamos por analisar o que quer dizer inefável; de maneira simples inefável é aquilo que não pode ser dito, que não é possível de ser dito;

apenas experienciado. Desta forma começamos a perceber que se trata de mais do que uma simples proibição da pronúncia deste nome sagrado por respeito. O não pronunciar o nome reflete, também, a nossa incapacidade de abarcar na totalidade o conceito de Deus; a nossa incapacidade, como gota, de expressar a totalidade do oceano.


Os Hebreus sempre tiveram como sagrado o nome verdadeiro de Deus e, por isso costumavam substituí-lo por uma série de títulos e nomes alternativos entre os quais destacamos:


Adonai: Senhor;

Ehyeh-AsherEhyeh: Eu Sou o que sou;

El Shaddai: O Todo Poderoso;

Elohim: A Autoridade;

Elyon: Altíssimo;

Eloah: O Proeminente;

El Roi: O Deus que vê e

El Olam: Deus eterno,


Neste contexto queremos destacar duas passagens: a saber:


Êxodo, Cap. 3 – Vers. de 1 a 20:


14 Disse Deus a Moisés: “Eu Sou o que Sou (Ehyeh-AsherEhyeh). É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês


Êxodo, Cap. 6 – Vers. 1 – 8, onde o nome é revelado:


3 Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus todo-poderos (El Shaddai), mas pelo meu nome, YIHOWAH (JEHOVÁ), não me revelei a eles.


O Nome verdadeiro de Deus era um tetragrama, ou seja, uma expressão de quatro letras ou sinais gráficos destinada a representar uma palavra, acrônimo, abreviatura ou sigla. Este tetragrama era: יהוה, composto, portanto, pelas letras hebraicas Yod He Vav He. Em português esse tetragrama poderia ser traduzido como: YHWH.


O hebraico é uma língua onde só se grafa as consoantes, para fazer a leitura é necessário ter aprendido a pronúncia correta daquela palavra, encaixando o som de vogais entre as consoantes. Poderia ser mais de 100 combinações: Com isso, todos os hebreus sabiam escrever YHWH, mas só os escolhidos sabiam pronunciar esta palavra, que por consequência, tornou-se inefável, por sua complexidade, beleza e ocultamento.

O Sumo Sacerdote era o responsável por guardar a pronúncia do verdadeiro nome do GADU e pronunciá-lo apenas quando em cerimônia específica no Templo de Jerusalém. O nome teria sido informado inicialmente a Moisés por Deus através da Sarça Ardente. Dessa forma, o nome servia como uma espécie de senha, um segredo que era transmitido pelo Sumo Sacerdote a seu sucessor e aos Reis coroados por ele, sempre de forma ritualística, dentro do Templo.

Com o tempo, seja pela morte daqueles que a sabiam ou pela destruição do Templo, único lugar onde o nome poderia ser pronunciado, a palavra se perdeu. Uma versão que surgiu com o tempo foi a utilização das vogais de Ehyeh-AsherEhyeh (Eu sou o que sou) com o Tetragramaton, o que gerou a versão Jihaveh (Javé, em português).


Outra versão convencionou adotar os sons de Adonai, título mais comum para denominar Deus, em combinação com o Tetragramaton, o que gera o nome Jihovah (Jeová, em português), que se consolidou como a “versão correta” do nome do GADU, apesar de não existir quaisquer outros indícios para tanto. Por esse motivo, o nome continua sendo “inefável” para os judeus ortodoxos e muitas outras vertentes religiosas e esotéricas. Observe-se aqui o paralelo com a palavra de M.´. M.´. que também se encontra perdida.

Mas ele é inefável na verdade por uma razão simbólica, pois é pessoal e ao mesmo tempo universal. O velar a palavra é uma alegoria para velar sua essência como na parábola dos cegos e do elefante. Para nos lembrar que qualquer concepção humana de Deus é ao mesmo tempo verdadeira e incompleta.


Mas passemos a analisar mais amiúde o conceito do título mais consagrado; Ehyeh-AsherEhyeh. Essa expressão é usualmente traduzida como “Eu Sou o que Sou”, ou “Serei o que Serei.”. Ou ainda “Eu Sou Aquele que É” (Ego eimi ho ôn). Assim, em todas essas traduções, o Nome Sagrado é sempre traduzido por um verbo que denota o sentido de existência, de presença, de verdadeira vivência ontológica.


O Rabino Isaac Leeser, por exemplo, em sua tradução “Dos Vinte e Quatro Livros das Escrituras Sagradas” verte a locução divina como “Serei o que eu for”, denotando, segundo ele, a intenção de Deus
em demonstrar a sua onipotência; mostrar que Ele, como deidade, não tinha uma forma nem era um Ser com características e funções definidas, como os demais deuses da religiões antigas. Ele poderia ser qualquer coisa que fosse ou quisesse ser.


Se olharmos este conceito numa perspectiva panteísta, do Deus em nós, vemos uma correlação com o conceito de livre-arbítrio; de que podemos ser o que desejarmos. Nesta alegoria em particular não se apresenta o desdobramento natural da responsabilidade por estas escolhas; afinal estamos falando do GADU e em sua onisciência suas escolhas são sempre corretas. Todavia, fica esta meditação para nós mortais.


Outra interessante derivação dessa tradição é a crença de que as letras do nome de Deus representavam combinações que podiam ser usadas para interpretar os segredos que a Bíblia não revelava em sua forma escrita. É que no alfabeto hebraico, cada letra tem um determinado valor. Assim, combinando-se as letras com seus respectivos valores, era possível obter a interpretação oculta dos títulos, nomes, palavras e expressões usadas na Bíblia e encontrar seus verdadeiros significados. Assim, surgiu a técnica, conhecida como Gematria, mãe inspiradora da numerologia.



A mística do Verdadeiro Nome de Deus, o Nome Inefável, é explorada na Maçonaria pelos graus do “Arco Real”, praticados no Rito de York americano (1797) e no Craft Inglês (1813). Ele também existe no Rito de Heredom (origem do REAA e do Adonhiramita). Entretanto, sua origem mais provável é exatamente na Irlanda e Escócia, de lá se espalhando nas vertentes já mencionadas.


Concluindo, o estudo nos aponta para os mistérios maiores. Por traz do nome oculto de Deus estão todas as grandes perguntas de respostas inefáveis. Por trás desta alegoria reside a grande resposta a tudo isso. Uma resposta que é por si só impossível de transcrever; que está além do racional. A compreensão destes mistérios é algo no campo do afetivo, do intuitivo; pois é aí que reside a centelha divina que jaz em cada ser humano. Somente o GADU pode perceber a si mesmo.


O ser humano enquanto limitado à sua mente, apenas a seu veículo racional é um receptáculo muito pequeno para conter “ELE”. Todavia, nossa centelha divina é uma parte do todo; é uma parte do oceano e por intermédio dela SOMOS o oceano. A alegoria do nome inefável de Deus nos revela o caminho da consciência cósmica; o caminho da resposta máxima a todas as perguntas. Porém ela depende do abandono do racional; do abandono do nosso lado egóico e este é o difícil caminho que tentamos e que devemos trilhar.


Bons Estudos

A Árvore dos Ritos

A Árvore dos ritos

Durante período de pandemia, fiz a apresentação abaixo ( apenas 27 min) sobre um conceito que elaborei algum tempo atrás chamado de a árvore dos ritos.

Nele relaciono os ritos praticados no Brasil como vinculados a uma árvore genealógica. Este conceito, naturalmente , não é rigoroso ou rígido. Visa , somente, estabelecer uma relação didática entre as práticas maçônicas para que possamos entender melhor suas origens e evitar comparar coisas que veem de lugares diferentes.    

Espero que possa ajudar os irmãos a entender um pouco do contexto de onde vem cada rito.

Finalmente peço que após verem o vídeo deixem um comentário se preferem o blog por escrito ou se é bom ter algum vídeo como este vez por outra.








Dos Vícios e das Virtudes

 Dos Vícios e das Virtudes 

 


O estudo das virtudes e dos vícios é uma necessidade fundamental para o homem e maçom, na medida em que permite o desenvolvimento de sua consciência, de seu caráter e de seu “Eu interior”. De fato, o

GADU, em toda sua bondade e sabedoria, dotou o ser humano de particularidades muito especiais, que o difere dos demais seres vivos: espírito, inteligência e o livre-arbítrio. Um espírito que permite uma ligação com o Criador; uma inteligência que possibilita a execução das atividades diárias; um livre-arbítrio que lhe proporciona escolhas que lhe permitirão tanto o mergulho no vício a quanto a lapidação da Pedra Bruta. Mas a centelha do GADU habita em cada ser humano. É necessário apenas um mergulho dentro de si, para descortinar um horizonte harmonioso e belo.

As Definições

Entende-se por virtude a força moral, a prática do bem, a probidade, a retidão. São todos os hábitos constantes que levam o homem ao caminho do bem. A virtude, pois, é uma disposição habitual e firme para fazer o bem; é um hábito operativo bom. Assim, supõe-se no sujeito uma disposição consciente e eleita de praticar o bem.

Em sentido diametralmente oposto, o vício constitui-se em um hábito operativo mau. Uma imperfeição grave; um defeito. Uma disposição habitual para certo mal. Ação indecorosa, libertina. Indubitavelmente, o vício pressupõe um estado de espírito imerso na escuridão, sem perspectivas, decadente, sem vontade de evoluir, de progredir.


Os Vícios

Os vícios decorrem da prática contumaz de hábitos ruins, os quais contrapõem-se a condutas positivas, construtivas e, por conseguinte, saudáveis.


Nas lições de Platão, somente o bem é real; o mal é ilusório, sendo apenas a ausência do bem. Dessa forma, conforme entendimento platônico, o vício não tem vida própria; ele decorre da ausência da virtude. Segundo ele, a conduta humana deve ser pautada pela moderação. A falta ou o excesso devem ser evitados. Um sentimento ou uma conduta, sendo deficiente ou excessiva, torna-se um vício. Nessa perspectiva, os vícios são os extremos opostos cujo meio termo é a virtude. Já para Spinoza, o vício é a submissão às paixões. É deixar-se governar pelas causas externas. Não é mal, mas apenas fraqueza.

Os vícios (aqui igualados aos pecados) capitais são considerados a origem de todos os outros vícios. São eles a soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça.

A soberba caracteriza-se pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, levando a manifestações ostensivas de arrogância. A soberba não é privilégio dos mais abastados ou privilegiados em qualquer aspecto. Os pobres também podem experimentar a soberba ao se considerarem especiais e buscando fingir serem o que não são. Um (tristemente conhecido) vício dele decorrente é a vaidade, tão maléfica à nossa instituição.

O pecado da avareza está ligado a uma desordenada ambição por bens materiais e dinheiro. Para o avarento, os bens materiais são mais importantes que a aceitação do próprio Deus. O indivíduo passa a idolatrar esses bens materiais invertendo a prevalência do espírito sobre a matéria. Isso leva a uma busca infindável por coisas efêmeras e insatisfatórias por natureza.

A luxúria consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes, sexualidade extrema, lascívia e sensualidade. Esse pecado capital serve de porta de entrada para outras mazelas sociais: prostituição, aborto, pedofilia, dentre outros. É uma forma de rendição aos desejos e prazeres, neste sentido se ligando à gula.

O sentimento de raiva, ódio e rancor que, por vezes, povoa a mente e o espírito do homem, e se manifesta de forma repentina e descontrolada, denomina-se ira. A ira provoca na pessoa um desejo incontrolável de destruição do objeto provocador daquele estado de espírito. Esse pecado capital não atenta apenas contra os outros, mas pode voltar-se contra aquele que deixa o ódio plantar sementes em seu coração.

O pecado da gula decorre de um sentimento de frustração e ansiedade. Assim, o ser humano vê-se imerso em suas angústias e passa a desejar sempre mais do que já tem e precisa. Tal pecado reflete-se, principalmente, nos hábitos alimentares do homem, na medida em que aumenta excessivamente o consumo de alimentos além de suas reais necessidades, com os conhecidos malefícios à saude do corpo e da alma. 

A inveja é considerada pecado porque uma pessoa invejosa ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa no lugar do próprio crescimento espiritual. É o desejo exagerado por posses, status, habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue. O invejoso ignora tudo o que é e possui, para cobiçar o que é do próximo, muitas vezes de maneira destrutiva.

A preguiça, como um dos sete pecados capitais, caracteriza a pessoa que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva à inatividade acentuada. Se conecta com um desejo de ter muito sem nada dar em troca, como se o agente fosse especial e mais merecedor de bençãos que seus irmãos.


Virtudes

O aperfeiçoamento moral do homem demanda a existencia de liberdade. Um homem livre de

preconceitos, de crenças e disposto a abrir-se aos ensinamentos e orientações que o direcionem para a prática do bem, da tolerância e da correção de atitudes. Nesse contexto, a busca pela prática das virtudes é essencial ao caminhar do homem que almeja viver em um mundo melhor.

Desde a antiguidade, as virtudes foram classificadas em Cardeais e Teologais como ilustram os degraus que levam ao Oriente e ao Trono de Salomão. As virtudes Cardeais são adquiridas pelo esforço; as Teologais como um Dom de Deus.

As virtudes cardeais são aquelas virtudes essenciais na qual todas as outras decorrem. São subdivididas em quatro: justiça, prudência, fortaleza e temperança.

A Justiça consiste na atribuição, na equidade, no considerar e respeitar o direito e valor que são devidos a alguém, ou a alguma coisa. O homem de bem deve ser exemplo vivo da justiça, procurando assim mexer com o íntimo das pessoas. Ele também deve ir de encontro às injustiças, não se calando nunca, sendo a voz viva da consciência daqueles que antes dele lutaram pelos mesmos ideais. Mas para isso tudo, o homem de bem deve essencialmente fazer justiça consigo mesmo. Deve se analisar, autoavaliar-se e aprender a se controlar. Deve ser justo com seu corpo, com sua mente, com seu coração, com sua família, com seu lar, amigos e sociedade.

A Prudência é aquela virtude que permite ao entendimento reflexionar sobre os meios conducentes a um fim racional. Dá a conhecer o Bem e o Mal; desenvolve as noções (relativas) de certo e errado, ensinando a escolher um e evitar e desmascarar o outro. É a personificação da inteligência e da razão. Ajuda o homem de bem a escolher o momento certo de agir e a melhor forma de fazê-lo.

A Fortaleza é a personificação da coragem e da disciplina. Coragem de ir contra aquilo que é injusto, mesmo que seja criticado por isso. Coragem de encarar a si próprio e assumir seus erros e culpas. Coragem de ser bom e humilde. Coragem de reconhecer a força do oponente e com ele aprender. É disciplina porque a disciplina liberta. O ser que disciplina sua mente e seu corpo dá um grande passo no caminho da Luz, pois não se sente mais preso aos valores e padrões sociais. É disciplinado o suficiente para não recorrer em erros “coletivos” e tem coragem de renunciar e ir de encontro àquilo que fere os seus princípios. Por essas razões a Fortaleza, ou Força, é a principal virtude na luta contra os sete vícios ou pecados capitais.

A Temperança é a personificação da moderação e do comedimento. Dá o equilíbrio a ação, ajudando o homem de bem a não exagerar nem fraquejar em suas posturas. Também ajuda o homem de bem a esperar o momento certo de agir.

Na mesma esteira de raciocínio, as virtudes teologais são produtos de um hábito, pois o homem não as adquire através de seu próprio esforço. Subdividem-se em três: a fé, a esperança e a caridade.


A Fé desenvolve a visão espiritual, pois “pela fé o homem vê espiritualmente Deus e as suas obras, crendo nas coisas invisíveis”. A fé do homem virtuoso não deve ser uma fé cega, baseada naquilo que lhe dizem. O homem virtuoso apoia sua fé em seus estudos e em suas experiências próprias, tendo assim não apenas uma fé, mas uma ciência da existência de uma força criadora.

A Esperança: Dá ao homem virtuoso a confiança necessária para enfrentar as provas duras da batalha. Dá a força misteriosa que transformava os verdadeiros homens virtuosos em homens inigualáveis de coração puro e mente sã, sempre enfrentando as situações com bom coração e sua esperança não é a vitória, porque esta se torna certa, mas sim a esperança de, desta forma, estar honrando seus pais, mestres, ancestrais e Deus.

A Caridade: O homem virtuoso, sem caridade, é cruel e trai os seus princípios e regras. A caridade sincera é, ao lado da partilha, a maior personificação do Amor. É a mãe de todas as virtudes como dizem os antigos, e diziam-no com razão: é a raiz de todas as virtudes, porque ela é a bondade suprema para consigo mesmo, para com os outros, para com o Ser Infinito.

Nesse contexto, é lídimo concluir parcialmente que a aquisição de firmeza de caráter é decorrente da prática reiterada de hábitos bons, ou seja, as virtudes. Esses hábitos permitirão ao homem livre e de bons costumes aprimorar-se moral e espiritualmente, pela busca incessante da felicidade geral e a paz universal, conduzindo-o, paulatinamente, das trevas à luz.


O caminhar para a luz

Como vimos, Platão nos diz que os vícios não existem, são só a ausência das virtudes. Então, como combater os vícios e os maus hábitos sem atacá-los diretamente? Como combater o "nada"?


No livro “O poder do hábito”, Charles Dunhigg nos orienta que o ciclo básico do hábito funciona da seguinte forma: há uma deixa, um gatilho, uma situação ou fato que desencadeia a ação. Aí se segue uma rotina, uma sequência de ações que são o (mau) hábito em si. Por fim, há sempre uma recompensa, algo que dá satisfação ao indivíduo e que justifica a aderência a estas rotinas perniciosas.

Assim um primeiro passo é meditar e identificar estes “gatilhos” no seu ciclo individual; remontando ao “nosce te Ipsun” (conhece a ti mesmo). Esta fase é dolorida e demanda autoconhecimento e principalmente humildade para reconhecer o que realmente nos move (e que muitas vezes não é nada nobre).

Estudos científicos mostram-nos que identificar os gatilhos e trabalhar sobre eles  facilita muito a efetiva mudança de comportamento, uma vez que evita o ciclo do vício antes de seu efetivo início.  Esta "pequena" mudança evita ter de resistir ao vício "pela força", o que geralmente levaria à ansiedade e reincidência. Notem que com isso a ciência comprovou a aplicação do princípio filosófico que citamos; ratificando que substituir o vício pela virtude é mais fácil que apenas combater o vício diretamente.

O sublime caminhar do vício para a virtude começa pela busca incessante da Verdade, por meio do combate à ignorância, vencendo as paixões, submetendo as vontades e consequentemente promovendo novos progressos para a humanidade.

A romã, um dos maiores símbolos maçônicos, deve ser visto como alusão ao caminhar do homem e, principalmente do maçom. A casca da raiz da romãzeira é tóxica, enterrada nas profundezas escuras da terra sem acesso à luz. 

Esta metáfora exemplifica a vida em um mundo essencialmente mau, repleto de vícios, cuja prática é simples e mais fácil do que o caminhar na virtude. Contudo, assim como qualquer árvore, a romã não sobreviverá se ficar apenas com sua raiz enterrada no solo, se nunca sair em busca da luz. Ela precisa, nesta busca, germinar, crescer e, assim, romper a camada de terra e atingir o mundo exterior passando a alimentar-se, desenvolver-se, até que enfim torna-se uma árvore frutífera e frondosa.



Conclusão

Os vícios e as virtudes são parte de nossa batalha diária para nos tornarmos um ser humano livre e de bons costumes. Esta disputa é intrínseca à condição humana e representada em várias formas de iconografia.

Desde sua criação o homem busca respostas de sua existência. No entanto, na maioria das vezes não percebe que as respostas às suas indagações estão muito próximas, dentro de si. O caminho para longe dos vícios passa pelo autoconhecimento e pela busca consciente e consistente de melhora pessoal.

Caso opte pelo caminho do vício, será um agente da desagregação social, do desrespeito à estrutura familiar, da falta de patriotismo e da banalização da violência. Por outro lado, sendo comedido em suas ações, estará cavando masmorras ao vício e levantando templos à virtude, como faz a romãzeira.

O caminho das trevas para a luz, depende, do empenho do indivíduo em reconectar-se com seu Criador. Todavia não é uma mudança que possa acontecer abruptamente, é um processo. A caminhada para a luz, assim como o desbastar da pedra, tem que ser paulatino, não apenas para haver a adaptação e consolidação das mudanças, mas também para evitarem-se erros por afobação.

O templo simbólico é construído dia a dia nos corações dos verdadeiros homens de bem, para servir de moradia ao GADU e de onde devem ser expulsas as paixões, as intransigências, os vícios e as mesquinharias. Roguemos, pois, ao GADU para que fortaleça a nossa razão para controlarmos nossa liberdade, a fim de que nossas paixões sejam vencidas e nossas vontades submetidas. Somente assim estaremos efetivamente desbastando e esquadrejando a pedra bruta.


Nota final:

O presente artigo foi feito ampliando e adaptando um trabalho original de um irmão de nome Vaz. Faz muito tempo que não o encontro  pois a vida e o GADU nos levaram em direções diferentes. Fica aqui minha gratidão por sua sabedoria, e o crédito pela sua contribuição original para este post. TFA!






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